terça-feira, 10 de junho de 2008

Biografia, ficcionada, de Amália no grande écran


O filme Amália, a biografia ficcionada sobre Amália Rodrigues que começou hoje a ser rodada em Lisboa, irá revelar uma «figura contagiante, entre o lado luminoso e a atracção pelas sombras» que emocionará os espectadores, descreveu o produtor, Manuel da Fonseca.
Foi assim que o produtor Manuel da Fonseca e o autor da história, Pedro Marta Santos, apresentaram hoje na Estufa Fria, em Lisboa, a primeira biografia ficcionada sobre a diva do fado, na altura em que o realizador Carlos Coelho da Silva fazia as primeiras filmagens no mesmo local.
«Não é um filme sensacionalista. O nosso projecto é de qualidade e referência, destina-se a todo o público e pretende reforçar o mito, a figura mítica que a Amália representa», disse o produtor Manuel da Fonseca, da Valentim de Carvalho Filmes, em conferência de Imprensa.
A actriz Sandra Barata Belo encarnará a figura de Amália Rodrigues, no topo de um elenco de 45 actores, entre os quais Carla Chambel, no papel de Celeste Rodrigues, Leonor Seixas, Betinha, outra das irmãs de Amália, e António Pedro Cerdeira, como o banqueiro Ricardo Espírito Santo.
Ana Padrão (mãe de Amália), Ricardo Carriço (César Seabra, o último marido de Amália), João Didelet (José Carlos Ary dos Santos), Ricardo Pereira e Susana Mendes são outros nomes do elenco.
Ontem na Estufa Fria filmou-se o momento em que Amália conhece Ricardo Espírito Santo, uma cena de pouco mais de um minuto, mas que se estendeu durante toda a manhã e início da tarde.
A rodagem prossegue nos próximos dois meses em Portugal, sobretudo em Lisboa, e com parte das gravações a decorrerem em estúdio, onde serão recriados, por exemplo, o Olympia, em Paris, cenas no Brasil, Nova Iorque ou no Japão.

O filme pretende mostrar «a Amália de todos os portugueses, com um universo interior complicado», uma pessoa «com uma relação intensa com o abismo, com a morte, o lado sombrio, mas também com uma enorme energia e capacidade de contagiar as pessoas com a sua alegria», explicou o autor da história, Pedro Marta Santos.
Por ser um "biopic", uma biografia ficcionada, o filme decorrerá entre 1954 e 1984, período em que a fadista pisou o maior número de palcos internacionais e altura em que terá tentado suicidar-se.
«Usamos liberdades temporais e sendo uma construção dramatúrgica, interpretamos a vida da Amália, respeitando todo o seu caminho», disse Pedro Marta Santos, que recorreu a dezenas de entrevistas, gravações, filmes, recortes de imprensa e depoimentos de cerca de 20 pessoas, incluindo a família da fadista.
Apresentado como Amália, a voz do povo, o filme tem um orçamento de cerca de três milhões de euros, estreará nos cinemas por altura do Natal e deverá ser exibido em Outubro de 2009 pela RTP, em formato de minisérie com quatro telefimes, por ocasião dos dez anos da morte da fadista.
Sendo Amália uma figura internacional, o filme será vendido para outros países, sobretudo naqueles onde houver uma forte comunidade portuguesa.
«É um filme para encantar e não para chocar», sublinhou Manuel da Fonseca, esperando que a longa-metragem «cause emoções primárias e provoque algumas lágrimas» entre os espectadores.

Manuel da Fonseca rejeita assim qualquer sombra de sensacionalismo em torno do filme, apesar do realizador Carlos Coelho da Silva ter no seu currículo O Crime do Padre Amaro, protagonizado por Soraia Chaves e que é hoje o filme português mais visto de sempre.
Recordando os exemplos recentes dos filmes sobre Edith Piaf e Bob Dylan, Manuel da Fonseca sublinhou que Amália será «um verdadeiro melodrama».
«Um drama em música que eu gostava que os portugueses apreciassem», acrescentou. A música será a nota dominante do filme, com a inclusão de 22 factos remasterizados de Amália Rodrigues.

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