terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ironia e muita musica em Diabolus In Musica no CCB

“E o que diriam se durante um concerto de música clássica se ouvisse flamenco, cancan e o hino do Benfica?” (Paula Lobo, “DN artes”, 18/10/2002)

DIABOLUS IN MUSICA

Banda Osíris e Orquestra Académica Metropolitana

Dias 12, 13, 15, 16 e 17 de Dezembro 2007

Grande Auditório do CCB

Dias 12,13,15 e 17: 21H | Dia 16: 16H00

Duração: 1H30 s/intervalo

M/6 anos

DIABOLUS IN MUSICA é um espectáculo que, com muita ironia e uma boa dose de dessacralização, põe em causa os estereótipos da música clássica.

A orquestra faz acordes, o público instala-se. O maestro faz a sua entrada na sala e o silêncio torna-se prelúdio de um sonho. Irrompem harmoniosamente as primeiras notas, mas logo depois surgem quatro solistas desconjuntados que levam os restantes músicos à beira de uma folia musical.

A Banda Osíris, considerada a expressão máxima da comicidade no teatro musical italiano, junta-se à extraordinária soprano Francine Romain e à Orquestra Académica Metropolitana, dirigida pelo maestro Jean-Marc Burfin, para apresentar um espectáculo muito divertido e que irá agitar as ideias feitas sobre a música clássica. É a Banda Osíris que contagia e se multiplica: inicia a sua ópera e dificilmente consegue terminá-la. Entre violas e violinos, contrabaixos e badalos, tuba baixo e trombones enlouquecidos, dará vida a noventa minutos de irreverência anárquica, onde os sons e os rumores se misturam com imagens de desenhos animados e onde, entre fugas musicais e fugas de músicos, se poderão ouvir execuções exemplares de algumas das mais belas páginas da história da música.

Ouvem-se os grandes clássicos: de Vivaldi a Mozart, de Bizet a Strauss, de Bach a Offenbach, de Rossini a Led Zeppelin.

PROGRAMA:

BANDA OSÍRIS – Suite n.º 1

Excertos de canções infantis, música clássica, melodias orientais, passagens de bandas sonoras, rock e muito mais neste fantástico início.

G. CARLONE/F. GURIAN – Homenagem a Strauss
Trecho original que joga com alguns dos elementos típicos (o galopar, os crescendos, as batidas dos timbales, etc.) da música de Johann Strauss.

A. VIVALDI – As 4 estações

As célebres estações vivaldianas tornam-se uma via para outras composições sobre o tema. Deste modo, a alegria da Primavera pode ser caracterizada através da música de Carlos Santana (Oye como va) ou com o tema da Família Adams; o tórrido calor do Verão pode-se alargar a Summertime de Gershwin ou num trecho com o espírito do Médio Oriente; quanto ao Outono traz consigo as Folhas Mortas de Prevert/Kosma; e o Inverno encerra esta suite com um doce canto de Natal.

G. BIZET – Carmen (Ouverture)

Um clássico da ópera torna-se pretexto para uma divagação sobre o folclore espanhol.

J. S. BACH – Ária sobre a IV corda

P. I. CIAJKOVSKJI – O lago dos cisnes
Excerto de um dos mais celebres bailados do século XX, apresentado com uma coreografia original.

W. A. MOZART – Opera omnia
Será possível executar as páginas mais famosas de Amadeus Mozart em poucos minutos? A Banda Osíris aventura-se com esta compilação.

LED ZEPPELIN – Stairway to heaven
Uma nova leitura em versão sinfónica do célebre trecho dos Led Zeppelin, de onde faz parte a música retirada de filmes célebres como Star Trek e Star Wars, torna-se a banda sonora de uma história que propõe a eterna luta entre o Bem e o Mal.

G. ROSSINI/ W. A. MOZART/ Offenbach/ …– Finale

Trecho para um ou mais maestros onde se cruzam temas famosos como Guilherme Tell de Rossini, ou Rondó alla turca de Mozart e o Can-Can de Offenbach, aos quais se juntam muitos outros no desenrolar do concerto, mas que não vamos dizer para não estragar a surpresa.

Possíveis encores:

J. STRAUSS – Radetzky March
O clássico dos clássicos do concerto vienense de Passagem do Ano, numa versão ainda mais louca e arrebatadora pelo facto de envolver o público presente na sala.

W. A. MOZART – Là ci darem la mano
Uma hilariante versão do célebre dueto de Don Giovanni de Mozart com um final inesperado.

BEN E. KING – Stand by me

Um clássico dos anos sessenta numa versão latina.

FRANCINE ROMAIN – soprano

Iniciou a sua formação vocal com Thérèse Stenne. Prosseguiu os seus estudos frequentando as masterclasses de Schuyler Hamilton e Udo Reinemann, em França, e posteriormente no Conservatório de Utreque (Holanda).

Descobriu a música barroca com William Christie, no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris.

Para alargar o seu repertório, aborda árias de ópera com Christa Ludwig, Sena Jurinac e Gundula Janowitz. A sua tessitura de quase três oitavas permite-lhe interpretar papéis tão diferentes como La Comtesse em As Bodas de Fígaro, Metella em La Vie Parisienne, e La Cantatrice Jazzy em A Drum’s A Woman para a qual foi escolhida por Claude Bolling e Jérôme Savary (Théâtre National De Chaillot). Foi convidada a participar em numerosos festivais para interpretar o repertório da oratória (La Chaise-Dieu, Wissembourg, Festival D’Art Sacré de Paris…).

O recital a que se dedicou particularmente, com o pianista Nicolas Fehrenbach, permitiu-lhe um encontro privilegiado com o público. Atraída por novas experiências, participou em Eau-Forte de Valérie Joly (Teatro Musical) e na música ao vivo (canto lírico, afro-cubano e jazz), espectáculo coreográfico D’ une rive à L’autre (Companhia Azanie). Interpretou Alexandre Nevsky aquando a projecção do filme de Eisenstein. Co-escreveu e interpretou, desde 2003, Traces, criação de circo contemporâneo da Companhia Ezec Le Floc’h.

Desde 2005 interpreta o papel de Bédélia em Toi c’est Moi, uma nova criação da Companhia Les Brigands, nomeada para o Prémio Molière 2006.

JEAN-MARC BURFIN – direcção

Após ter feito os seus estudos nos conservatórios de Nancy, Metz, Estrasburgo e Reims, Jean-Marc Burfin entrou em 1983 para o Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, onde obteve em Junho de 1987, por unanimidade do júri, o primeiro prémio de Direcção de Orquestra na classe de Jean-Sébastian Béreau.

Durante as masterclasses que frequentou, foi encorajado pelos seus mestres Franco Ferrara, Charles Bruck, Pierre Boulez e Vitaly Kataev. Diplomado pela Academia de Verão do Mozarteum, em Salzburgo, foi convidado para dirigir a Orquestra do MIT de Bóston, em 1984, ao lado de Lorin Maazel.

Na sequência de um seminário internacional em Fontainebleau é referenciado por Leonard Bernstein e em Julho de 1987 recebe um convite para dirigir a Orquestra de Paris.

Entre 1990-1991 recebe uma bolsa franco-soviética para aperfeiçoamento dos seus conhecimentos do repertório russo com Alexandre Dmitriev, no Conservatório Rimski-Korsakov de São Petersburgo.

Em 1991 foi finalista laureado no Concurso Internacional de Jovens Directores de Orquestra de Besançon, tendo recebido um prémio especial do director Valdimir Fedosseiev, da Orquestra da Radiotelevisão de Moscovo. Jean-Marc Burfin dirigiu diversas orquestras em França e outros países (Colonne, Lamoureux, Pays de la Loire, Poitou-Charentes, Picardie, Potsdam Phillarmonie, Würtembergische Phillarmonie, Sinfónica de Oviedo, entre outras). Foi director artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa durante a temporada de 2003 -2004.

Gravou um CD na Editora Naxos, consagrado à obra de Vincent d’Indy.

Pedagogo reconhecido é um dos raros maestros em actividade a ensinar direcção de orquestra.

Actualmente é professor na Academia Nacional Superior de Orquestra de Lisboa e Maestro Titular da Orquestra Académica Metropolitana.

ORQUESTRA ACADÉMICA METROPOLITANA

A OAM estreou-se em 1993 na sequência da criação da Academia Nacional Superior de Orquestra, instituição única no país destinada a formar músicos profissionais nas áreas de Instrumento e Direcção de Orquestra.

O ensino aqui ministrado é composto de um acompanhamento individual especializado, da prática de música de câmara e de uma vasta componente teórica, sendo a orquestra o eixo central da formação destes jovens músicos.

Entre 1994 e 2000, a ANSO foi orientada pedagogicamente pelo Professor João Pinheiro, a quem hoje se deve grande parte do sucesso e reconhecimento que a escola tem.

Desde o seu início, a OAM é orientada por Jean-Marc Burfin que é, simultaneamente, o seu maestro titular e director artístico.

Constituída inicialmente por menos de trinta elementos, a OAM é hoje uma formação sinfónica com cerca de cem músicos. Com uma temporada que se estende ao longo do ano lectivo, a OAM mantém uma actividade regular de ensaios e concertos, apresentando-se não só na Área Metropolitana de Lisboa, como noutras localidades do país. Com mais de 250 concertos realizados, abarcando um repertório que vai do Barroco à música do século XX, a OAM tem executado obras de compositores tão significativos como Bach, Haydn, Mozart, Beethoven, Brahms, Schubert, Mendelssohn, Mahler, Ravel, Debussy, Milhaud, Bartók, Hindemith, Stravinsky e Varèse, entre outros.

Para além do maestro titular, a OAM é habitualmente dirigida pelos alunos do Curso Superior de Direcção de Orquestra. Muitos dos concertos contam com a presença de maestros convidados, tais como Jean-Sébastien Béreau, Pascal Rophé, Robert Delcroix e Brian Schembri. Os alunos da academia têm frequentemente oportunidade de tocar a solo com a orquestra.

A OAM tem o privilégio de já ter tocado com diversos solistas de grande notoriedade, como António Rosado, Gerardo Ribeiro, Paulo Gaio Lima, Liliane Bizineche, Francine Romain, Miguel Borges Coelho, Artur Pizarro, François Leleux e, num concerto humorístico, com o quarteto italiano Banda Osiris.

Em Setembro de 2001 a OAM participou no Porto 2001 Capital da Cultura num encontro internacional de orquestras de jovens onde tocou o War Requiem de Britten.

Em Setembro de 2002 apresentou-se em São Miguel, Açores, e, em Julho de 2004, no Festival MusicAtlântico que teve lugar nas ilhas de São Miguel e Terceira. Participou, ainda, nas edições 2002, 2004, 2005 e 2006 da Festa da Música, no CCB. Por sua vez, este ano de 2007 tem sido particularmente importante para a OAM pois, para além da sua programação regular, apresentou-se com grande sucesso em Abril nos Dias da Música do CCB, em Maio em Saragoça, no âmbito do Festival Internacional de Orquestras Universitárias, e em Outubro no Théatre de La Monnaie, em Bruxelas, a convite do Parlamento Europeu.

BANDA OSIRIS

Sandro Berti – bandolim, guitarra, violino, trombone

Gianluigi Carlone – voz, saxofone, flauta

Roberto Carlone – trombone, baixo, teclado

Giancarlo Macrì percussões, bateria, tuba baixo

A Banda Osiris foi fundada em 1980 em Vercelli. Nos primeiros anos de actividade dedica-se particularmente aos espectáculos de rua. A originalidade da sua proposta reúne música, teatro e comédia, desde logo recebida com enorme sucesso. Da rua ao teatro vai um pequeno passo, e assim nasceram diversos espectáculos: da Storia della Musica vol. 1 e 2 (dirigida por Gabriele Salvatores) às Quatro Estações de Vivaldi (dirigida por Gabriele Vacis), da Sinfonia Fantastica (dirigida por Maurizio Nichetti) a Roll Over Beethoven com o Quarteto Euphoria, e Guarda che Luna com Enrico Rava, Gianmaria Testa e Stefano Bollani, este último co-protagonista do recente Primo Piano. O último espectáculo realizado para comemorar os 25 anos de actividade da Banda intitulou-se Banda.25.

Além de ter participado em diversos programas de televisão em Itália e no estrangeiro (Pista!, DOC, Fantastico...), o grupo escreveu, dirigiu e realizou para RAI 3 – terceiro canal do Estado – um espectáculo especial de Natal Musica coi fiocchi (1995) e o divertido Concerto di Capodanno 2005 com a Orquestra do Conservatório de Génova. Nas últimas temporadas participou na série televisiva dominical de Serena Dandini Parla con me, como realizador e na execução de uma irreverente banda sonora ao vivo. A relação com os três canais da RAI, onde a banda trabalhou no duplo papel de autor e direcção em diferentes transmissões, alcançou também grande êxito. Participou ainda como compositor de canções para transmissões televisivas como Caterpillar, Catersport, Sumo, entre outras. Escreveu e realizou também bandas sonoras para teatro, documentários e cinema (Anche libero va bene de Kim Rossi Stuart, L’imbalsamatore e Primo amore de Matteo Garrone que obtiveram os prémios l’Orso d’argento no Festival de Berlim e o David de Donatello em 2004).

A versatilidade da banda está bem patente no livro L’Opera da Tre Sol, e na montagem de uma divertida exibição (banda.25) sobre música, um projecto que mostra a busca contínua sobre novos e fantásticos mundos sonoros.

FICHA ARTÍSTICA

Direcção da Orquestra Académica Metropolitana: Jean-Marc Burfin

Participação especial de: Francine Romain (soprano)

Banda Osiris

Giancarlo Macrì (Prof. Macrì) – percussões, tuba baixo

Gianluigi Carlone (Prof. Carlone Jr.) – saxofone soprano, flauta, voz

Roberto Carlone (Prof. Carlone) – baixo, trombone, teclado

Sandro Berti (Prof. Berti) – guitarra, trombone

Arranjos e orquestração: Fabio Gurian