terça-feira, 9 de outubro de 2007

Trilogia dos Dragões no Centro Cultural de Belém



LA TRILOGIE DES DRAGONS

(A TRILOGIA DOS DRAGÕES)

ROBERT LEPAGE EX MACHINE



DIAS 12, 13, 14, 16 E 17 DE OUTUBRO

DIAS 12, 16 E 17: 18H30 DIAS 13 E 14 ÀS 16H

PALCO DO GRANDE AUDITÓRIO DO CCB




Legendado em português
Duração aproximada: 6 horas com 3 intervalos
Co-apresentação: CCB Robert Lepage ExMachina


A Trilogia dos Dragões fala de uma China imaginária, que se desenhava na cabeça de duas meninas dos anos trinta educadas no ambiente misterioso do bairro chinês do Quebeque, hoje desaparecido. Uma das raparigas, a única personagem que terá contacto com todas as partes da peça, iniciava o espectáculo com algumas palavras que anunciavam, em simultâneo os limites e o interesse do projecto: “Nunca fui à China…”

No início, não havia nada, ou quase nada. Seis actores, o encenador que os escolheu, com dois cenógrafos e um produtor, e que procuram a rota do Oriente. Um terreno vazio que se tornou num parque de estacionamento, onde a imaginação e a memória se deveriam aprofundar.
No início, havia três bairros chineses: o de Quebeque, nos anos trinta, que iria servir de pano de fundo ao dragão verde, primaveril, aquático; o de Toronto, próspero nos anos cinquenta, decoração do dragão vermelho, de terra e de fogo; o de Vancôver, dos anos oitenta, florescente, onde se estende o dragão branco, outonal e aéreo.
Existia a China imaginária, do mito e do comércio, Tintim e o lótus azul, Tao, Yi King, mah jong, tai chi, lavandarias e comida chinesa, yin, yang, riquexó, chin chin e made em Hong Kong. Havia a história da tia Marie-Paule casada com um chinês, a mãe nos CWAC (Canadian Women’s Army Corps), o guarda do parque de estacionamento e a sua cabana, e uma bola de vidro que tocava uma música japonesa.
No início, havia Françoise e Jeanne. Têm doze anos, e são inseparáveis. Brincam na loja com caixas de sapatos, recriando a Rua St-Joseph e as suas lojas. Havia Lépine o gato-pingado… Havia a barbearia do pai de Jeanne, onde ela cruza olhares com Bédard, cujos cabelos ruivos a fascinam… Havia a lavandaria do velho Wong, onde chegou, numa noite fresca, William S. Crawford, vindo de Inglaterra na esperança de instalar o seu negócio no Quebeque…
Talvez se descubra nesta peça uma nova resposta para a pergunta feita tantas vezes, entre o fumo do ópio, o tai chi e os cânticos maoístas:
Então, com que é que sonha o chinês da lavandaria do bairro chinês de Saint-Roche?
A Trilogia dos Dragões, Grande Prémio do Festival de Teatro das Américas em 1987, já foi apresentada em mais de quarenta cidades da América do Norte, Europa e Oceânia, de 1985 a 1992.

LA TRILOGIE DES DRAGONS (A TRILOGIA DOS DRAGÕES)


Apresentada na sua versão integral de seis horas, no circuito do Festival de Teatro das Américas de 1987, no hangar número 9 de Vieux Port de Montreal, A Trilogia dos Dragões suscita um momento raro de deslumbramento. Este espectáculo já deu a volta ao mundo e projectou o criador e encenador Robert Lepage para os grandes palcos mundiais.
O regresso de Lepage ao antigo jardim Zen da sua peça seminal, sugere a sua forma peculiar de conceber uma peça sobre a memória e a transmissão, um momento para nos dar prazer. Remexe, então, as pedras, para que a magia que se desprende da folhagem, com o perfume do Oriente e do Ocidente, irrompa arrebatadamente.
Assistido por uma nova equipa de actores e de designers, Lepage reconstitui os cenários, dando-lhes a forma de uma antiga oficina de caminhos-de-ferro. Num enorme rectângulo de areia e cascalho, situado num parque de estacionamento no meio do nada e apenas iluminado pela claridade nocturna, Jeanne e Françoise reencarnam os personagens principais desta saga, em torno da qual gravitam figuras inesquecíveis: Crawford, Lee Wong, Bédard, Morin, Stella, Irmã Marie-de-la-Grâce, Yukali, Pierre, entre muitas outras.

UMA VALSA NUM BERÇO

Esta fabulosa saga tem a estrutura de uma valsa a três tempos, assinalando a Primavera, o Outono e o Inverno. No primeiro tempo, uma valsa de inocência, de premonições e de destinos em declínio. No segundo tempo, uma valsa de guerra, de viagens e de progresso. No terceiro tempo, uma valsa de morte e de renascimento. Esta longa dança migratória viaja entre a Ásia e o Ocidente até às portas do Oriente, levando-nos através de três bairros chineses: Quebeque, Toronto e Vancôver, passando por Hong Kong, Inglaterra, Tóquio, Hiroxima, a China de Mao, e perseguindo a trajectória do cometa de Halley os percursos de vida projectados na História universal, entre 1910 e 1985.

Movidos por um fluxo de energia vital, os personagens revelam a sua vida através dos sulcos cavados por uma trama imaginária mal explorada, ligadas ao refluxo do Ocidente. O Oriente. Na abertura da peça, três vozes na sombra, com sonoridades familiares e desconhecidas, vozes de mulheres e de homens articuladas, convidam-nos a embarcar numa viagem: “Nunca fui à China. Quando era pequeno, havia casas aqui. Aqui era o bairro chinês. Se esgravatares o chão com as unhas encontrarás água e óleo de motor. Se escavares mais fundo, é provável que encontres pedaços de porcelana e de jade e as fundações das famílias chinesas que ali viveram. Se escavares ainda mais fundo, chegarás à China.”

A MAGIA DO IMPALPÁVEL

No palco de A Trilogia dos Dragões, o movimento é cíclico, marcado por uma dinâmica ternária, quebrando a lógica da oposição binária entre o mito e a realidade, o corpo e o espírito, a intuição e a razão, a interioridade e a exterioridade, o sublime e o trivial, o trágico e o cómico. A obra materializa-se através de impulsos, de sensações sugestivas, de condensações temáticas e metafóricas. A dança, o gesto, a palavra, os objectos e a acção formam um corpus, estimulam esta conspiração poética de falas, de linguagens, de códigos, de referências e de citações, de respirações íntimas daqueles seres que habitam, vivem e morrem nos corpos dos actores. O que nos é dado a ver são cenas representadas simultaneamente no espaço-tempo de uma canção, abraçando o Quebeque, Toronto, Tóquio e uma base militar na Inglaterra; sequências montadas em contraponto dentro de uma narrativa que é comentada; partituras dançadas, reunindo a acção através de movimentos de
tai chi e passos de tango; metáforas inseridas na trama anedótica; rupturas de tons e de ritmos que relançam o movimento nas suas oscilações entre o humor e a seriedade, a emoção e a contenção.

TRÊS DRAGÕES NUM RECTÂNGULO DE AREIA

Vários exemplos para descrever a forma harmoniosa da escrita, o seu tecido orgânico, urdido e bordado com múltiplos elementos: caixas de sapatos, sapatos, patins, panos, fósforos, uma bicicleta, uma cadeira rolante, um riquexó, lâmpadas eléctricas, pincéis, telas e uma bola de vidro; fatos e perucas.
Personagens e actores que recriam o mundo num rectângulo de areia organizado pela luz, pela música, por coreografias, por imagens projectadas num ecrã de publicidade.

Robert Lepage põe em cena o teatro do duplo[1], projectando a sua saga de vida, de morte e de transformação incessante, através de um foco de luz que transporta os personagens e os espectadores para uma China imaginária. O que os espectadores trazem consigo, o que um colectivo de actores, lançados em 1985, numa operação de pesquisa arqueológica e imaginária, é esvaziado num parque de estacionamento do bairro Saint Roch do Quebeque, local outrora ocupado por uma comunidade chinesa.
Cada detalhe de A Trilogia dos Dragões contém todo o espectáculo, reproduzindo o princípio do holograma. Os setenta e cinco anos de vida e as dezenas de vidas que se sucedem ao longo de três gerações depositar-se-ão numa galeria de arte em Vancôver. O terceiro e último movimento da valsa dos dragões acompanha duas jovens artistas, filhas da terceira geração de migrantes e de mestiçagem, numa reflexão sobre a arte e a criação, numa luta constante entre o impulso de vida e a morte, entre a interioridade e a exterioridade, entre a vontade e a alma, entre o visível e o invisível.
Neste teatro-instalação onde os personagens da saga vêm morrer, vê-se o Oriente e o Ocidente a reflectir-se no mar do Pacífico, aldeões chineses a celebrar o ano do dragão, Pierre e Yukali a fazer amor num jardim Zen, guardado por três dragões que repousam num leito de estrelas. Ao mesmo tempo, um piloto da Air France mergulha na noite entre Vancôver e o Japão, a cabeça de Stella fere o metal, Françoise enterra uma bola de vidro, Crawford volta a Hong Kong pela chaminé. Um velho vigia sai da sua guarita e recolhe a bola de vidro, artefacto de uma representação que se extingue.
Antonin Artaud dizia que o teatro era oriental, Ariane Mnouchkine referia-se ao Oriente como o local onde qualquer artista ocidental deve regressar se quiser recuperar o corpo e a carne do teatro.

Em A Trilogia dos Dragões, Robert Lepage põe em cena o teatro do duplo. Ocidente e Oriente olham-se, à noite, no espelho do Pacífico.
Lorraine Hébert
no programa do Festival de théâtre des Amériques
Tradução: Mafalda Melo Sousa


ROBERT LEPAGE


Homem do teatro polivalente, Robert Lepage exerce com igual mestria os cargos de encenador, cenógrafo, autor dramático, actor e realizador. Reconhecido pela crítica mundial, cria e leva a palco obras originais que subvertem as regras de realização teatral clássica, nomeadamente pela utilização de novas técnicas. Inspira-se na história contemporânea e a sua obra, moderna e insólita, transcende as fronteiras.
Nasceu no Quebeque em 1957. Muito cedo, descobriu a paixão pela geografia e, atraído por todas as formas de arte, vem-se a interessar pelo teatro. Em 1975, então com 17 anos, entra no Conservatório de Arte Dramática do Quebeque. Em 1978, faz um estágio em Paris e no seu regresso participa em diversas criações onde acumula os papéis de comediante, autor e encenador. Dois anos mais tarde, ingressou no Théâtre Repère.
Em 1984, criou a peça Circulations que foi apresentada por todo o Canadá e que recebeu o prémio da melhor produção canadiana, no âmbito da Quinzena Internacional de Teatro do Quebeque. No ano seguinte criou La Trilogie des Dragons (“A Trilogia dos Dragões”), espectáculo que teve um grande reconhecimento internacional. Seguiram-se as peças Vinci (1986), Le Polygraphe (1987) e Les Plaques tectoniques (1988). Em 1988, fundou a sua própria sociedade de gestão profissional, Robert Lepage inc. (RLI).
De 1989 a 1993, ocupou o cargo de director artístico do Teatro Francês do Centro Nacional das Artes em Otava. Paralelamente a esta nova função, prosseguiu a sua carreira artística apresentando Les Aiguilles et l’opium (1991-1993/1994-1996), Corolian, Macbeth, La Tempête (1992-1994) e A Midsummer Night’s Dream (1992), peça que lhe permitiu tornar-se o primeiro norte-americano a dirigir uma peça de Shakespeare no Royal National Theatre de Londres.
O ano de 1994 marca uma etapa importante na carreira de Robert Lepage com a fundação de uma companhia multidisciplinar, Le Projet ExMachina, da qual é director artístico. Esta nova equipa apresentou ininterruptamente Les Sept Branches de La rivière Ota (1994), Le Songe d’une nuit d’été (1995), bem como o espectáculo a solo Elseneur (1995-1997).
Ainda em 1994, aborda pela primeira vez o cinema fazendo os cenários e realizando a longa-metragem Le Confessionnal, apresentado no ano seguinte na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Em seguida, realizou Le Polygraphe (1996), Nô (1997), Possible Worlds (2000), uma primeira longa-metragem em inglês (versão original) e, por fim, em 2003, a adaptação para cinema da sua peça La Face cachée de la Lune.
Foi com o seu incentivo que o centro de produção pluridisciplinar a Caserne nasceu em Junho de 1997, em Quebeque. Nestes novos espaços, Robert Lepage e a sua equipa criaram e produziram La Géométrie des miracles (1998), Zulu Time (1999), La Face cachée de la Lune (2000), La Casa Azul (2001), The Busker’s Opera (2004), uma nova versão de La Trilogie des Dragons com novos actores (2003), ópera 1984 baseada no romance de Georges Orwell, com direcção musical do maestro Lorin Maazel (2005), Le Projet Andersen (2005), a nova criação de Ex Machina Lipsynch (2007) e The Rake’s Progress ópera de Igor Stravinsky apresentada numa grande estreia no Théâtre Royal de la Monnaie de Bruxelas, em Abril de 2007.

Como consequência do êxito que obteve recebeu numerosos convites que lhe permitiram aplicar os seus conhecimentos artísticos noutras áreas. Foi com sucesso que encenou as óperas Le Château de Barbe-Bleue e Erwartung (1992). Em 1993, assinou a encenação da digressão mundial do espectáculo de Peter Gabriel, The Secret World Tour. Voltou à cena lírica assegurando a encenação de La Damnation de Faust no Japão, em 1999, e posteriormente em Paris em 2001. Em 2000, participou na exposição Métissages no Museu da Civilização de Quebeque. Em 2002, de novo com Peter Gabriel encenou o espectáculo Growing Up Live. Em Fevereiro de 2005, apresentou KÀ, um espectáculo em permanência do Cirque du Soleil em Las Vegas, do qual foi o criador e encenador.
A obra de Robert Lepage foi coroada de numerosos prémios. Entre os mais prestigiados destacam-se, em 1999, la Médaille des Officiers de l’Ordre National du Québec. Em Setembro de 2000, recebeu o Prémio de La SORIQ (La Sociedade das Relações Internacionais do Quebeque), pelo êxito alcançado fora do Quebeque. Em Outubro de 2001, foi galardoado pela Associação dos World Leaders no Harbourfront Centre, o que sublinha uma vez mais a dimensão da sua carreira internacional. Em 2002, a França presta-lhe homenagem concedendo-lhe a Legião de Honra. Foi nomeado Grand Québécois pela Câmara do Comércio do Quebeque e recebeu o Herbert Whittaker Drama Bench Award pela sua contribuição excepcional para o teatro canadiano. No ano seguinte, recebeu o prémio Denise-Pelletier, a mais alta distinção
concedida pelo governo do Quebeque no domínio das artes do palco, bem como o prémio Gascon-Thomas concedido pela Escola Nacional de Teatro. Em 2004 foi-lhe atribuído o Prémio Hans-Christian-Andersen confiado a um artista excepcional que contribuiu para honrar internacionalmente o nome de Hans Christian Andersen. Em 2005, recebeu o prémio Samuel-de-Champlain concedido pelo Institut France-Canada pela sua contribuição para a cultura francesa, e o prémio Stanislavski pela sua contribuição para o teatro internacional e os êxitos obtidos nas produções La Trilogie des Dragons (“A Trilogia dos Dragões”), Les Sept Branches de la rivière Ota e The Busker’s Opera. Em 2007, o Festival de l’Union des Théâtres de l’Europe concedeu-lhe o prestigiado prémio Europe. Robert Lepage é o artista mais jovem laureado com este prémio, desde Ariane Mnouchkine, o segundo artista não europeu depois de Bob Wilson e o primeiro cuja base de trabalho não se situa na Europa.



FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA :
Texto : Marie Brassard, Jean Casault, Lorraine Côté, Marie Gignac, Robert Lepage, Marie Michaud
Encenação: Robert Lepage
Assistência dramatúrgica: Marie Gignac
Assistente de encenação: Félix Dagenais
Assistente de encenação, versão original: Philippe Soldevila

Interpretação:
Sylvie Cantin: Uma velha chinesa, Stella, Irmã Marie-de-la-Grâce
Jean Antoine Charest: Morin o Barbeiro, oficial americano, enfermeiro e outros
Simone Chartrand: Françoise e outras
Hugues Frenette: Bédard, Lépine o Gato-pingado, Pierre Lamontagne
Tony Guilfoyle:
Crawford, o médico
Éric Leblanc: O velho chinês, Lee Wong, o piloto e outros
Véronika Makdissi-Warren: Jeanne e outras
Emily Shelton: Uma velha chinesa, Yukali (3 gerações)

Música original: Robert Caux
Assistência e arranjos: Jean-Sébastien Côté
Interpretação da música: Martin Gauthier
Cenografia original: Jean François Couture, Gilles Dubé
Assistente de cenografia e de adereços: Vano Hotton
Assistente de adereços: Marie-France Larivière
Desenho de luz: Sonoyo Nishikawa
Desenho original de luz: Louis-Marie Lavoie, Lucie Bazzo
Figurinista: Marie-Chantale Vaillancourt
Assistente: Sylvie Courbron
Multimédia: Jacques Collin
Criação de imagens: Lionel Arnould

Agente do encenador: Lynda Beaulieu
Direcção de produção e de digressão: Louise Roussel
Adjunta de produção: Marie-Pierre Gagné
Direcção técnica: Serge Côté
Direcção técnica (digressão): Patrick Durnin
Direcção de cena: Annie Pilon
Operação de luz: Dominic Minguy-Jean
Operação de som e vídeo: Claude Cyr
Responsável por guarda-roupa e adereços: Marie-France Larivière

Chefe maquinista: Paul Bourque
Assistente da responsável dos figurinos e adereços: Sylvie Courbron
Estagiário de produção: Claudia Couture
Consultor técnico: Tobie Horswill
Concepção de figurinos: Nicole Gadoury, Valérie Couture, Stéban Sanfaçon
Realização de perucas e postiços: Joëlle Monty e Richard Hanson; Rachel Tremblay
Consultor para o movimento: Harold Rhéaume
Construção do décor: Les Conceptions Visuelles Jean-Marc Cyr
Música adicional: Youkali/ Musique de Kurt Weill, textos de Roger Fernay
Obra utilizada com a autorização da European American Music Corporation, agente para The Kurt Weill Foundation for Music, Inc. e agente para Heugel S.A.

Imagens do Espectáculo do Exército Canadiano: Fox Movietonews, Inc.
Tradução para cantonês: Truong Chanh Trung
Produção: Ex Machina

Co-produção: Bergen Internasjonale Festival, Bergen
BITE: 05, Barbican, Londres
Centre Cultural de Belém, Lisboa
Festival de Otono, Madrid
Festwochen / Berliner Festspiele
Kampnagel, Hamburgo
Le Festival de théâtre des Amériques, Montréal
Les Francophonies en Limousin, Limoges

Pilar de Yzaguirre – Ysarca Art Promotions, Madrid
Schauspielhaus Zürich / Zürcher Festspiele"
Teatr Dramatyczny, Varsóvia
Zagreb World Theatre Festival, Croácia

Produtor delegado, Europa, Japão: Richard Castelli
Adjunto do produtor delegado, Europa, Japão: Sarah Ford, Florence Berthaud
Produtor delegado, Reino Unido: Michael Morris
Produtor delegado, Américas, Ásia (excepto Japão), Oceânia, Nova Zelândia: Menno Plukker
Produtor da Ex Machina: Michel Bernatchez
Agradecimentos: Michel Gosselin, Jeffrey Hall

Ex Machina é apoiada pelo Conseil des Arts du Canada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Comércio Internacional do Canadá, o Conseil des Arts et des Lettres do Quebeque e a Cidade do Quebeque.


[1] Conceito desenvolvido pelo dramaturgo Antonin Artaud em o "Teatro e seu Duplo" (Le Théâtre et son Double, 1935), considerado um dos livros mais influentes do teatro do século XX. Robert Lepage incorpora esta linguagem, dando-lhe corpo nas suas peças: Em ‘A Trilogia dos Dragões’, esta fórmula está novamente presente.

"Memorial do Convento" volta ao Palácio Nacional de Mafra


MEMORIAL DO CONVENTO
de JOSÉ SARAMAGO


Reposição no Palácio Nacional de Mafra
A partir de 12 de Outubro




Na sequência do sucesso alcançado pelo espectáculo “Memorial do Convento” – que já foi visto por cinco mil espectadores – e dado que continua a registar marcações de escolas e grupos organizados, o Teatro Nacional D. Maria II decidiu repor este trabalho dramatúrgico de Filomena Oliveira e Miguel Real que se inspira no célebre romance de José Saramago. O público é convidado a recordar o reinado de D. João V e a atribulada construção do Palácio de Mafra, no próprio local que inspirou a história.
O espectador revive um momento importante da História de Portugal através dos olhos dos amantes Baltasar e Blimunda, e de Bartolomeu de Gusmão, que alimentava o sonho de voar, um dia.

Sinopse
Ansiando por um filho que tarda, o rei D. João V é avisado por frei António de S. José: “Mande V. Majestade fazer um convento de franciscanos em Mafra e Deus vos dará descendência”. O desejo real desencadeará uma epopeia de homens, um esforço hercúleo de milhares de trabalhadores arregimentados em todo o país, de arquitectos, engenheiros e materiais, vindos do estrangeiro e pagos com o ouro do Brasil, esgotando-o.

Unidos por um amor natural, Blimunda e Baltasar reúnem-se a Bartolomeu de Gusmão e ao seu sonho de voar. A passarola, máquina voadora, misto de barco e de pássaro, nasceu do saber científico de Bartolomeu, da força de trabalho de Baltasar e dos poderes de Blimunda, recolhendo as vontades humanas (as “nuvens fechadas”) que alimentarão a máquina e a farão voar.
Sobre as obras do Convento de Mafra terá passado o Espírito Santo, dizem os padres e acredita o povo.
Voar, nesse tempo, não sendo obra de Deus, só poderia sê-lo do demónio, e assim se anuncia o fim trágico das três personagens maravilhosas.


JOSÉ SARAMAGO – UMA ESCRITA COM IDEIAS

Em “Memorial do Convento”, publicado em 1982, a interrogação sobre o sentido da história de Portugal e sobre o divórcio entre o amor, a vida feliz e o progresso da ciência, por um lado, e a absolutização do poder político num pequeno grupo social, constitui uma das primeiras narrativas em que se evidencia o novo estilo exuberante, barroco, fáustico e festivo de José Saramago.
Mesmo pertencendo ao Partido Comunista Português, a partir da década de 80 Saramago nunca escreveu segundo um cânone literário, não seguiu as modas em vigor, não foi realista, existencialista, estruturalista, pós-modernista, seguiu-se a si próprio, soube ser apenas ele próprio, inventando o estilo literário mais singular no actual panorama da literatura portuguesa.
Foi este estilo e o conteúdo profundamente humano das suas história que lhe valeram, em 1998, a atribuição do primeiro Prémio Nobel da Literatura para um autor português, consagrando a sua ímpar arte da palavra e elevando o seu nome à universalidade da História da Literatura de todos os tempos e lugares.

Filomena Oliveira/Miguel Real

Sobre o espectáculo

Para os escritores Filomena Oliveira e Miguel Real, o romance “Memorial do Convento”, de José Saramago, possuía os elementos necessários para a criação de uma sólida peça de teatro.
Feita a proposta ao autor, que a aceitou, a adaptação foi levada a bom termo e resultou num primeiro espectáculo estreado em 1999 no Teatro da Trindade em resultado da colaboração entre aquele espaço, a Companhia de Teatro de Sintra e a Companhia de Teatro de Almada. Essa primeira versão foi protagonizada por Teresa Gafeira e Jorge Sequerra.
Com a introdução de “Memorial do Convento” no currículo escolar, Filomena Oliveira refez a antiga dramaturgia, propondo-nos agora uma nova versão, readaptada para o público pré-universitário, apresentada no espaço do próprio Palácio de Mafra, onde a acção do romance decorre.

Trata-se de uma versão reduzida – para cinco actores apenas –, que tem atraído sucessivas levas de estudantes, agradados pelo enérgico desempenho dos intérpretes e pelo envolvimento estético que o espectáculo proporciona. Desde a estreia, “Memorial do Convento” já viu a sua carreira prolongada por duas vezes e continua a receber marcações de escolas.




Sobre José Saramago (n. 1922)

Prémio Nobel de Literatura 1998. Nascido no Ribatejo, mas desde muito novo a residir em Lisboa, José Saramago é um caso paradigmático de escritor autodidacta: com um curso em serralharia mecânica concluído em 1939, vai, ao longo dos anos, repartir a sua actividade profissional pela tradução, a direcção literária e de produção numa casa editora, colaborações várias em jornais e revistas (salientando-se a função de crítico literário que manteve na Seara Nova e o jornalismo propriamente dito, tendo orientado o "Suplemento Literário" do “Diário de Lisboa” e sido director-adjunto do “Diário de Notícias”, já no período pós-revolucionário de 1974-75). Tendo embora iniciado a sua carreira nas letras em 1947, com o livro “Terra do Pecado”, é em 1980, com o romance “Levantado do Chão”, história da vida de uma família camponesa do Alentejo desde o início do século até à revolução de Abril e ao advento da reforma agrária, que José Saramago produz aquilo a que já se convencionou chamar o seu "primeiro grande romance". Primeiro porque a partir daí eles se têm sucedido regularmente como outros tantos "grandes romances", o maior dos quais, por ter constituído um autêntico "caso" de celebridade tanto nacional como internacional, com tradução para uma vintena de línguas e adaptação a libretto de ópera, foi sem dúvida “Memorial do Convento” (1982). Fascinante relato da construção do convento de Mafra e do esforço dos homens que o construíram, Memorial do Convento trata também do sonho do "padre voador", Bartolomeu de Gusmão, e da construção da sua Passarola, que voará mercê das vontades dos homens que Blimunda, a que vê através dos corpos e da terra, irá, pacientemente, aprisionando num frasco. Tudo isto é servido por um estilo que passará a constituir forte marca do autor e que se define, basicamente, pela supressão de alguns sinais de pontuação, nomeadamente pontos finais e travessões para introduzir o diálogo entre as personagens, o que vai resultar num ritmo fluido, marcadamente oral e muito próprio, tanto da escrita como da narrativa. Estas características irão, aliás, contribuir para transformar os seus livros em objecto de interesse para encenadores, músicos e realizadores de cinema: “Memorial do Convento”, de que o autor recusou autorizar uma adaptação cinematográfica, foi já adaptado a ópera pelo compositor italiano Azio Corghi, com o título "Blimunda". A estreia mundial, com encenação de Jérôme Savary, realizou-se no Teatro alla Scala, de Milão, em Maio de 1990. Também da peça “In Nomine Dei” foi extraído um libretto: o da ópera "Divara", estreada em Münster (Alemanha), em 31 de Outubro de 1993, com música de Azio Corghi e encenação de Dietrich Hilsdorf. De romance histórico se tem inevitavelmente falado em relação à produção romanesca de Saramago, embora o próprio autor recuse tal etiqueta aplicada às suas obras. E se os romances de José Saramago estão definitivamente modelados numa dimensão histórica (quer os que remetem para o passado - a maioria - quer, por exemplo “A Jangada de Pedra” (1986), que surge como ficção de uma hipótese fantástica situada num futuro), não o estarão menos numa dimensão propriamente humana, naquilo em que a acção e reflexão dos homens, mesmo, ou principalmente, dos mais modestos no interior de cada época histórica, pode pesar para ocasionar desvios, ainda que ficcionais, da "verdade" que a História consignou. Na opinião de Maria Alzira Seixo, será precisamente "desta conjunção entre continuidade temporal e intervenção humana" que Saramago irá "extrair uma noção de alteridade que [...] é a proposta de diálogo entre todo o diverso, ou melhor, de conjunção acertada e dramática das várias condições que situam o homem no mundo, seu entrecruzar doce e fecundo, sua irreparável desarmonia que se deplora e compensa em literatura". Se o romance de José Saramago é histórico, pela dimensão histórica, e fantástico, pela dimensão fantástica, ele é principalmente dos homens e das mulheres na história e da sua capacidade de ver e agir sobre o real para além do crível e do evidente. Parte da extraordinária receptividade que as suas obras têm merecido em todo o mundo, e que culminou com a atribuição do Nobel, dever-se-á, sem dúvida, a esse carácter humanista, a esse reduto de confiança e esperança no poder do humano que a sua obra projecta. De facto, mesmo antes da consagração máxima trazida pelo Nobel, Saramago era já o autor português contemporâneo mais traduzido, com livros editados em todo o mundo, da América do Norte à China, e detinha já um capital de prestígio reconhecido pela atribuição de vários prémios literários internacionais e nacionais - de onde se destacam o Prémio Camões, em 1995 e os prémios Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores (1993) e de Consagração de Carreira, da Sociedade Portuguesa de Autores (1995) -, doutoramentos honoris causa pelas Universidades de Turim (Itália), Manchester (Inglaterra), Sevilha, Toledo e Castilla-La Mancha (Espanha) e graus honoríficos, como o de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada e Chevalier de l'Ordre des Arts e des Lettres (atribuído pelo governo francês). É, além disso, membro honoris causa do Conselho do Instituto de Filosofia do Direito e de Estudos Histórico-Políticos da Universidade de Pisa (Itália); membro da Academia Universal das Culturas (Paris); membro correspondente da Academia Argentina das Letras e membro do Parlamento Internacional de Escritores (Estrasburgo). Parte do espólio de José Saramago encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional.

in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, Europa-América, 1998




MEMORIAL DO CONVENTO
de JOSÉ SARAMAGO
adaptação dramatúrgica de FILOMENA OLIVEIRA e MIGUEL REAL
encenação FILOMENA OLIVEIRA

orgânica sonora
direcção e música original DAVID MARTINS
masterização e operação BRUNO OLIVEIRA
arranjos para piano SANDRA NUNES
arranjos para voz ANDREIA LOPES

guarda-roupa FLÁVIO TOMÉ
adereços JOÃO MAIS
concepção e construção da passarola FLÁVIO TOMÉ e JOÃO TIAGO
assistente técnico/montagem JOÃO TIAGO
criação e adaptação do espaço CARLOS ARROJA

estruturas cénicas e desenho 3D CARLOS BRUNO
direcção técnica DAVID MARTINS
desenho de luz CARLOS ARROJA, DAVID FLORENTINO e PAULO CUNHA
cenografia e criação do espaço cénico
coordenação VITO e CARLOS ARROJA
equipa de montagem BRUNO OLIVEIRA, BRUNO RIBEIRO, CARLOS BRUNO, JOÃO MOTA e ZÉ PEDRO


com
CLÁUDIA FARIA, PAULO CAMPOS DOS REIS, FLÁVIO TOMÉ, JOÃO MAIS e
FILIPE ARAÚJO
duração 1h20
M/12









Rita Redshoes em Ourém

RITA REDSHOES PELA PRIMEIRA VEZ
AO VIVO EM OURÉM

No seguimento do sucesso de “Dream on Girl”, tema destacado por algumas rádios nacionais e referência como uma das canções do ano, Rita Redshoes apresenta-se pela primeira vez ao vivo, desde a sua estreia na FNAC, no Arte Caffé em Ourém
a partir das 0h00 no próximo dia 12 de Outubro.
Neste aguardado concerto poderemos ficar a conhecer melhor o repertório deste novo talento apresentado pela colectânea “Novos Talentos – FNAC 2007”, e onde certamente a sua música nos transportará para um mundo de sonhos onde a realidade da sua voz nos embala e nos transporta através dum caminho mais maduro, sólido e surpreendente.
“Dream On Girl” marca o arranque de uma carreira... A new star is born!

"Fados" em Nova Iorque


Dia 13 de Outubro
“Fados” apresentado no

Festival de Cinema de Nova Iorque


O aclamado filme “Fados” de Carlos Saura, vai ser exibido durante o Festival de Cinema de Nova Iorque, no dia 13 de Outubro, às 12h00 e às 19h15, no Walter Reade Theater, no Lincoln Center.
Esta mostra conta com a presença dos produtores Ivan Dias, Luís Galvão Teles, António Saura, de representantes do Turismo de Portugal – IP, do Representante Permanente de Portugal junto das Nações Unidas, do Cônsul-Geral de Portugal em Newark, do Delegado do AICEP, da Gestora do Museu do Fado e de Mariza, uma das protagonistas, que dará um concerto, no dia anterior, no Carnnegie Hall, às 20h00, inserido na sua digressão americana.


“Fados” estreou nas salas de cinema portuguesas a 4 de Outubro e conta com a participação de Carlos do Carmo, como consultor musical e de Rui Vieira Nery, como consultor musicológico.

O elenco junta ainda, para além do Carlos do Carmo, Mariza, Camané, Argentina Santos, D. Vicente da Câmara, Maria da Nazaré, Caetano Veloso, Chico Buarque e Lila Downs a novos fadistas como Ricardo Ribeiro, Pedro Moutinho, Ana Sofia Varela, Carminho e Cuca Roseta.


O projecto está integrado numa trilogia, sobre formas de expressão musical urbanas do século XIX, da qual fazem parte “Flamenco” e “Tango”, do mesmo realizador.

O filme resulta de uma produção da Fado Filmes, Duvideo e Zebra Producciones em co-produção com Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC E.M., Turismo de Portugal I.P. e TVI.

A distribuição nacional é assegurada pela Lusomundo Audiovisuais S.A. e a banda sonora original é produzida pela EMI Music Portugal.

A tomarense Ana Laíns actua em Coimbra

Ana Laíns

TEATRO ACADÉMICO DE GIL VICENTE
COIMBRA
11 de Outubro às 21h30


Nascida em 1979, em Tomar, Ana Laíns desde cedo começou a cantar, revelando um gosto musical bastante ecléctico. Em 1996 participa nos primeiros concursos de música, tendo ganho vários prémios, sendo também vencedora da edição da Grande Noite do Fado de 1999. Este último prémio foi paralelamente uma descoberta: de acordo com a artista, foi no fado que encontrou a sua melhor forma de expressão.Depois seguiu-se uma tournée por vários países e, com 22 anos, já havia actuado em França, Estados Unidos, Luxemburgo, Bélgica e Alemanha.As primeiras experiências de gravação foram feitas há seis anos atrás no “Songs about Lisbon”, que precedeu o convite da Difference para fazer parte da compilação "Divas do Fado Novo".
Sentidos”, o seu álbum de estreia, surge em 2006 com o selo Different World da Difference e conta também com a estreia do produtor Diogo Clemente que assume a direcção musical e arranjos.Em estúdio teve a participação de Diogo Clemente na guitarra acústica, Fernando Araújo no baixo, Bernardo Couto na guitarra portuguesa, Vicky na percussão, Ricardo Mota no violoncelo e Ruben Alves no acordeão, piano e melódica.
Sentidos” é um disco com 10 verdadeiras canções. Uma abordagem contemporânea ao Fado, onde constam alguns temas mais introspectivos com melodias simples ao estilo de embalar que, por vezes, nos remetem a um imaginário de infância. Por outro lado existem também referências ao Fado na sua forma mais clássica e influências da música tradicional portuguesa.
A escolha literária de Ana Laíns incidiu sobre alguns seus companheiros de mesa-de-cabeceira como Florbela Espanca, Lídia Oliveira, António Ramos Rosa, entre outros.

Ficha Artística
Paulo Loureiro piano, acordeão e clarinete
Ricardo Mota violoncelo
Eurico Machado guitarra portuguesa
Marco André viola e vozes
Nuno Oliveira baixo
Ana Lains voz

Apoios Montepio Geral [patrocinador oficial], Antena 1 [rádio oficial], Diário as Beiras e Rádio Universidade de Coimbra

Preçário
10,00€
Preço Amigo/a TAGV 5,00€


Teatro Académico de Gil Vicente

www.uc.pt/tagv


http://blogtagv.blogspot.com/

Bilheteira: 17h00-22h00


Telefone: 239 855 636




Albino Moura expõe no Casino Estoril


Albino Moura, pintor, escultor
e poeta das imagens e das formas
na Galeria de Arte do Casino Estoril



Inaugura-se na próxima quinta-feira, 11 de Outubro, às 21, 30 horas, uma exposição de Albino Moura, na Galeria de Arte do Casino Estoril, com 54 trabalhos de pintura, desenho e escultura.
É uma mostra de um autor multifacetado, que se iniciou ao lado de dois grandes mestres, Fred Kradolfer e Thomás de Mello/Tom, de quem recebeu, além de ensinamentos técnicos, o gosto pelo lirismo, especialmente visível em boa parte dos seus trabalhos preferidos, as crianças, sempre risonhas e gordinhas, no jeito boteriano que se lhe aponta.
A Arte vive das imagens e das formas, que podem ser frias, inertes ou que podem ter vida e carregar nas suas cores ou nos seus volumes uma componente poética, neste caso, quando o artista plástico é também poeta.

Por alguma razão Albino Moura deu a esta exposição o título de Poética das Formas .
É a primeira vez que este artista assume de forma explícita, dedicando-lhe uma exposição, o lado poético da sua personalidade artística.
Albino Moura iniciou-se na pintura em 1959, tendo realizado até hoje 55 exposições individuais, seis das quais apresentadas na Galeria do Casino Estoril e participou em mais de uma centena de colectivas.
Escrevi um dia ser Albino Moura, um pintor de quem se gosta, de quem muita gente gosta, pelo conjunto de valores que distinguem os seus trabalhos – técnica excelente, desenho fácil e expressivo, qualidade na composição e paleta de cores quentes, adequadas a uma temática muito pessoal, em que as crianças sempre têm lugar de relevo.
Esta exposição será acompanhada pelo lançamento de um excelente livro, “Albino Moura, Poeta das Formas”, de 300 páginas, que além de reproduzir todos os trabalhos expostos, pode considerar-se uma antologia da sua obra, com a reprodução de dezenas de outros trabalhos. Este livro é valorizado com texto do crítico da AICA, Edgardo Xavier.


Esta mostra ficará patente ao público até 5 de Novembro, todos os dias, das 15 às 24 horas.

Circo em Braga



“LUCENT DOSSIER

VAUDEVILLE CIRQUE”


A completar a programação seleccionada para a primeira edição de “Burla - Festival do Burlesco”, a 13 de Outubro (21h30), o circo chega mesmo à cidade, com a estreia em Portugal do místico e enigmático “Lucent Dossier Vaudeville Cirque”.

Com uma trupe composta por palhaços, contorcionistas, trapezistas, engolidores de espadas, “performers” de fogo, bailarinas de dança-do-ventre e de estilo burlesco, anões, a clássica mulher com barba, mágicos, malabaristas, “disc-jockeys”, percussionistas ao vivo e banda, entre muitos outros artistas mais ou menos inesperados, o Lucent Dossier Vaudeville Cirque assume-se como um colectivo baseado na magia e na inspiração, que adoptou a criatividade como essência e que tem por objectivo tornar tudo possível.
No âmbito do projecto “Cuddle the World”, a par da performance apresentada no Theatro Circo, o “Lucent Dossier Vaudeville Cirque” vai, também em Braga, pôr em acção a sua vertente de solidariedade, através da apresentação de um espectáculo numa instituição de apoio social da cidade.
Nascido apenas da boa-vontade do colectivo circense, “Cuddle the World” é, segundo os próprios, um projecto através do qual inspiram e interagem com alguns grupos socialmente desfavorecidos de todo o mundo e que começou com uma actuação para as crianças da Casa de Sion, um orfanato da Guatemala.
Formado em 2004 a partir das profundezas da cena artística e musical “underground” de Los Angeles, oLucent Dossier” foi concebido num espírito de criação colaborativa, encarnando um novo estilo de “glamour vaudeville”, envolvido na sua própria mistura de artistas circenses. Em palco, as coreografias interactivas únicas, o guarda-roupa, a música original, os rostos místicos e o trabalho artístico corporal conjugam-se nos artistas empenhados em alcançar o objectivo que os uniu – criar espectáculos de luz humana.

Neste contexto, Roger Fojas, elemento do colectivo circense, reafirma que o objectivo deste projecto consiste em «trazer luz aos espectadores e talvez permitir que esses mesmos espectadores levem o mesmo tipo de luz ao resto do mundo».
Jogando com uma atmosfera carnavalesca distorcida, a partir da qual criam um mundo exclusivo, envolvido numa «deliciosa loucura», os performers do “Lucent Dossier Vaudeville Cirque” definem o seu projecto como «uma explosão de energia e tensão sexual», que se traduz «numa vibrante e visualmente cativante performance» e numa batalha constante para estabelecer uma sólida interacção com o público.
Embora ainda recente, do percurso artístico do “Lucent Dossier Vaudeville Cirque” já fazem parte digressões pela maioria dos Estados norte-americanos e por zonas do globo tão díspares como Irlanda, Japão, Guatemala ou Itália, país onde, em Março de 2007, foram capa da revista Vogue.
De entre as várias colaborações com nomes de destaque no cenário musical norte-americano – 30 Seconds to Mars, Healer, Flaming Lips, Davendra Banhart, entre muitos outros – destaca-se a interpretação do grupo no vídeo do tema “I Write Sins Not Tragedies”, da banda Panic! At the Disco, distinguido com o galardão de “Video of the Year”, nos MTV Video Music Awards de 2006.

Os ingressos, a 10€, estão disponíveis nas bilheteiras do Theatro Circo.

Mais informação:
Luciana Queirós da Silva (imprensa@theatrocirco.com ou 913 093 094) ou em http://www.lucentdossier.com/, http://www.theatrocirco.com/, reservas@theatrocirco.com e no “call center” 253 203 800.

Luiz Francisco Rebelo de novo em palco

A Desobediência de
Luiz Francisco Rebelo
Estreia dia 11 ,no Teatro da Trindade,
a peça de Luiz Francisco Rebelo, " A Desobediência".
No verão de 1940, quando as tropas alemãs invadiram a França, a salvação de milhares de homens e mulheres que fugiam do regime de terror instaurado na Europa pelo nazismo, dependia de um visto de trânsito para um país neutro.
Aristides de Sousa Mendes, consul de Portugal em Bordéus, dividido entre o cumprimento das ordens ditadas por Salazar e a sua consciência não hesitou em obedecer a esta e desobedecer àquelas. O resultado seria a salvação de cerca de 30 mil judeus e o seu afastamento definitivo da carreira diplomática.
É neste ambiente de terror e temor que se desenrola a peça.
No entanto Aristides não é aqui tratado como um herói mas tão somente como um homem de muitas fraquezas e fragilidades.
A interpretação está a cargo de Rogério Vieira, o protagonista, Carmen Santos, Igor Sampaio, Joana Brandão, João Didelet, José Henrique Neto ( Salazar), Luis Mascarenhas, Marques d'Arede, Nuno Nunes, Rita Loureiro, Rui Santos, Rui Sérgio e Sofia de Portugal.
A encenação é de Rui Mendes que disse ao hardmusica.com que aceitou de bom grado o convite que lhe foi dirigido pelo Teatro da Trindade para encenar a peça. " Peça já minha conhecida, tema apaixonante, e um autor dramático por quem tenho a maior estima e admiração. Um verdadeiro homem de Teatro como temos poucos."
A encenação conseguida por Rui Mendes dá ao texto, já de si forte, a capacidade da transmissão da mensagem de Atistides Sousa Mendes: desobedecer para salvar a Humanidade.
Rui Mendes considera mesmo que o Cônsul de Bordéus terá sido o precursor da objecção de consciência.
Por último de salientar a escolha do enquadramento musical da peça, também da autoria de Rui Mendes: a ópera Nabucco de Verdi, com o seu monumental Coro dos Escravos a ouvir-se no final. Sublime!
Um espectáculo que aconselhamos aos nossos leitores pela sua actualidade e pelo humanismo que por ele perpassa.

Fado no Casino Estoril


Três gerações de Fadistas
no Teatro-Auditório do Casino Estoril

Com o Teatro-Auditório cheio nas duas primeiras edições, o ciclo “O Fado Volta ao Casino Estoril” propõe outro cartaz de eleição para o próximo Domingo, pelas 22 horas.
Numa só noite, Margarida Bessa, António Zambujo, Maria da Fé apresentam os melhores fados dos seus repertórios, com apresentação de Carlos Cruz que, assim, regressa aos palcos.
São três gerações de intérpretes, que sentem o fado de uma forma muito própria, proporcionando um espectáculo que se complementa com diferentes registos da “canção nacional”.
Uma das fadistas deste versátil cartaz é Margarida Bessa, que viveu o primeiro momento alto da sua carreira quando ganhou, em 1994, o Grande RTP Prémio de Fado, em simultâneo com Luís Almada.

Com dois álbuns editados, a intérprete é já um dos valores seguros da “canção nacional”.
Conhecido, também, do público do Casino Estoril, António Zambujo é outra das referências do meio fadista.

No ano passado, recebeu o “Prémio Amália” para o “Melhor Fadista”, estando actualmente a preparar o seu terceiro álbum.
Com mais quatro décadas de carreira, Maria da Fé recorda quando cantou pela primeira vez no Casino Estoril em 1961.

Sobre este novo ciclo de fado, considera-o “prometedor, pois permite a troca de experiências e até para o público notar que há diferentes maneiras de cantar o fado”, diz.
Ao longo da noite, os fadistas serão acompanhados por Paulo Parreira, na guitarra portuguesa, Carlos Garcia, na viola, e Joel Pina, na viola-baixo.


“O Fado Volta ao Casino” propõe-se reunir, no mesmo palco, três gerações fadistas: um intérprete no início de carreira, outro com alguns anos e um terceiro já consagrado.


Aos Domingos à noite, pelas 22 horas, o Teatro-Auditório acolhe o ciclo “O Fado Volta ao Casino”.

Preço: 15 euros (1ª plateia), 12 euros e meio (2ª plateia).
Reservas: 939 808 097 ou 914 852 585