terça-feira, 8 de abril de 2008

Beckett no D.Maria até Junho


COMEÇAR A
ACABAR
DE SAMUEL BECKETT


direcção / tradução JOÃO LAGARTO
desenho de luz JOSÉ CARLOS GOMES
figurino ANA TERESA CASTELO
música JORGE PALMA

direcção de cena CRISTINA VIDAL
operação de som ANTÓNIO VENÂNCIO

operação de luz LUÍS LOPES



COM
JOÃO LAGARTO


SINOPSE

“Começar a Acabar” é um monólogo em que um homem se dirige directamente ao público para contar a sua história.


A primeira frase que profere dá-nos, desde logo, o tom do discurso: “Em breve estarei morto finalmente apesar de tudo”.

Enquanto espera que chegue a sua última hora, este homem recorda momentos significativos do seu passado: as relações tensas com o pai, que morreu cedo, a ligação terna à mãe, com quem nunca se conseguiu entender, uma infância passada com grande agitação interior, a maturidade decorrida sem amor (“Nunca amei ninguém acho eu, senão lembrava-me”), uma velhice vivida em solidão, sem mulher, filhos ou netos que o entretenham.

Mas à medida que as memórias mais insignificantes lhe acorrem ao espírito, o homem evoca também assuntos comezinhos, de forma aparentemente aleatória…



SALA ESTÚDIO
10 ABR a 01 JUN
3ª a SÁB. 21H45 DOM. 16H15


A sós com Beckett
Poucas peças existirão em que, sentado na plateia, o espectador consegue sentir a respiração da morte e a constante presença do fim como em “Começar a Acabar”, de Samuel Beckett.

A partir de três textos chave da sua ficção – “Molloy”, “Malone está a Morrer” e “O Inominável” – o dramaturgo irlandês juntou fragmentos, (re)ordenou-os e, em alguns casos, chegou a reescrevê-los.

O resultado é este magnífico espectáculo encenado e interpretado por João Lagarto que o TNDM II volta a apresentar na Sala Estúdio onde, em 2006, se estreou com grande êxito.

O reconhecimento deste trabalho com o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro (2006) mostrou como esta é não só uma homenagem a Beckett, uma das grandes referências literárias do século XX, mas também um texto onde é obrigatório sentir o espectáculo.


A depuração das palavras aliada à presença em palco de João Lagarto, cujo trabalho de voz e de corpo revelam uma brilhante interpretação, fazem de “Começar a Acabar” um desafio, uma partilha com cada espectador.
Uma caixa negra e três lâmpadas, que mal iluminam um cenário também desprovido de objectos, são o suficiente para, subitamente, o palco se encher com a presença do protagonista, um mendigo que joga com pedras nos bolsos, que faz rir a plateia e que a faz congelar quando diz: “Em breve estarei morto”.

De repente, o espaço parece pequeno, abafado por tantas memórias que se vão soltando pelo ar, pelo passado que ora teima em ir ou voltar, pelas palavras pesadas de ironia e, sobretudo, pelo silêncio.

O silêncio que nos faz reflectir, ao mesmo tempo que aquele homem, com quem estamos a sós, contraria as ilusões.
Demora-se a partir, que é como quem diz, a morrer. Mas neste monólogo, inédito em Portugal, a habilidade de Beckett é bem visível.

O humor não abandona o texto, mesmo quando se abre o livro da vida e nele se encontram actos sem sentido, obsessões, isolamentos, caminhos subterrâneos que escondem aquilo que não pode ser escondido: a iminência do fim.
JOÃO LAGARTO

direcção, tradução, interpretação


Estudou Actuação, no Conservatório de Lisboa (1972/74) e na Fundação Gulbenkian com o professor Adolfo Gutkin (1980/81), e é actor profissional desde 1974.


Trabalhou como actor, encenador e tradutor em mais de 60 peças de autores como Gil Vicente, Samuel Beckett, William Shakespeare, Georges Feydeau, Botho Strauss, Bertolt Brecht, Harold Pinter, David Mamet, Alfred Jarry, Brian Friel e António Patrício. É fundador de cinco grupos de teatro: Centro Cultural de Évora (1975), Maizum (1981), Alta Recreação (1984), Teatro da Malaposta (1988) e Os Crónicos (2004).


O primeiro filme em que participou é “Histórias Selvagens”, de António Campos (1978), tendo, desde então, trabalhado com realizadores como Luís Rocha, Walter Salles Júnior, Ruy Guerra, João Mário Grilo, Joaquim Leitão, Toni Verdaguer, Laurence Ferreira Barbosa, Bertrand Tavernier, Luís Galvão Teles, José de Sá Caetano ou Manuel Mozos.

Na televisão, começou por participar nos filmes de Luís Felipe Costa e na série “Duarte e Companhia”, de Rogério Ceitil, vindo a integrar os elencos de algumas telenovelas (“A Banqueira do Povo”, “Os Lobos”, …) e de várias séries (“Cluedo”, “Ballets Rose”, “Os Polícias”, “A Febre do Ouro Negro”, “Os Távoras”…).

Apresentou o programa “Mesa à Portuguesa”, participou em diversas produções para as televisões francesa, inglesa e alemã, onde trabalhou, entre outros, com os realizadores Claude Guillemot, Franck Apprenderis, Michel Lang, Gero Erhardt, Marc Rivière, Robin Davis, Gerard Marx, Susan Belbin, Joel Santini ou Pierre Koralnik.

Foi responsável pela área de teatro no lançamento da Escola de Circo – Chapitô.

Foi professor de Actuação no IFICT (Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral), participou no arranque do Curso de Animadores Turísticos da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, como responsável pela cadeira de Artes e Espectáculos.

Exposição no Museu da Marioneta

Museu da Marioneta
Exposição Dormitorium:

Cenários dos Filmes dos Irmãos Quay




O Museu da Marioneta, a Monstra – Festival de Animação de Lisboa e o FIMFA Lx – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas apresentam “Dormitorium: Cenários dos Filmes dos Irmãos Quay”, uma exposição patente no Museu da Marioneta entre 11 de Abril e 10 de Maio.


A exposição “Dormitorium – Cenários dos Filmes dos Irmãos Quay” mostra uma extensa colecção de cenários e marionetas criados pelos britânicos irmãos Quays para os seus filmes e para algumas peças de teatro e ópera de cuja cenografia foram responsáveis.


É uma oportunidade única de ver em primeira mão os segredos de uma obra fascinante e perturbadora, com ecos de memórias de infância filtradas por uma sensibilidade muito própria. Uma viagem às matrizes de filmes tão incontornáveis como “Street of Crocodiles” ou “The PianoTuner of EarthQuakes”, num imaginário que funde Lewis Carrol com Luis Buñuel, passando por Franz Kafka e Jan Svankmajer.

Com uma imaginação bizarra e delirante, os irmãos gémeos Timothy e Stephen Quay estão entre os animadores mais originais e incontornáveis da últimas décadas, criadores de um universo negro e surrealista que tem granjeado elogios de todos os quadrantes.


Exímios manipuladores de marionetas, a que dão um tratamento individualizado e sem paralelo na história do cinema, são criadores de universos pessoais, abstractos e inesquecíveis.


Uma exposição que ilumina as sombras de uma obra única na história do cinema, “Dormitorium” tem congregado elogios e estupefacção nas mais importantes cidades europeias e é trazida para Portugal pela associação de esforços da EGEAC/ Museu da Marioneta e de dois Festivais da cidade dedicados ao universo da animação e manipulação: a Monstra – Festival de Animação de Lisboa e o FIMFA Lx – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas.


“Dormitorium: Cenários dos Filmes dos Irmãos Quay”

Museu da Marioneta
De 11 de Abril a 10 de Maio
Sala do Claustro
De terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00