quarta-feira, 13 de junho de 2007

Marchas Populares na Avenida da Liberdade

Mais uma vez a Avenida da Liberdade foi palco do desfile das Marchas Populares deLisboa.


Em 1932 teve início este concurso, no Parque Mayer e foi então vencedora a Marcha de Campo de Ourique, que não vimos desfilar há já três anos.

Ontem desfilaram 20 marchas a concurso, e a Avenida encheu-se de cor, música e, por vezes, de muita beleza.

A primeira foi a Marcha da Mouraria, organizada pelo Grupo Desportivo da Mouraria.
Vinha alegre e vistosa com padrinhos bem conhecidos da televisão: Manuel Luis Goucha e Cristina Ferreira.
A actuação foi correcta e graciosa. Mas no final da mesma, com o arder em cascata dos manjericos, incendiaram-se e foi necessária a intervenção dos bombeiros.
E isto valeu-lhes a desclassificação. Foi pena.

Seguiu-se a Marcha dos Olivais, organizada pelo Grupo de Pesca e Desporto de Santa Maria Dos Olivais.
Sob o lema " Olivais, as Aves da Beira-Rio e o Futuro", os marchantes cumpriram a sua tarefa, e os padrinhos António Calvário e Ana continuaram com eles Avenida abaixo.

Surge então a Marcha do Alto do Pina lembrando a burguesia e a fidalguia de finais do século VIII e que por ali vivia.
Os padrinhos foram Filipa Cardoso e Beto. A actuação foi agradável. A organização pertenceu ao Ginásio do Alto do Pina.

Mais um intervalo, dos não mais acabam.

Mas para diversificar um pouco o ambiente aparece a Marcha do Cavalo, numa alusão clara à droga, que rapidamente foi expulsa, violentamente, pelos seguranças de serviço.

E agora surge a Marcha de Alcântara, organizada pela Sociedade Filarmónica Alunos Esperança e que tem como padrinhos Artur Garcia e Linda Rodrigues.
Com o tema " Pátios e Vilas de Lisboa: O Outro Lado Da Fábrica" apresentaram , com os seus arcos, alguns aspectos da tradição operária que caracteriza aquele bairro.

A Marcha da Bica, que se lhe seguiu, entrou com muita alegria invocando os "Fadistas do Meu Bairro".
A organização pertenceu ao Marítimo Lisboa Clube teve como padrinhos, Teresa Siqueira e Tiago Torres da Silva.

E surge agora a Marcha de Marvila, muito colorida e com uma coreografia bonita.
Com o tema " Velhos Jogos de Taberna" os marchantes simularam jogos de cartas e outros com as questiúnculas que lhes são costumeiras.
A organização pertenceu à Sociedade Musical 3 de Agosto de 1885 e teve como padrinhos Daniel Cardoso e Mariana Monteiro.

A Marcha de Alfama entrou de forma brilhante tanto pelo colorido dos seus arcos como pela beleza do guarda roupa.
Alfama é um bairro de muitas gentes e daí a escolha dos trajes regionais de sabor nortenho lembrando essa miscigenação.
A organização foi do Centro Cultural Dr. Magalhães Lima e os padrinhos foram Cinha Jardim e João Baião.

A Marcha do Bairro Alto apresentou arcos vistosos, alguma cor mas pouco brilho. O tema Lisboa, Bairro Alto e Arraiais lembra a época festiva e popular que se vive.
A organização foi do Lisboa Clube de Janeiro e os padrinhos Rita Viegas e Paulo Silva.

A Marcha da Graça trouxe o Coração de Lisboa e a saudade do Parque Mayer. Bonita e com muita "graça" e lembrando talvez ao futuro Presidente da Câmara de Lisboa que o Parque Mayer não está esquecido e que " por favor não deixem que o Parque Mayer deixe de bater, não deixem Lisboa morrer".
A organização pertenceu ao Clube Desportivo da Graça e os padrinhos foram a conhecida Carla Andrino e Octávio de Matos.

A Marcha do Beato, organizada pelo Ateneu Madre de Deus teve como tema " Beato ama Lisboa". Brilho, cor, alegria e sentimento de festa foi o que o Beato nos ofereceu nesta noite de festa. Os padrinhos foram Sara Aleixo e Fernando Rocha.

A Academia Recreativa Leais Amigos e Beneficência " A voz do Operário" organizou a Marcha de S. Vicente que se apresentou com arcos vistosos e guarda roupa colorido.
Os padrinhos que abrilhantaram esta marcha foram Cristina Areias e José Moutinho.

Madragoa, Mar de Esperança é o tema que nos traz a bonita e alegre Marcha da Madragoa com uns padrinhos que saudaram efusivamente o público presente numa alegria esfusiante: Diogo Amaral e Cláudia Vieira. A pesca estava representada nos arcos a través de nomes de vários portos portugueses e a homenagem a Fernanda Batista surge numa canção que lhe é dedicada. Fernanda Batista aplaudiu , de pé, a "sua" marcha , enquanto durou a actuação.
O guarda roupa era vistoso e bonito e a coreografia, bem concebida, enquadrou um vira da Nazaré bem dançado. A organização foi do Esperança Atlético Clube.

O Bairro de Campolide apresentou uma Marcha que evocava as Escadinhas deLisboa.
A organização esteve a cargo do Sport Lisboa e Campolide e teve como padrinhos Cristina Oliveira e João Carvalho.

A Marcha de Benfica, organizada pelo Clube Futebol Benfica ,teve como padrinhos Fernanda Freitas e Fernando Pereira.
O tema A Festa das Marchas homenageava esta manifestação popular tipicamente alfacinha.
Pena os marchantes não terem ensaiado melhor as cantigas. A desafinação foi desastrosa. O guarda roupa era vistoso e adequado.

O recente Bairro da Bela Flor apareceu mais uma vez com a sua marcha, organizada pelo Santana Futebol Clube e com padrinhos pouco conhecidos: Vanessa Marques e José Luis.

A Marcha do Lumiar surgiu cheia de luz e cor. Os arcos vistosos faziam um bonito efeito de conjunto. O tema evocava o cinema no Lumiar e os marchantes cumpriram alegremente a sua missão.
A organização foi da Academia Musical 1º de Junho de 1893 e teve como padrinhos, Mónica Sintra e Carlos Ribeiro.

A Marcha de Santa Engrácia desceu a Avenida, evocando a História da Cidade, com mouros e cristãos à mistura.
A organização pertenceu ao Centro Cultural Popular de Santa Engrácia e apadrinharam esta marcha Iva Domingues e Francisco Mendes.

O Castelo chegou com a magia da Noite no Castelo. Quando a noite chega o Castelo, que é visitado diáriamente por milhares de pessoas é devolvido aos residentes que o amam.
A Marcha do Castelo foi organizada pelo Grupo Desportivo do Castelo teve como madrinha Chiquita.

E chega a Marcha de Carnide organizada pela Sociedade dramática de Carnide.
A aldeia de Carnide era um lugar de labor de distracção e alegria nas hortas, retiros e tabernas.
E é a evocação destes tempos que Marcha de Carnide nos traz. Os campos que rodeavam a cidade estão ali bem caracterizados.
Os padrinhos foram Heitor Lourenço e Mané Ribeiro.

E o desfile termina com a Marcha da Ajuda. Foram evocados os fidalgos que ao longo dos séculos foram ficando e deixando os seus costumes entre a população local.
Pouca originalidade, quer no guarda roupa quer na coreografia.
A organização pertenceu ao Ajuda Clube e teve como padrinhos Maya e José Manuel Castro.

E assim terminou a edição de 2007 das Marchas Populares que comemoraram assim 75 anos de existência.
De salientar o esforço e o trabalho voluntário de cerca de duas mil pessoas que tentaram abrilhantar mais uma noite das Festas da Cidade.
Ganhou a Marcha de Alfama, mas todas as outras merecem uma menção honrosa.