quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Monólogo de Beckett por João Lagarto em Braga


“Globo de Ouro”e “Prémio da Crítica para Melhor Actor”

“COMEÇAR A ACABAR”
MONÓLOGO DE SAMUEL BECKETT
PELA VOZ DE JOÃO LAGARTO


“Começar a Acabar” (“Beginning to End”) é o monólogo do consagrado dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett, na circunstância interpretado e encenado pelo galardoado João Lagarto, que o Theatro Circo recebe na sala principal às 22h00 de 12 de Setembro.

Inédito em Portugal, o espectáculo, que rendeu a Lagarto o “Prémio da Crítica para Melhor Actor” de 2006 e o “Globo de Ouro” na mesma categoria, coloca em cena um homem que se dirige ao público para contar a sua história, começando com uma frase que, desde logo, define o tom do discurso: «Em breve estarei morto finalmente apesar de tudo».

Com música de Jorge Palma, “Começar a Acabar” dá voz a uma personagem que, enquanto aguarda a sua última hora, recorda momentos significativos do seu passado – relação tensa com o pai, ligação terna com a mãe, infância marcada pela grande agitação interior, maturidade sem amor, velhice em solidão –, ao mesmo tempo que evoca assuntos comezinhos, à medida que as memórias mais insignificantes lhe acorrem ao espírito, de forma aparentemente aleatória.

Com versão portuguesa resultante de uma parceria entre o Teatro D. Maria II e a Academia Contemporânea do Espectáculo do Teatro do Bolhão, o monólogo foi construído a partir de três textos de Samuel Beckett“Acto Sem Palavras”, “A Espera de Godot” e “From Na Abandoned Work of Art” – e estreou-se nos palcos em 1970 com interpretação de Jack Macgowran, amigo e compatriota de Beckett, cuja morte resultou também no afastamento dos palcos de “Beginning to End”.

Consubstanciado num texto de «uma espantosa unidade dramática sobre a morte, ou melhor, sobre o fim», “Começar a Acabar” tem uma duração aproximada de 90 minutos, preenchidos pelo discurso alucinante e caótico de um homem que espera impacientemente pela morte que materializa a celebração da errância temática e da confessionalidade da emblemática máxima em que Beckett afirma que «não há nada no mundo mais cómico do que a infelicidade».

Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1969, Samuel Beckett distingue-se pela riqueza metafórica e pelo privilégio de uma visão pessimista do fenómeno que aplicou nas suas obras, sendo, como tal, considerado um dos principais autores daquele que é denominado como “teatro do absurdo”.

Dividido entre Paris e Dublin, cidade onde nasceu em 1906, Beckett criou duas dezenas de trabalhos dramáticos, cerca de cinquenta romances, novelas, ensaios e outros textos em prosa e poesia e foi ainda responsável pela autoria de inúmeros projectos para rádio televisão, conquistando e mantendo, inclusive após o seu desaparecimento, o título de autor de culto com obras traduzidas em mais de trinta idiomas.

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