quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Hugo Rodrugies Cunha vence prémio FNAC

A edição de 2008 do Prémio Novo Talento Fnac Fotografia recebeu 176 candidaturas.
Foi considerado vencedor o portfólio UM PONTO EXACTO PARA VER, de Hugo Rodrigues Cunha.

O júri constituído por:

Fátima Marques Pereira (professora do ensino universitário de teoria e história da fotografia)
António Pedro Ferreira (fotojornalista do semanário Expresso)
António Júlio Duarte (fotógrafo)
Miguel von Hafe Pérez (crítico de arte e comissário de exposições)
Sérgio B. Gomes (editor do Público Online e autor do Blog Arte Photographica)
Distinguiu também com menções especiais os portfólios A & J de José Carlos Duarte e 10 RETRATOS, 10 ESCULTURAS de Alexandre Delmar.


UM PONTO EXACTO PARA VER
Hugo Rodrigues Cunha
FNAC ALMADA 20 NOVEMBRO, às 21H30
INAUGURAÇÃO COM A PRESENÇA DO AUTOR E MEMBROS DO JÚRI

Exposição patente de 20 de Novembro de 2008 a 18 de Fevereiro de 2009

“Olha-se o Tejo, de frente, sempre de frente, e descobre-se o que existe entre ele e o local onde está a câmara fotográfica. Cada fotografia realizada tem associada uma imagem de domínio publico, feita através do Google Earth, onde está assinalado o local exacto onde a fotografia foi captada. Este trabalho é constituído por vinte e uma impressões, cada uma delas com duas imagens, e gira em torno de dois conceitos: o estático e a mudança; o estático da fotografia e as mudanças no rio pela sua água, mas também o quase estático de uma frente ribeirinha contrariado pela comparação entre as duas imagens.”

Hugo Rodrigues Cunha

Um ponto exacto para ver

Um Ponto Exacto Para Ver mostra-nos como a seriação cartográfica através da fotografia pode abandonar a sua condição primeira de documento utilitário e vago de carga simbólica para um objecto estético carregado de referentes que questiona e pensa a maneira como hoje nos relacionamos com uma ideia de espaço em sucessivas aproximações, em novas perspectivas, cada vez mais visível e disponível em todo o tipo de suportes digitais.
A linguagem de registo geotopográfico encontrou na fotografia um dos seus mais poderosos aliados. Ao servir-se dela como suporte não satisfez apenas uma necessidade de representação realística e descritiva - criou, por si, obras de relevância conceptual e poética únicas e forneceu massa criativa a uma grande diversidade de autores ao longo da história da imagem fotográfica. Hoje, representa um dos mais intensos programas de produção artística ligados à fotografia contemporânea. O trabalho de Hugo Rodrigues Cunha é herdeiro dessa corrente que usa diferentes abordagens da espacialidade à procura de significados travestidos, ocultos, que tentam aproximar-se de uma organização do real, de uma certa ordem do olhar. Partindo de um visão bidimensional de imagens satélite disponibilizadas pelo programa informático Google Earth, a partir da qual é possível ver boa parte da superfície terrestre, Um Ponto Exacto Para Ver convoca-nos para uma experiência ao mesmo tempo documental e contemplativa, onde, para além do exercício de encontrar as diferenças e as semelhanças num e noutro registo, ganham importância, numa ordem estética, as cargas histórica, social, política, económica e ecológica transportadas pela imagem fotográfica tridimensional.
Este último modo de ver dá-nos o "conforto" da verticalidade em relação ao chão e, em muitos casos, a largueza em perspectiva. Mas é só uma liberdade aparente porque, ao mesmo tempo, está lá a visão cega em profundidade, minuciosa em localização e contexto, onde vemos o aguilhão do pionés que nos manieta e orienta o olhar, que nos sublinha a imobilidade fotográfica através de uma longitude e uma latitude.
É uma dualidade visualmente atraente que nos leva a seguir a configuração, recorte e organização do rio Tejo na margem lisboeta, muito perto da desembocadura no mar. À medida que o olhar segue do ponto exacto de onde se vê pela linha do horizonte para onde somos impelidos a ver revela-se uma margem ribeirinha que continua inacessível e em desalinho.
Para lá da emoção que nos provoca a diferença das escalas fornecida pela bidimensionalidade da
imagem pública do Google Earth, Um Ponto Exacto Para Ver incentiva-nos a rever as referências que guardamos de um espaço e a pôr em causa de forma crítica as imagens que temos dele.

Júri Novo Talento Fnac Fotografia 2008


Biografia de Hugo Rodrigues Cunha

Hugo Rodrigues Cunha nasceu a 5 de Abril 1974 e desde cedo manifestou algumas tendências
fotográficas, sendo perseguido, como todo o iniciado, por um bom pôr do Sol e os seus próprios pés.
No ano de 1993 ingressa no curso de Ensino de Física e Química- variante de Física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que conclui em 2000. Em 1997 inicia a sua actividade como monitor de Natação, actividade que ainda exerce juntamente com a de professor de físico-química desde 1999.
Em 2002 entra no Mestrado em História e Filosofia da Ciência na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa do qual conclui a parte curricular em 2003.
Em Fevereiro de 2007 inicia finalmente os seus estudos em fotografia no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual, onde frequenta actualmente o nível 3. Estudou ainda no “Atelier de Lisboa” onde frequentou os Cursos de Laboratório Digital e o Curso Teórico de Linguagem Fotográfica. Vence o Prémio “Novo Talento FNAC Fotografia” em 2008.


Menção Especial
A&J
José Carlos Duarte
FNAC ALFRAGIDE 27 NOV 2008 – 28 JAN 2009

O António e a Joana (A&J) apaixonaram-se na noite de S. João, no Porto. Dois anos mais tarde, no mesmo dia, casaram-se. Não queriam fotógrafos de casamento profissionais, contavam com os amigos para fazer a cobertura deste acontecimento. Joana, a noiva, pediu ao José, o amigo, que usasse “aquela máquina que faz fotografias quadradas”.
Esta experiência resultou num trabalho de 21 fotografias que se afastam intencionalmente do registo tradicional das reportagens de casamento, esboçando só ligeiramente o acto cerimonial. Os símbolos populares das festas de S. João, que decoravam o local, são evidenciados de modo a remeter para o passado dos noivos – as circunstâncias em que ambos se conheceram.

José Carlos Duarte

Menção Especial
10 RETRATOS, 10 ESCULTURAS
Alexandre Delmar
FNAC VISEU 18 DEZ 2008 – 28 JAN 2009
Sempre me interroguei sobre limites e fronteiras do retrato e da escultura. Será a visibilidade do rosto um factor preponderante na identificação do tema “retrato”? Ou a “escultura” será sempre uma qualificação dada após a mão-de-obra do escultor?
A viagem iniciou-se em Delhi.
Estando num país estranho, nunca me incentivou em demasia a imagem descritiva dos locais mais relevantes. Nuca me fascinou a procura obstinada pelo exótico. A imagem que procurava, encontrei-a em todas as cidades: uma imagem específica, talvez desterritorializada, estática e reflectida, por vezes plástica.
Foi uma viagem de descoberta. Tudo foi estranho e revelador. Quando cheguei, confundi retratos com esculturas.


Alexandre Delmar

Desde 2003, a FNAC organiza o Prémio Novo Talento Fnac Fotografia procurando consagrar jovens fotógrafos que apresentem trabalhos inéditos, originais e com uma escrita fotográfica coerente. Em 5 edições, foram vencedores deste Prémio Pedro Guimarães, Francisco Kessler, António Lucas Soares, Virgílio Ferreira, João Margalha, Nelson d'Aires e Inês d'Orey.

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