domingo, 6 de julho de 2008

Os Amores de Astrea e Celadon estreia a 10 de Julho nos cinemas de Lisboa




OS AMORES DE ASTREA E DE CELADON

UM FILME DE ERIC RHOMER


SINOPSE
O pastor Celadon e a pastora Astrea estão unidos por um puro amor.
Enganada por um invejoso que a corteja, Astrea ordena a Celadon que desapareça para sempre da sua vista.
Em desespero, ele atira-se ao rio.

Astrea pensa que ele morreu, mas Celadon é salvo pelas ninfas.
Louco de amor e desespero, enfeitiçado por ninfas, rodeado de rivais e forçado a disfarçar-se de mulher para se poder aproximar da amada, como é que Celadon vai conseguir que ela o reconheça sem desobedecer à sua ordem ?

DECLARAÇÕES DO REALIZADOR
Adaptar Honoré d’Urfé (1568-1625)

" Pela primeira vez, não fui eu que tive a ideia para o assunto mas sim o cineasta Pierre Zucca (1943-95).
Ele originalmente tinha proposto a adaptação do romance L’Astrée, de Honoré d'Urfé, à nossa companhia produtora Les Films du Losange, há muitos anos.
Mas a Margaret Menegoz achou que o filme iria ser demasiado caro e Zucca foi obrigado a abandonar o projecto.
Eu considero Pierre Zucca e Jean Eustache como os mais importantes cineastas da chamada pós-New Wave.
Zucca e eu partilhávamos um gosto similar em literatura – Blanchot, por exemplo, ou Stevenson.
E eu consigo ver a influência do argumentista Paul Gégauff nos filmes de Zucca. Gégauff influenciou todos os da New Wave, À expeção de Truffaut. Pelo menos, todos
nós usávamos personagens “Gégauffianas”.
Depois da morte de Pierre Zucca em 1995, ocorreu-me que eu deveria olhar melhor para esse clássico literário.
Nessa altura eu só estava familiarizado com os excertos publicados na antologia Chevaillier et Audiat, o antecessor de Lagarde et Michard, o livro de literatura.
Estava à espera de uma coisa que não ia gostar e percebi que não era nada assim! O diálogo particularmente, era surpreendentemente moderno – ainda mais quando lido alto, em vez de só lido.
A partir daí, o filme pareceu-me absolutamente concretizável, desde que me mantivesse focado na história de amor de Astrea e Celadon e deixasse o resto.
Não tive sequer de modernizar o diálogo. Quando me deparei com o termo “profundidade” no texto original, até pensei que a Ségolène Royal ia adorar a palavra!
Portanto contentei-me só com eliminar o que estava a mais. Apropriei-me totalmente do texto e senti-me perfeitamente à vontade com ele.
No entanto a minha adaptação é muito diferente da de Zucca. Não usei a versão dele em nada. Até me divertiu perceber que partilhavam apenas uma linha de diálogo.
Mas queria mesmo dedicar-lhe este filme. "


Deliberadamente, Rohmer situa Astrea e Celadon em pastos e florestas verdadeiros, contudo, os actores, elegantemente vestidos como pastores do século XVII, sobressaem teatralmente (as interpretações também parecem mais teatrais do que cinematográficas).
Mais ainda, esta estranha mistura de elementos reais e artificiais – juntamente com a estranha mistura de vídeo digital e o ambiente pastoral do século XVII – é essencial ao filme e parte do seu estranho encanto.
Se não providencia exactamente ao espectador uma ideia da vida pastoral do século XVII, marca contudo uma fronteira, uma distancia considerável entre texto e imagem, entre a literatura francesa do século XVII e o cinema francês do século XXI.
É uma simbiose curiosa e que resulta elegante bonita. Mais ainda se tivermos em conta que se trata de uma história de gauleses, com as suas tradições e crenças, as suas verdades e sobretudo os seus mitos.
Rohmer põe em cena um povo rebelde vestido como se no século XVII vivesse e com a linguagem própria de uma época que se perde nos tempos.
A história é estranha e encantadora mas o fio condutor é um só: a fidelidade. Honrar o ser amado através de uma fidelidade invencivel é este o maior bem a que o amado pode aspirar.
O bucolismo que perpassa todo o filme cimenta o misticismo romântico que nele se sente.
Um filme estranho, bonito, diferente que endeusa o amor, quem ama e é amado!
Em breve nos cinemas de Lisboa.





Andy GILLET CELADON
Stéphanie CRAYENCOUR ASTREA
Cécile CASSEL LEONIDE
Véronique REYMOND GALATHEE
Rosette SILVIE
Jocelyn QUIVRIN LYCIDAS
Mathilde MOSNIER PHILLIS
Rodolphe PAULY HYLAS
Serge RENKO ADAMAS
Arthur DUPONT SEMYRE





Escrito e realizado por ERIC ROHMER
Baseado no romance L'Astrée, de HONORÉ D'URFÉ
Directora de fotografia DIANE BARATIER (AFC)
Som PASCAL RIBIER
Anotação BETHSABÉE DREYFUS
Guarda-roupa PIERRE-JEAN LARROQUE, PU-LAÏ
Montagem MARY STEPHEN
Compositor JEAN-LOUIS VALERO
Direcção artística CHRISTIAN PAUMIER
Produção FRANÇOISE ETCHEGARAY
JEAN-MICHEL REY
PHILIPPE LIÉGEOIS

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