segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mia Couto com alunos da Póvoa do varzim


Mia Couto conta e encanta


Mia Couto iniciou a sua conversa com os alunos da Escola Secundária Eça de Queirós, esta manhã, dando um conselho: “conservem sempre o vosso lado de crianças e a capacidade de se encantarem com uma boa história. Eu sou uma pessoa feliz porque tenho a capacidade de transformar a minha vida em pequenas histórias”.

O escritor moçambicano encantou os jovens estudantes com “o seu charme”, como os próprios confidenciaram, contando histórias do seu percurso e da sua terra.
Quanto à sua outra actividade, a biologia, Mia Couto brincou afirmando que “sou muito mau biólogo. Não confiem em mim. A biologia atrai-me, não pelas respostas exactas, mas pelas dúvidas que suscita e, a escrita, tem essa mesma inquietação da procura por soluções”.

Depois de publicar um livro, o escritor conta que “nem sequer me lembro das personagens”. Depois de viver dois ou três anos cada personagem, o tempo para escrever uma obra, Mia Couto necessita de se desligar das pessoas que o acompanharam durante esse período. O escritor explicou que “quando crio uma mulher, não basta pensar como uma mulher. Tenho que ser uma mulher. E já fui muitas mulheres na minha vida”.


André Sant’Anna também esteve presente nesta conversa com os alunos. O escritor contou que o seu pai era escritor e a sua mãe música. Como “o meu pai ficava muitas horas fechado no quarto a escrever, a sofrer com as suas personagens, e a minha mãe a divertir-se com a sua música, eu nunca quis nada com a literatura e sempre quis ser músico”. Brasileiro, André Sant’Anna brincou que “aproveito estes momentos para dizer mal do Brasil. Muitas pessoas têm a ideia de que o meu país é apenas pobre financeiramente, mas o Brasil está empobrecido culturalmente. Somos quase obrigados a ter relações sexuais e perde-se a noção do que é o amor e a amizade verdadeira e é isto que os meus livros retratam”.

Pedro Teixeira Neves, o terceiro escritor e o único português, presente nesta conversa, explicou que “escrever para mim é uma inevitabilidade”, mas “só na faculdade é que comecei a escrever. Até aí só me interessei por futebol e por música”.





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