Exposição de Fotografia no Museu da Imagem em Braga
MUSEU DA IMAGEM TRAZ A BRAGA
“THE IDEA OF SOUTH” DE BRUNO SANTOS
O Museu da Imagem, em Braga, inaugurou, ontem sábado a exposição de fotografia “The Idea of South”, de Bruno Santos.
A mostra, que vai estar patente ao público até 30 de Dezembro neste espaço cultural do Município de Braga dedicado à fotografia, pode ser apreciada de terça a sexta-feira (11h00/19h00) e aos sábados e domingos (14h30/18h30).
“The Idea of South” apresenta-se como um projecto de fotografia conceptual, que «encerra todas as determinações temáticas da reflexão sobre o social», evocando «a forma perversa como as nossas pulsões se transformam em sublimações».
“The Idea of South” apresenta-se como um projecto de fotografia conceptual, que «encerra todas as determinações temáticas da reflexão sobre o social», evocando «a forma perversa como as nossas pulsões se transformam em sublimações».
Maria do Carmo Serén, crítica de fotografia, explica: «“Between”, a série de retratos dos gestos quase vazios de expressão, de um quotidiano de insegurança banalizada que continua a inquietar estas nossas sociedades do sul, tão useiras da cumplicidade; “Surroundings”, esses lugares que são fluxos de dependência de periferias com frágeis infraestruturas de sobrevivência; “Refuges”, onde subjazem os últimos alentos de agregação e essa série polissémica dos colchões abandonados no que ficou do natural inabitável».
Esta colecção de imagens que Bruno Santos traz agora a Braga usa a cor sem exuberância, «para que o excesso do real se imponha», fotografias lisas, directas, neutras, sem enfeite, informativas quanto-baste, «interagindo pela seriação organizada e que omite a perspectiva triangular, evitando cuidadosamente o sistema de fuga e oferecendo-nos a horizontalidade das coisas, horizontes e devaneios».
São, indiscutivelmente, sagazes argumentos em busca de audiência, num projecto conceptualmente processado – garante aquela especialista.
Neste contexto, Maria do Carmo Serén considera que, hoje, a fotografia esclarece que tudo o que realmente conta, a inovação, a arte, a revolução, a violência ou a diferença, acontece no território da informação.
Neste contexto, Maria do Carmo Serén considera que, hoje, a fotografia esclarece que tudo o que realmente conta, a inovação, a arte, a revolução, a violência ou a diferença, acontece no território da informação.
Aí – diz –, a fotografia gere a visibilidade do mundo e produz uma cultura de observatório com um sistema de desocultação onde as coisas (esse mundo, esses rostos, esses efeitos visíveis do tempo e do modo sobre a matéria) são, antes de tudo, idênticas à sua definição, o que tem muito a ver com o saber acumulado pelas imagens.
«Talvez por isso mesmo, estes rostos são, acima de tudo, máscaras, transitórias e identificáveis, mas sucedâneos de um rosto ausente; no sul, neste sul onde o desleixo e a impunidade se erguem como imaginação e sabedoria, as máscaras de Bruno Santos ainda conservam alguma perplexidade, mas a ritualidade expressionista das convulsões dos sentimentos que o neo-realismo soube suspender, já tornou homogénea a definição», escreve, no texto de apresentação desta mostra.
Para Serén, “The Idea of South” escava de forma mais profunda, ultrapassando o argumento, «porque este também é um tempo de crise da fotografia». E o corpo – sublinha – é também produto da sua envolvente imediata.
«Reconstruímos em nós os referentes, o design daquelas letras pintadas na caixa de correio do prédio periférico, a esplanada de um lazer adiado naquele café térreo, o “terraço” definido pelas vigas sobre a carrinha abandonada, o tempo acumulando novos abandonos sobre os colchões degradados, a imensa banalidade destes restos de uma civilização insatisfatória – o Sul?», interroga-se.
De acordo com a leitura desta especialista, estamos perante «imagens da doença do viver, onde a saga dos “Ex-Dreamers” recoloca a incúria dos nossos sonhos e a sua incapacidade em alicerçar a nossa persistência: os colchões, dispositivos maiores ou menores das nossas fantasias, do mesmo modo que os sonhos que aí construímos, se pervertem no chão, entregues ao poder destrutivo do tempo e do esquecimento».
Bruno Santos nasceu em Lisboa em 1968, fez estudos em Cultura Visual e Fotografia, cursos livres em fotografia e arte contemporânea na Fundação Calouste Gulbenkian e na Torre do Tombo. Publicou no “DNArtes” (Portugal), “Camera Áustria” (Áustria), “Purple Fashion” (França), “Dayfour Magazine” (Reino Unido), “Black & White Magazine” (EUA). Está representado em colecções públicas da Fundação PLMJ, do Museu da Imagem/Encontros da Imagem, e da “Maison de la Photographie” (Lille-França) e em colecções privadas em Portugal e Espanha.
«Talvez por isso mesmo, estes rostos são, acima de tudo, máscaras, transitórias e identificáveis, mas sucedâneos de um rosto ausente; no sul, neste sul onde o desleixo e a impunidade se erguem como imaginação e sabedoria, as máscaras de Bruno Santos ainda conservam alguma perplexidade, mas a ritualidade expressionista das convulsões dos sentimentos que o neo-realismo soube suspender, já tornou homogénea a definição», escreve, no texto de apresentação desta mostra.
Para Serén, “The Idea of South” escava de forma mais profunda, ultrapassando o argumento, «porque este também é um tempo de crise da fotografia». E o corpo – sublinha – é também produto da sua envolvente imediata.
«Reconstruímos em nós os referentes, o design daquelas letras pintadas na caixa de correio do prédio periférico, a esplanada de um lazer adiado naquele café térreo, o “terraço” definido pelas vigas sobre a carrinha abandonada, o tempo acumulando novos abandonos sobre os colchões degradados, a imensa banalidade destes restos de uma civilização insatisfatória – o Sul?», interroga-se.
De acordo com a leitura desta especialista, estamos perante «imagens da doença do viver, onde a saga dos “Ex-Dreamers” recoloca a incúria dos nossos sonhos e a sua incapacidade em alicerçar a nossa persistência: os colchões, dispositivos maiores ou menores das nossas fantasias, do mesmo modo que os sonhos que aí construímos, se pervertem no chão, entregues ao poder destrutivo do tempo e do esquecimento».
Bruno Santos nasceu em Lisboa em 1968, fez estudos em Cultura Visual e Fotografia, cursos livres em fotografia e arte contemporânea na Fundação Calouste Gulbenkian e na Torre do Tombo. Publicou no “DNArtes” (Portugal), “Camera Áustria” (Áustria), “Purple Fashion” (França), “Dayfour Magazine” (Reino Unido), “Black & White Magazine” (EUA). Está representado em colecções públicas da Fundação PLMJ, do Museu da Imagem/Encontros da Imagem, e da “Maison de la Photographie” (Lille-França) e em colecções privadas em Portugal e Espanha.
1 comentário:
Estou desconfiado que o Bruno não tira as suas chapas com o olho director.
Digam ao Bruno para ir a este site e talvez a coisa comece a correr melhor. http://tiroportugal.no.sapo.pt/tecnica2.htm
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