terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Barroco ilumina o Natal de Braga



MOTIVOS BARROCOS ILUMINAM NATAL DE BRAGA

A Câmara Municipal de Braga procede amanhã (26 Novembro, quarta-feira) à ligação da energia eléctrica às ornamentações natalícias instaladas em vários espaços públicos da cidade, particularmente nas ruas e praças do centro urbano.
Ao acto – que acontece às 17h00, junto do coreto da Avenida Central – associam-se o Presidente do Executivo Municipal, Mesquita Machado, e a Vereadora do Turismo e Actividades Económicas, Ana Paula Morais.
Ao associar-se a este momento simbólico, o Presidente da Câmara Municipal pretende relevar o invulgar trabalho de criação artística agora experimentado em Braga no que respeita às ornamentações natalícias, que pela primeira vez cumprem um conceito arquitectónico assente no estilo barroco que impera em Braga.
«O estilo barroco inicia-se fragmentadamente, com a introdução de motivos dispersos, de feição decorativa, não estrutural, em edifícios já existentes; é um período de experimentação de formas e das suas potencialidades, transformando-se rapidamente num discurso dominante; contrariando a rigidez dos cânones vigentes, procura um efeito cenográfico, uma ideia de movimento, através da utilização de formas curvas e fluidas talhadas na pedra, como as volutas, as espirais, as colunas torsas, a alternância nas fachadas dos edifícios entre formas diversas de elementos vários, como os frontões sobre as aberturas, tudo isto de modo a criar um ritmo perceptível na repetição destes elementos», explica o arquitecto Fernando Pinto.
Evocando a identificação de Braga com o estilo barroco, o criativo lembra que a arquitectura do século XVIII, particularmente do período tardo-barroco, marcou para sempre a imagem da cidade, com a edificação de um conjunto de edifícios de uso civil ou religioso, grande parte pela mão de André Soares, responsável por alguns notáveis exemplares, no espaço nacional como pela Europa.
Sendo um estilo caracterizado pela utilização de elementos decorativos, assumiram grande importância as obras de talha dourada, presentes nos templos do período barroco, e a decoração em azulejo monocromático azul, frequentes também nas casas senhoriais da época, de que são um bom exemplo os painéis existentes na escadaria do Convento do Pópulo, também agora recuperados pelo Município de Braga.

AZUL E BRANCO DOS AZULEJOS E AMARELO DA TALHA DOURADA

A Vereadora da tutela adianta, entretanto, que o conceito artístico para as ornamentações natalícias surgiu com naturalidade, inspirando-se nas formas mais marcantes do estilo barroco, presentes nas fachadas de construções emblemáticas da cidade, como sejam os edifícios da Câmara Municipal, Convento do Pópulo, palácios do Raio e dos Biscainhos, ou o conjunto arquitectónico do Bom Jesus do Monte, em particular o seu escadório.
Ana Paula Morais acrescenta que, cumprindo assim este conceito, as ornamentações estilizadas por Fernando Pinto privilegiam as cores azul e branca, como referência ao azulejo, e amarelo, a remeter para a talha dourada.
O presépio, disperso por vários pontos da cidade (Avenida Central, Campo da Vinha, Largo São João do Souto), é constituído por várias figuras de reis magos, pastores e ovelhas, que se dirigem ao local (Arcada) onde Maria e José esperam pelo dia 24 de Dezembro, altura em que o Menino Jesus se dá a conhecer.
«O plano desenvolvido propõe a instalação de um tecto de luz, abobadado, com a extensão aproximada de um quilómetro, que, ligando o Arco da Porta Nova ao Largo da Senhora-a-Branca, percorre o principal eixo comercial e pedonal de Braga, pelas ruas D. Diogo de Sousa, do Souto até ao final da Avenida Central», adianta o arquitecto municipal, que releva desta forma «o efeito festivo, alusivo ao céu estrelado, num eixo para o qual converge a maioria das ruas consideradas neste projecto».
A Rua de São Marcos e a Rua dos Chãos, consideradas o segundo eixo comercial de Braga, transversal ao principal, foram decoradas com o tema dos frontões alternados, utilizados sistematicamente na arquitectura barroca.
A Rua do Castelo, com a proposta de duas volutas simétricas, onde se pretende uma iluminação mais rica e intensa, funcionando como um alargamento complementar da Rua do Souto, ou até como zona de paragem para descanso do longo percurso pedonal do Arco da Porta Nova à Senhora-a-Branca.
A Rua de Janes e a Rua de São João, assumidas quase em oposição à Rua do Castelo, como uma fuga tranquila ao intenso bulício das áreas comerciais, onde se propõem espirais duplas de luz amarela, inventando para este espaço/rua um ambiente quase nostálgico.

A Avenida da Liberdade, condicionada pelas obras de criação de uma nova praça, vê a intervenção ornamental na parte norte limitada à iluminação das árvores.
Para a zona Sul fica a reprodução de uma das obras emblemáticas do barroco bracarense: o escadório do Bom Jesus.
Nas ruas dos Capelistas, Eça de Queirós, D. Afonso Henriques, da Misericórdia e do Raio seguiram-se os mesmos princípios com a introdução de novas formas do barroco.
Nas restantes ruas e espaços intervencionados optou-se pela iluminação das árvores, dando assim maior relevo à presença dos elementos naturais no ambiente urbano.
«Nos principais acessos à cidade foram ainda colocados pórticos iluminados, que simbolizam, a exemplo do Arco da Porta Nova, não só entradas para a cidade, mas também um desejo de boas-vindas e de boas-festas», conclui Fernando Pinto.

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