quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A Globalização em debate na Fundação Bracara Augusta


FUNDAÇÃO CULTURAL BRACARA AUGUSTA

DEBATE “INFECÇÕES NUM MUNDO GLOBALIZADO”


A Fundação Cultural Bracara Augusta encerra sexta-feira (14) o seu oitavo ciclo de conferências sobre o tema “Globalização: Desafios para o Século XXI”, desta feita com uma palestra dedicada a “Enfrentar as infecções num mundo globalizado”.
Tendo como intervenientes Henrique Barros e Henrique Botelho, esta palestra, de acesso livre, acontece às 21h30, na Biblioteca Craveiro da Silva.
Maria do Céu Sousa Fernandes, Presidente da Fundação Bracara Augusta, justificando a pertinência da temática escolhida, explica que «a modernidade e a globalização trouxeram grandes progressos e grandes benefícios, mas também, incertezas, novos riscos e perigos, salientando-se as ameaças de riscos globais que ultrapassam as fronteiras nacionais, de que são exemplo as pandemias e infecções, que ameaçam países e populações».
Henrique Barros é professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde dirige o serviço de Higiene e Epidemiologia, desempenhando também a função de Coordenador Nacional para a Infecção VIH/sida.
Henrique Botelho, a quem cabe a função de moderador, é Director do Centro de Saúde de Terras de Bouro e membro do departamento da contratualização da ARS do Norte.
A Presidente da Fundação Bracara Augusta lembra que «em cada época histórica as sociedades são confrontadas com novos problemas e novos desafios» e que, como tal, após o optimismo trazido pela revolução industrial e tecnológica, com o consequente avanço na produção industrial e agrícola e na cura de doenças, surgiram períodos de menor optimismo, causados pelas duas grandes guerras mundiais, nomeadamente a segunda, mais global e também mais mortífera, dado o espantoso desenvolvimento tecnológico militar».
No entanto – escreve no intróito ao programa deste ciclo –, o contínuo progresso científico e tecnológico e o crescimento económico da última metade do século XX faziam prever um futuro novo e admirável, que, todavia, não é o panorama do mundo de hoje.
«Há ameaças de riscos globais que ultrapassam as fronteiras nacionais e geram um clima de receios e insegurança, de que são exemplo o aquecimento global e outros riscos ecológicos, os fundamentalismos religiosos, a imigração, as pandemias como a sida e outras», refere, sublinhando a particularidade as preocupações ecológicas, que têm originado muitas críticas ao progresso moderno.
Perante esta situação de catástrofes ambientais e de saúde pública e de integrismos religiosos, como pode a sociedade do nosso tempo lidar com os riscos – pergunta, retoricamente, a Presidente da Fundação Bracara Augusta, citando Ulrich Beck, que em 1986 definiu assim os risco nas sociedade modernas: «o risco pode ser definido como uma forma de lidar com o acaso e a insegurança induzidos e introduzidos pela própria modernidade».
Em função destes cenários – diz Sousa Fernandes – algumas interrogações podem ser colocadas, designadamente «qual a responsabilidade dos políticos, dos cidadãos, da denominada sociedade civil, na gestão dos riscos? Como conciliar o excessivo racionalismo das sociedades modernas e um certo vazio ideológico com o fascínio crescente pela religião, que, muitas vezes, se manifestam por fundamentalismos religiosos e outros movimentos de cariz integrista?».
Eis algumas das interrogações de hoje que têm vindo a ser discutidas ao longo de três palestras – “Uma espiritualidade para o século XXI”, “Século XXI – sociedade de riscos?” e, finalmente, “Enfrentar as doenças num mundo globalizado” – inseridas no âmbito do ciclo de conferências que a Fundação tem vindo a organizar anualmente.

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