terça-feira, 18 de novembro de 2008

Azulejos do Convento do Pópulo recuperados pela CMB



MUNICÍPIO MOSTRA O QUE SALVOU
DOS AZULEJOS DO PÓPULO


A Câmara Municipal de Braga apresenta amanhã (quarta-feira, 19 de Novembro) o trabalho desenvolvido na recuperação do revestimento azulejar da escadaria nobre do Convento do Pópulo.
O acto, público, acontece às 12h00, na escadaria deste imóvel municipal e, além do Presidente da Câmara, Mesquita Machado, tem entre os convidados a Directora Regional de Cultura do Norte, a Directora do Instituto de Gestão do Património/Serviços de Bens Culturais, os directores das várias unidades museológicas de Braga e técnicos afectos ao Programa Operacional da Cultura e às empresas intervenientes neste processo.

A recuperação do revestimento azulejar do Convento do Pópulo resulta de uma candidatura formalizada pelo Município de Braga ao Programa Operacional da Cultura, no âmbito da “recuperação e animação de sítios históricos e culturais”, tendo os trabalhos de restauro sido adjudicados em Junho de 2007 e feita a sua recepção provisória em Janeiro de 2008, altura em que se contratualizou a execução e colocação de réplicas de azulejos em falta, que se prolongou até Setembro último.
Neste contexto, foi igualmente produzido um documentário videográfico sobre o processo de restauro, literatura bilingue alusiva à azulejaria em causa, produção de um trabalho em vídeo para distribuição aos visitantes (comunidade escolar) e um quiosque digital.
Embora o espaço e o trabalho ali desenvolvido possa ser apreciado desde já, as visitas-guiadas, particularmente dirigidas a grupos escolares, iniciam-se a 24 de Novembro, mediante prévia marcação junto da Divisão de Renovação Urbana.



CONVENTO DO PÓPULO
A construção da igreja e convento do Pópulo iniciou-se em finais do século XVI, pela ordem do arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus, com o intuito de albergar o seu jazigo.

Ao longo do século XVIII foram introduzidas diversas alterações de carácter barroco, ainda hoje visíveis em múltiplos elementos decorativos do interior da igreja e nos azulejos do interior.
Em finais do século XVIII, sob a autoria do engenheiro e arquitecto Carlos Amarante, procedeu-se a obras de reconstrução, conciliando as matrizes barrocas com o neoclássico, recebendo o conjunto edificado a imagem que chegou até nós.
Após 1834, altura em que a ordem que ocupava o convento foi extinta, o imóvel foi transformado em quartel militar, perdurando essa função até à última década do século XX, altura em que foi adquirido pela Câmara Municipal de Braga, que iniciou os trabalhos de restauro e reabilitação necessários à salvaguarda do imóvel e à instalação dos serviços municipais.
Em 2006, com a colaboração do IPPAR, iniciaram-se os estudos e trabalhos técnicos que conduziram ao restauro do revestimento azulejar da escadaria nobre do convento, que se encontrava em elevado estado de degradação.
A intervenção teve por base o levantamento do estado de conservação dos mesmos, procedendo-se ao seu restauro, privilegiando o seu valor artístico, através do recurso ao uso de réplicas, colmatando lacunas existentes de modo a proporcionar a leitura e percepção estética do silhar de azulejo.Subjacente a esta intervenção esteve também o intuito de disponibilizar ao público este património, numa dimensão turistico-cultural, para que possa ser plenamente fruído.


AZULEJARIA DA ESCADARIA NOBRE

As dependências conventuais do conjunto edificado são compostas por diversos espaços, de que se destaca o claustro e a escadaria nobre.
Esta é composta por dois pares de lanços de escadas laterais, simétricas que conduzem a um patamar intermédio, amplo e rectangular, de onde irrompem dois lanços centrais opostos e que terminam nos corredores de acesso às alas laterais, respectivamente da frontaria e das traseiras.
A escadaria nobre apresenta revestimento em silhar de azulejo, composto por uma série de painéis de azulejo de contorno recortado.
Datado do século XVIII, este silhar enquadra-se no período denominado como “Ciclo dos Mestres”, que se destacou pela monocromia azul e pela contratação de pintores de cavalete para a execução de painéis de azulejos, conferindo, assim, o efeito de tridimensionalidade ao espaço onde estavam inseridos.
Iconograficamente, o revestimento da escadaria nobre do convento do Pópulo apresenta temática religiosa, relacionada com a meditação contemplativa, pela figuração de monges agostinhos em cenários bucólicos, estando directamente relacionados com a ordem religiosa que ocupava o convento, a Ordem dos Ermitãs de Santo Agostinho
Em Portugal, o azulejo assumiu especial importância pelo modo de aplicação, associado à arquitectura através de revestimento, assim como pela sua longevidade e resistência física.
No entanto, o azulejo acabou por ultrapassar a sua função utilitária, alcançando estatuto de arte que reflecte a história e cultura portuguesas.

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