quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Museu do Oriente exibe Ciclo de Cinema chinês



Ciclo Made in China em exibição em Lisboa

O Museu do Oriente apresenta o ciclo Made in China, no âmbito do doclisboa 2008 – Festival Internacional de Cinema Documental, entre os dias 17 e 26 de Outubro, com sessões às 21h30, legendadas em português.

Os 12 filmes em exibição traçam um retrato da China profunda, desde 1994 até à actualidade, com um especial enfoque nas relações do indivíduo com a sociedade.

Zhang Yuang, Jia Zhang-ke e Huang Wenmei, são alguns dos realizadores em destaque, que representam o profícuo cinema documental chinês.
Made in China, composto por curtas e longas-metragens, inclui o filme A day to remember, de Liu Wei, uma reflexão sobre o mutismo inquieto no qual caiu a memória do dia 4 de Junho, que assinala os confrontos na Praça de Tiananmen, e como a revolta desse tempo se mantém, ainda hoje, um tema proibido na China.


Neste documentário, filmado no dia 4 de Junho de 2005, o realizador, acompanhado por uma câmara, dirige-se à Praça Tiananmen com uma pergunta: “Que dia é hoje?”.
À medida que questiona as pessoas com quem se cruza, confronta-se com inúmeras respostas evasivas e a recusa da maioria em relembrar os protestos estudantis de há 16 anos.

Muitos afirmam desconhecer os acontecimentos e afastam-se rapidamente, outros limitam-se a olhar para a câmara.
Oportunidade, ainda, para ver Floating Dust, de Huang Wenhai, sobre um grupo de desempregados que, diariamente, se junta num clube de jogos para discutir estratégias de jogo, probabilidades de vencer a lotaria, fórmulas matemáticas que desvendem os segredos da sorte, e códigos escondidos da série televisiva Teletubbies.

Tomando a obsessão pelo jogo como ponto de partida, o filme segue um conjunto de personagens entregues às ilusões de uma vida melhor.

As tradições não são esquecidas neste ciclo e, o filme Little Feet, de Bai Budan, dá a conhecer o costume milenar dos pés enfaixados.
O documentário acompanha a história de Bai Danu, que tem os pés enfaixados desde os sete anos, e Liu Buhan, casados há mais de 40 anos, cujos filhos não concordam sobre a melhor forma de cuidar dos seus velhos pais.

Embora já tenham mais de 80 anos, as duas personagens principais continuam a sair de casa cedo, e a regressar muito tarde, para passarem o dia a trabalhar nos campos.
Por causa dos seus pés enfaixados, Bai Danu caminha com a ajuda de duas bengalas e tem de se sentar enquanto trabalha.

A narrativa é entrecortada pelos testemunhos de outras idosas que falam da tradição dos pés enfaixados.

Na edição deste ano, o doclisboa tem como objectivo, além de mostrar ao público português filmes multipremiados internacionalmente e que ainda não foram exibidos nas salas nacionais, permitir uma reflexão mais aprofundada sobre temas contemporâneos e dar a conhecer, de forma mais sistemática, a cinematografia de outros países.

PROGRAMA: 17 de Outubro21h30

The Last Lumberjacks (Mubang) Realização: Yu GuangyiChina, 2006, 90’, Cor

Língua: legendado em portuguêsM/12

O filme retrata a vida de um grupo de lenhadores, na província de Heilongjiang, e o seu trabalho sob condições climatéricas adversas.

Documentando um modo de vida condenado à extinção pelo progresso civilizacional, o filme revela o modo como as florestas são exploradas para a sobrevivência destes povos, há mais de 100 anos.
Devido à grande dificuldade de transporte, os habitantes desta província usam os métodos artesanais que foram passando ao longo de gerações.

O Inverno é a melhor altura para cortar madeira e o ritual repete-se todos os anos: os aldeões são contratados e reunidos para subir às montanhas onde irão passar a estação inteira a cortar árvores.
Dias a fio, debaixo de neve e gelo, os madeireiros enfrentam, com dignidade, uma dura luta contra os elementos da natureza.

18 de Outubro21h30

Crime and Punishment (Zui Yu Fa)
Realização: Zhao Liang DeChina, 2007, 123´, Cor

Língua: legendado em portuguêsM/12

Filmado na fronteira entre a Coreia do Norte e a China, Crime and Punishment acompanha o dia-a-dia de jovens polícias chineses numa esquadra local.

Como em qualquer outra esquadra do mundo, eles lidam com um variado leque de situações, desde ladrões a pessoas em dificuldades.

O documentário retrata também a competição que se gera entre os jovens guardas em busca de uma promoção e da progressão na carreira, sempre que um guarda mais velho se aposenta.

Um raio-X da China contemporânea que tenta descobrir a sua identidade, no meio de uma luta entre o progresso que chega e a resistência à mudança.

19 de Outubro21h30

We (Wo Men)

Realização: Huang WenhaiChina, 2005, 85´, Cor

Língua: legendado em portuguêsM/12


Em We, as vozes que ouvimos pertencem a cidadãos conscienciosos de que dão o seu melhor na tentativa de aperfeiçoar o estado da Nação chinesa.
A sua ética é clara e simples: quando estão em causa os interesses do Estado, não podemos ficar sentados à espera.

E, contudo, a recompensa por este tipo de dedicação e preocupação resulta, muitas vezes, numa vida de agitação política, anos de constante intimidação e vigilância apertada.

We é um documentário que ilustra os perigos de buscar a liberdade num tempo de obscuridade e numa época em que a crítica requer transformação.

Ao descrever a dura realidade enfrentada por três gerações distintas, desde os jovens aos adultos e aos mais velhos, este é um filme que nos leva a compreender as suas angústias, esperanças, desesperos e, acima de tudo, a sua persistência.

20 de Outubro21h30

A Day to Remember (Wangque de Yitian)

Realização: Liu WeiChina, 2005, 13´, Cor

Língua: legendado em portuguêsM/12

Estamos a 4 de Junho de 2005. O cineasta Liu Wei pega na câmara de filmar e dirige-se à Praça Tiananmen e à Universidade de Beijing com uma pergunta na cabeça: que dia é hoje?

À medida que vai colocando esta questão aos vários estudantes e às pessoas com que se cruza, confronta-se com inúmeras respostas evasivas e a recusa da maioria em relembrar os protestos estudantis de há 16 anos.

Muitos afirmam desconhecer os acontecimentos e afastam-se rapidamente, outros limitam-se a olhar para a câmara.

A Day to Remember reflecte o mutismo inquieto em que a memória do dia 4 de Junho caiu e como a revolta desse tempo se mantém, ainda hoje, um tema proibido na China.

E, contudo, com este filme Liu Wei rompe o silêncio explorando o sentimento de negação de uma nação inteira.

Crazy English (Fengkuamg Yingyu)

Realização: Zhang YuanChina, 1999, 52´, Cor

Língua: legendado em português


Promovendo o estudo do inglês como uma obrigação patriótica, Li Yang organiza, desde 1988, centenas de eventos em cerca de 60 cidades chinesas, para mais de 13 milhões de pessoas. Reunindo gente em sítios tão diversos como a Cidade Proibida, a Grande Muralha ou a ponte Marco Polo, Li conduz as pessoas gritando slogans propagandísticos como: “Isto é o sonho americano” e “Eu quero que isto seja o sonho chinês!”.

Retrato do verdadeiro self made man, a quem o público corresponde como se estivesse perante uma estrela pop ou um carismático político, rendido à sua paixão e energia.


22 de Outubro21h30


The Square(Guang Chang)

Realização: Hang Yuan e Dua Jing-chuanChina, 1994, 100’, PB

Língua: legendado em portuguêsM/12

Uma das praças mais conhecidas do mundo – a Praça Tiannamen – vista pela câmara dos realizadores Hang Yuan e Dua Jing-chuan que, deliberadamente, se afastam de quaisquer considerações políticas ou históricas do local.

O documentário é um retrato meticuloso da actividade diária naquela praça: a estátua de um polícia, turistas a tirarem fotografias, o içar e o arriar da bandeira, pessoas a fazerem exercício...

23 de Outubro21h30

In Public (Gong Gong Chang Suo)

Realização: Jia Zhang-Ke China, 2001, 32´, Cor

Língua: Chinês. Legendado em portuguêsM/12

Um documentário que, mais uma vez, sintetiza as preocupações estéticas de Jia Zhang-Ke, mostrando como pessoas diferentes podem viver em diferentes espaços.

Algures num tempo e dimensão suspensos, entre a luz e a penumbra, somos transportados através de vários cenários: estações de comboio, paragens de autocarro, pistas de karaoke ou discotecas.

Filmado em Xanxi, uma das mais antigas províncias da China, o espectador partilha aqui a mesma observação e solidão das personagens que apanham o comboio e depois o autocarro durante o seu trajecto através de uma paisagem de trabalho, de uniformes, de silêncios e solidão. Com In Public, Jia Zhang-Ke construiu mais uma das peças que têm vindo a contribuir para uma visão sensível e complexa da China moderna.

Dong

Realização: Jia Zhang-KeChina, 2005, 70´, Cor

Língua: legendado em português

Dong transporta-nos até à velha cidade de Fengjie, na região das Três Gargantas, condenada a ficar submersa pelas águas da maior barragem do Mundo.

Os trabalhos de demolição contrastam com o trabalho do pintor Liu Xiadong que escolhe 11 trabalhadores para personagens de uma tela que ele quer incluir numa colecção que está a pintar.

Absorvido pela realidade dos trabalhadores e daquela região, o pintor sente a agonia de um mundo que finda.

Da China, Liu Xiaodong parte para a Tailândia, onde prossegue o seu trabalho de pintura escolhendo desta vez para modelos 11 jovens raparigas.

Sob um calor abrasador e uma luz violenta, o artista trabalha sem conhecer a língua nem os costumes do país.

Um retrato da condição humana em duas situações distintas mas que têm em comum a imagem da Ásia.


24 de Outubro21h30

Floating Dust

Realização: Huang WenhaiChina, 2003, 111’, Cor

Língua: legendado em português.M/12

Floating Dust revela os sonhos de gente comum, que se junta num clube de jogos, numa pequena vila de uma das mais pobres províncias do sul da China.

Esta é a história de um grupo de desempregados que, diariamente, se reúnem para discutirem estratégias de jogo, probabilidades de vencerem a lotaria, fórmulas matemáticas que desvendem os segredos da sorte e códigos escondidos na série televisiva Teletubbies.


Os sonhos da fortuna fácil confundem-se, aqui, com um mundo de frustrações e o fim da era das ideologias, apresentando-nos a um universo e a uma realidade completamente novos na China. Tomando a obsessão pelo jogo como ponto de partida, o filme segue, assim, um grupo de personagens entregue ao próprio jogo das suas ilusões de uma vida melhor.





25 de Outubro21h30

Mum (Mama)




Realização: Zhang YuanChina, 1990, 90’, PB e Cor

Língua: legendado em portuguêsM/ 12


Mama, a primeira longa-metragem de Zhang Yuan, foi também o primeiro filme independente a ser concretizado na China desde 1949.

O realizador, que desde o início revelou uma forte inclinação pelos temas controversos da sociedade chinesa, contou com a ajuda financeira de diversos amigos.

O filme centra-se na relação entre uma mãe solteira e o filho deficiente, de 11 anos, desenvolvida no cenário de algumas escolas e instituições especiais de apoio a crianças com necessidades especiais.
Captado num tom realista, Mama combina ficção com documentário e conduz a história num contacto muito próximo com a realidade social em que as suas personagens vagueiam.


26 de Outubro21h30


Red Paradise (Hongse Shenjiang)

Realização: Bai BudanChina, 2007, 7´, Cor




Língua: legendado em portuguêsM/12

Num vale incrustado entre sete portentosas montanhas, está uma pequena aldeia onde os habitantes trabalham arduamente na exploração de carvão, sob a supervisão do grande Partido Comunista.

A aldeia de Laoyaogou situa-se naquela que em tempos foi a terra de Jin do Norte, nos subúrbios de Datong, província de Shanxi.


Nos últimos anos, a aldeia tem ultrapassado todo o tipo de dificuldades e realiza “milagres” consecutivos.
Em 2006, o rendimento total da aldeia era de 75.430.000 yuan e os habitantes pagavam 8.830.000 yuan de impostos.
O rendimento per capita era de 6,187 yuan. Nesse mesmo ano, a aldeia recebeu a distinção de “Civilizada e Harmoniosa Aldeia da Província de Shanxi”.

Os habitantes estão muito gratos a todos os que os ajudaram e, também, ao Partido Comunista.

Little Feet (Xiaojiao Renjian)




Realização: Bai BudanChina, 2005, 114´, Cor

Língua: legendado em português


Aldeia de Xiayao, província de Shanxi. Bai Danu, que desde os sete anos tem os pés enfaixados, e Liu Buhan casaram-se há mais de 40 anos.

Como ambos eram viúvos juntaram os filhos de ambos (dois rapazes e uma rapariga de Bai e as três filhas de Liu). Os seus filhos são já avós e não concordam na melhor maneira de cuidar dos seus velhos pais.

Por isso, embora já tenham mais de 80 anos, os dois saem de casa muito cedo e regressam muito tarde, passando o dia a trabalhar nos campos.

Por causa dos seus pés enfaixados, Bai Nu caminha com a ajuda de duas bengalas e tem de se sentar enquanto trabalha no campo.
A narrativa é entrecortada pelos testemunhos de outras idosas que falam da tradição dos pés enfaixados.

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