quinta-feira, 23 de outubro de 2008

" Jerusalém" estreia no Centro Cultural de Belém



JERUSALÉM
de Gonçalo M. Tavares
De 23 de Outubro a 2 de Novembro 2008
Dias 23, 24, 25, 28, 29, 30, 31 de Outubro e 1 de Novembro às 21H00
Dias 26 de Outubro e 2 de Novembro às 16H00
Pequeno Auditório – Sala Eduardo Prado Coelho
Co-produção: CCB/Teatro O Bando
M/16 anos
Estreou ontem, no Centro Cultural de Belém, Jerusalém, uma peça adaptada do romance homónimo de Gonçalo M.Tavares.

A adaptação é de Rui Pina Coelho e a partir dela João Brites, Luca Aprea e Teresa Lima constroem um espectáculo que nos choca pela sua dureza, por vezes quase insensibilidade, e nos comove pela tranquilidade em que as personagens se movem, distantes umas das outras.

Tão distantes se encontram que os seus desabafos são feitos a um cão que sossegadamente se passeia pelo cenário, alheio à turbulência de sentimentos que por ali perpassa.

"Actores e espectadores habitam a mesma cidade. A cidade foi ocupada. A noção de presente é o factor que reúne a ficção à realidade concreta.
... Elegemos então a noção de presente como âncora aglutinadora do trabalho dos actores. Uns actores que são artistas, uns artistas que se servem das matérias produzidas na orientação da direcção artística para exercitarem no acto teatral as suas próprias convicções.
...Todos os que fazem teatro sabem que o mais complexo e difícil é saber repetir o acto de dizer e de fazer como se fosse a primeira vez que isso acontecesse. Se os grandes protagonistas da linguagem teatral são os actores, como estar em sintonia com o tempo dos espectadores sem abdicar da mais relevante característica do artista, ou seja, a sua capacidade de abstracção e de representação simbólica? Como, actuando no presente, com a qualidade desse acto irrepetível, não entrar num registo de representação de telenovela, na busca de uma naturalidade e de um realismo quotidiano?
...Queremos um teatro que contribua para acordar as consciências, que provoque reacções e que essas reacções possam ter efeitos na cidade e nos habitantes da cidade. Uma cidade que foi usurpada e sorrateiramente ocupada por uma antiética que nem resíduos de culpa deixa."
(João Brites )
Gonçalo M.Tavares assistiu a um ou dois ensaios da peça e a sua reacção foi: " Cortem texto", segundo nos disse o encenador João Brites, e assim fizeram. A linguagem é forçosamente diferente da do livro mas suficientemente forte na sua corporalidade para nos transmitir todo o horror que se pressente nos personagens.
Um espectáculo a preto e branco, com formas e sentimentos definidos mas onde a cor da vida não atenua a sua brutalidade.

BIOGRAFIAS

GONÇALO M. TAVARES
Nasceu em 1970. Há seis anos publicou a sua primeira obra. Recebeu o mais importante prémio do Brasil, Portugal Telecom 2007, o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004 com o romance Jerusalém (Caminho); o Prémio Branquinho da Fonseca da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso com o livro O Senhor Valéry (Caminho); o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com Investigações. Novalis (Difel); e o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, da Associação Portuguesa de Escritores, com água, cão, cavalo, cabeça (Caminho).
Os seus livros deram origem a peças de teatro, objectos de artes plásticas, vídeos de arte, ópera, bem como a teses académicas em Portugal, Brasil e Itália. Vinte e um dos seus livros estão a ser traduzidos e editados em cerca de vinte países. O seu último livro foi o romance Aprender a rezar na Era da Técnica (Caminho).

JOÃO BRITES
Nasce em 1947 em Torres Novas. Artista plástico, cenógrafo, encenador e dramaturgista, é fundador e director do Teatro o bando. Lecciona na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Em Bruxelas frequenta os cursos de Pintura e de Gravura na ENSAAV – La Cambre. No âmbito das artes plásticas realizou exposições individuais e participou em colectivas, encontrando-se a sua obra representada em galerias e museus, portugueses e estrangeiros. A partir de 1971 trabalha como cenógrafo e encenador.
Em 1974 volta para Portugal, onde funda o Teatro o bando, do qual é director. É autor de inúmeros artigos sobre teatro e o processo de criação no bando e de algumas comunicações feitas em congressos da especialidade. Orienta estágios e cursos de formação no domínio do teatro. Encenou espectáculos e eventos no âmbito da Europália e da Lisboa94, e dirigiu a Unidade de Espectáculos da EXPO’ 98. Em 1999 recebe o grau de Comendador da Ordem do Mérito.

LUCA APREA
Forma-se como actor e mimo em Nápoles e em Paris onde estuda na École de Mime Corporel Dramatique dirigida por Steve Wasson e Corinne Soum. Estuda com Dario Fo, Odin Teatret, Yves Lebreton, Philippe Gaulier. Entre 1993 e 1997 lecciona na Real Escuela Superior de Teatro e Danza de Madrid e trabalha como actor com a companhia francesa Théâtre du Mouvement, no projecto Cities, no âmbito da Academy of Gestural Arts - Les Transversales. Paralelamente, desenvolve estudos sobre a corporalidade no campo das artes performativas e da pedagogia. Desde 1998, é professor de Movimento na Escola Superior de Teatro e Cinema. Licenciado pela Université Paris 8 em Artes do Espectáculo, mestre em Psicopedagogia Perceptiva, é actualmente doutorando na Universidade de Motricidade Humana de Lisboa. Director Artístico da Companhia Teatral Invenciones Cosmicómicas de Madrid integra, desde 2003, a Direcção
Artística do Teatro o bando.


TERESA LIMA
É licenciada em Filologia Românica. Fez o curso de Arte de Dizer do Conservatório de Lisboa e o curso de Formação de Actores da Comuna Teatro de Pesquisa. Como bolseira do Conselho da Europa frequentou cursos de voz em França, Bélgica e Suíça. Trabalhou como actriz com a Comuna, com o Novo Grupo e com o Teatro o bando. Como professora ou directora de actores trabalhou com vários encenadores, entre os quais, Fernanda Lapa, Joana Providência, João Ricardo, Jorge Fraga, José Caldas, Miguel Moreira, Ricardo Pais e Rogério de Carvalho. Entre outras iniciativas, actualmente é professora de Voz na ACT – Escola de Actores. Faz parte da Direcção Artística do bando, sendo responsável pela oralidade nos espectáculos desta companhia.
RUI PINA COELHO
Nasce em Évora em 1975. É docente na Escola Superior de Teatro e Cinema desde o ano lectivo de 2006 e 2007, e investigador no Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa, onde colabora no projecto CETbase, e do Centro de Investigação em Teatro e Cinema da ESTC. Colabora com o jornal Público desde Julho 2006, na qualidade de crítico de teatro, e é membro do Conselho Redactorial da revista Sinais de Cena. É Mestre em Estudos de Teatro com a tese intitulada Casa da Comédia – Um palco para uma ideia de teatro. É membro fundador da Trimagisto – Cooperativa de Experimentação Teatral, em Évora.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA


Texto GONÇALO M. TAVARES
Dramaturgia, encenação e espaço cénico JOÃO BRITES

Corporalidade LUCA APREA

Oralidade TERESA LIMA

Análise literária e dramatúrgica RUI PINA COELHO

Figurinos e adereços CLARA BENTO

Desenho de luz JOÃO CACHULO

Interpretação CRISTIANA CASTRO, HORÁCIO MANUEL, JOÃO BARBOSA, NICOLAS BRITES, RAUL ATALAIA, ROSINDA COSTA e SUZANA BRANCO

Assistência à direcção SARA DE CASTRO

Relações institucionais HUGO SOUSA

Gestão e relações internacionais RAUL ATALAIA

Montagem FÁTIMA SANTOS

Apoio técnico GUILHERME NORONHA e SÉRGIO MILHANO

Comunicação MIGUEL JESUS

Formação SUZANA BRANCO

Tesouraria CRISTINA SANCHES
Relações com públicos organizados LIA NOGUEIRA

Acolhimento MANUELA MENA

Caseiro ISAAC REIS

Direcção da cooperativa JOÃO BRITES, RAUL ATALAIA e RUI FRANCISCO

Cooperantes ADELAIDE JOÃO, ANA BRANDÃO, ANTÓNIA TERRINHA, BIBI GOMES, CLARA BENTO, FÁTIMA SANTOS, GONÇALO AMORIM, HORÁCIO MANUEL, ISABEL ATALAIA, JOÃO BRITES, JORGE SALGUEIRO, LIMA RAMOS, MIGUEL MOREIRA, NICOLAS BRITES, PAULA SÓ, PEDRO GIL, RAUL ATALAIA, RUI FRANCISCO, SARA DE CASTRO, SUZANA BRANCO

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