terça-feira, 13 de maio de 2008

"O segredo do Cuzcuz" estreia dia 15



O SEGREDO DO CUSCUZ

de Abdellatif Kechiche.


Slimane
é um homem velho e cansado que é despedido do porto francês onde trabalha.


Ele encontra um novo objectivo de vida quando a sua extensa família, incluindo a sua mulher separada e a sua amante, que é dona do hotel onde ele reside, decidem abrir um restaurante de cuscuz.

Mas a noite de estreia tem algumas surpresas consequentes.

Abdellatif Kechiche apresenta a sua experiência sábia, ambiciosa e realista, explorando temas pessoais e sociais.



NOTA DE INTENÇÕES


Parti de uma pura fantasia popular, o género de histórias que se gosta de contar nos bairros, o mito daqueles que “se safaram”, dito de outra forma, que escaparam à escravidão moderna que representa uma situação profissional precária, ao criarem o seu próprio negócio; para o tratar com uma certa ironia e capacidade em soltar o relato que permite a escolha narrativa do conto.


Trata-se portanto de um relato de aventuras, onde a dimensão humana das personagens, mesmo quando elas se encontram num grupo, ou numa acção forte, como é o caso na precipitação dramática da segunda parte,tendem a constituir o motivo central.


Isto abstendo-me de me concentrar e de manter o interesse em volta desta acção principal, à qual me apego pela sua forte dimensão simultaneamente eufórica e simbólica, era para mim, paradoxalmente, importante deixar livre curso às digressões que se pudessem vir encavalitar ao relato, como a tantas escapadelas justificadas pelo simples prazer contemplativo dos acontecimentos da vida quotidiana desta novela familiar.


A aliança entre a dimensão romanesca, e a devolução das personagens e do seu ambiente, é para mim primordial pois, por um lado, o meio descrito é aquele ao qual pertenço, e por outro, porque é também em reacção a esses esquemas ainda demasiado frequentemente redutores, que eu queria representar esta família de “Franceses-Árabes” na sua complexidade, e investida na abertura de um restaurante familiar, portanto voltada para um futuro que não seja forçosamente sinónimo da negação da sua própria singularidade.


Isto diz o realizador sobre o seu próprio filme. Assim revela Kechiche o fio condutor desta história que conta o dia a dia sofrido de emigrantes árabes, contentes mas não muito com as condições que lhes são facultadas.
O Hardmusica.com guarda deste filme a memória de uma história de quotidiano, bela e violenta dentro do seu tom trágico.
A estreia é dia 15.
Um filme a não perder.

Sem comentários: