quinta-feira, 31 de maio de 2007

Biblioteca nacional inaugura exposição


A Biblioteca Nacional de Portugal inaugura hoje, pelas 18:30h., a exposição intitulada «As mãos da escrita», com o patrocínio da REN – Redes Energéticas Nacionais, numa evocação dos 25 anos do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da BNP que incorpora espólios de inúmeros escritores e diversos núcleos documentais de importantes figuras, sobretudo dos séculos XIX e XX.

Com a finalidade de relevar o manuscrito autógrafo nas suas múltiplas facetas – antes de mais, como monumento do património cultural, mas também testemunho do processo de criação textual, além de documento das marcas físicas do autor nos seus materiais de trabalho –, a exposição valoriza a importância deste tipo de materiais e da sua conservação. Sugestivamente, a partir de um auto-retrato de António Pedro – que se representa assinando o seu nome –, a mostra relaciona a escrita e os homens, o autor e os seus papéis, o autor e os papéis dos outros, a correspondência de papéis, os papéis e o seu tempo – escrita que as mãos manipulam, da banca de trabalho do autor à oficina de trabalho do seu estudioso.

Foi a partir do século XVIII que os manuscritos literários emergiram em todo o seu valor, igualmente na multiplicidade de suportes e com a variedade de instrumentos de escrita, até ao mais exuberante exemplar das marcas do escritor e rico testemunho do processo de criação literária. Sobretudo, nos últimos dois séculos, de Almeida Garrett a Eça de Queirós, de Fernando Pessoa a José Saramago, a sobrevivência dos materiais de trabalho do escritor vem permitir que, na multiplicidade de gestos inscritos nos seus papéis – esboços, desenhos, listas, rasuras, rescritas –, um estudo mais aprofundado seja postumamente perseguido para uma melhor compreensão dos seus processos de construção da palavra. E, para além da correspondência entre autores de que as missivas trocadas oferecem um mundo de relações, cada autor é ainda, por vezes, um elo de ligação com os papéis de outros autores como tradutor, adaptador, crítico particular ou simples coleccionador, ampliando aquele mundo cada vez mais complexo dos manuscritos originais.

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