domingo, 5 de outubro de 2008

Cravo e Teatro a ver em Óbidos


E

TRÊS MÁSCARAS E UM PRÓLOGO



A peça põe frente a frente três personagens maiores da história do teatro europeu: Mefistófeles, do mito do Fausto, comprador de almas, que marcou presença nas obras de autores como Marlowe, Goethe, Thomas Mann e Pessoa; Columbina, a criada e enamorada que na Commedia dell’Arte partia corações a criados e patrões; Pierrot, personagem da pantomima que Charles Debureau imortalizou em Paris no séc. XIX, no Théâtre des Funâmbules, e que pintores e poetas representaram ao longo do sec. XX como a imagem da pureza e do amor leal.

Sinopse

José Régio prepara-nos o cenário para reunir estas três personagens: Na antecâmara dum salão onde se festeja uma última noite de carnaval, três mascarados irrompem excitados pelo apelo ao jogo e à sedução a que as máscaras incitam. E o jogo é simples: Pierrot e Mefistófeles disputam o coração de Columbina que espera ser cativada por aquele que melhor exerça a arte de seduzir...
A forma, o sentido e o tom dessa disputa são os ingredientes deste texto, em que o teatro questiona a possibilidade do amor existir enquanto dupla expressão dum modo e dum sentimento.
Oscilamos entre duas leituras: «o amor como expressão dum teatro, ou o teatro como expressão do amor?»
Numa sequência hilariante de situações que envolvem e dão corpo a esta disputa, os três actores desafiam as leis da lógica, da razão e do artifício teatral para darem a ver como o amor pode surgir do imprevisto, do momento desacautelado, da fantasia ébria, em que um olhar, um gesto ou uma palavra adquirem o poder de desarmar o coração.
Mais, dão a ver ao espectador como o acto teatral pode surgir de quase nada, das pequenas construções de sentido ou da utilização dum objecto, revelando em directo o aparecimento de cada personagem a partir do seu próprio «esqueleto histórico», num prólogo «inventado» e muito divertido.

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