quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Maria João Pires no seu primeiro concerto desta temporada no Centro Cultural de Belém




MARIA JOÃO PIRES artista associada da


Temporada 2008/2009 Centro Cultural de Belém




Entre Setembro de 2008 e Abril de 2009, a artista portuguesa apresenta-se por três vezes no CCB, consolidando a relação de colaboração artística iniciada em Abril de 2007, quando actuou na primeira edição do Festival Dias da Música em Belém.


Maria João Pires inicia a sua associação à temporada do CCB com um concerto dedicado a Beethoven, no âmbito do projecto Beethoven 2008. Em Janeiro, a pianista apresenta um programa consagrado a Chopin, interpretando algumas das últimas páginas do compositor polaco; e em Abril, com um programa inteiramente dedicado a Haydn e Mendelssohn, associa-se à evocação destes dois grandes compositores, que prosseguirá ao longo do ano.




BEETHOVEN 2008: UM SERÃO MUSICAL


Maria João Pires & Companhia19 Setembro ● 21h ● Grande Auditório ● CCB




Maria João Pires > piano


Pavel Gomziakov > violoncelo


Rufus Müller > tenor




PROGRAMA


Parte I


Ludwig van BEETHOVEN


1- Adelaide, op. 46Einsam Wandelt dein Freund im Frühlingsgarten


2 - Sonata para piano e violoncelo nº 1, em Fá maior, op.5 n.º1Adagio sostenuto – AllegroRondo. Allegro


3 - Mit einem gemalten Band, op.83 n.º3Kleine Blumen, kleine Blätter


4 - Wonne der Wehmut, op.83 n.º1Trocknet nicht, trocknet nicht,Tränen der ewigen Liebe.


5 - Abendlied unterm gestirnten Himmel, WoO 150Wenn die Sonne nieder sinket.


6 - Die laute Klage, WoO 135Turteltaube, du klagest so laut.


7 - 32 Variações para piano sobre um tema original em Dó menor, WoO 80




Parte II


Franz SCHUBERT


1 - Der Zwerg, op. 22, n.º1, D 771


2 - Sonata para violoncelo e piano, Arpeggione


3 - Im Haine, op.56, n.º3


4 – Nachtstück, op.36, n.º2


5 - Im Frühling, D.882


6 - Ludwig van BEETHOVEN


Sonata para piano e violoncelo nº2 em Sol menor, op. 5 n.º 2Adagio sostenuto ed espressivo – Allegro molto più tosto prestoRondo. Allegro


7 - Franz SCHUBERT


Der Musensohn, op 92, n.º 1


8 - Nacht und Träume, op.43, n.º 2, D.827


NOTAS SOBRE:


MARIA JOÃO PIRES


Maria João Pires
nasceu a 23 de Julho de 1944, em Lisboa. Tocou pela primeira vez em público em 1948. Em Portugal estudou com Campos Coelho e Francine Benoit, e mais tarde, na Alemanha, com Rosl Schmid e Karl Engel.
Gravou para a editora Erato durante 15 anos e, nos últimos 17 anos, para a Deutsche Grammophon.
Desde 1970 tem-se dedicado à reflexão sobre a influência da arte na vida, na comunidade e na escola, tentando desenvolver novos meios de implementação das teorias pedagógicas na sociedade.

Pesquisou novas formas de comunicação que respeitam o desenvolvimento pessoal, em oposição à lógica destrutiva e materialista da globalização.

Em 1999, Maria João Pires criou o Belgais, um centro para o estudo das Artes, tendo actualmente alargado a filosofia e pedagogia de Belgais à cidade da Baía, no Brasil.
Em 2005 criou o Art Impressions, um grupo experimental de teatro, dança e música e, em conjunto, produziram dois projectos – "Transmissions", e em 2007 "Schubertiade".


RUFUS MÜLLER


No seguimento de uma actuação recente no Carnegie Hall, o The New York Times escrevia a respeito do tenor anglo-germânico Rufus Müller: "...de longe, o melhor tenor que já ouvi num concerto ao vivo de Messiah."

É o Evangelista nas Paixões de Bach, e a sua interpretação única e dramática do personagem veio confirmar o seu estatuto de um dos cantores mais requisitados do mundo.

Apresentou-se na estreia mundial da aclamada produção da Paixão segundo São Mateus de Jonathan Miller, que também gravou para a United e transmitida pela BBC TV; recentemente, repetiu a sua actuação numa reposição da produção na Brooklyn Academy of Music, em Nova Iorque.
No domínio da oratória e da ópera trabalhou com maestros prestigiados, como Franz Welser-Möst, Sir John Eliot Gardiner, Roger Norrington, Ivor Bolton, Richard Hickox, Nicholas McGegan, Gustav Leonhardt, Frans Brüggen, Trevor Pinnock, Philippe Herreweghe, Joshua Rifkin, Andrew Parrott, Nicholas Kraemer e Ivan Fischer. Tem actuado a solo no Wigmore Hall e no Barbican Concert Hall em Londres, bem como para a BBC Radio, e em Munique, Tóquio, Barcelona, Madrid, Utreque, Paris, Salzburgo e Nova Iorque.

Apresenta-se regularmente com a pianista Maria João Pires, com quem já actuou em Espanha, Portugal, Alemanha, Irlanda, Japão e Reino Unido.
Nos seus papéis na ópera destacam-se Tamino (Garsington Opera) Lucano em L'Incoronazione di Poppea (Houston Grand Opera), as personagens principais em Pygmalion de Rameau e Persée de Lully (Opera Atelier em Toronto), em Orfeo de Monteverdi (Opera Zuid na Holanda), Aminta em Euridice de Peri (Opéra de Normandie), Alessandro em Poro de Handel (Halle) e Lurcanio em Ariodante de Handel em Göttingen com Nicholas McGegan gravado para o CD premiado pela Harmonia Mundi EUA.

Cantou também Tersandre em Roland de Lully com René Jacobs, em Paris, Lisboa e Montpellier, Giuliano em Rodrigo de Handel em Siena, Castor em Castor et Pollux de Rameau em Magdeburg, Il Ritorno di Ulisse in Patria em Atenas, Florença e Cremona, Oronte em Alcina com Paul Goodwin e a Academia de Música Antiga em Montreux e Poissy, e Soliman em Zaide com Ivor Bolton e a Freiburg Baroque Orchestra em Londres.

Outras gravações incluem a Paixão Segundo S. João e as Cantatas de Bach com John Elliot Gardiner para a DG Archiv, A Flauta Mágica de Mozart e a Choral Fantasia de Beethoven com Roger Norrington para a EMI, First Book of Airs de Dowland com o alaudista Christopher Wilson para a ASV, O tuneful voice de Haydn e canções de Benda com a soprano Emma Kirkby, e três gravações com canções do século XIX com Invocation, todas para a Hyperion, Admiralitätsmusik de Telemann na CPO, cantatas a solo de Telemann na Capriccio, Evidence of Things Not Seen de Ned Rorem com o New York Festival of Song para a New World Records, e canções de Franz Lachner com Christoph Hammer para a Oehms Classics.
As suas recentes actuações como o Evangelista tiveram lugar em Lucerna, Munique, Toronto, Calgary, Nova Iorque, Londres, Birmingham, Gotemburgo, Estocolmo, Copenhaga, Dortmund e no Killaloe Festival na Irlanda e no Berkshire Choral Festival nos EUA.

Das suas muitas interpretações do Messiah incluem-se récitas no Carnegie Hall em Nova Iorque, uma digressão em Espanha transmitida pela televisão com Trevor Pinnock e o English Concert, bem como apresentações no Canadá, Dinamarca, Noruega, Suécia e Reino Unido. Muitos outros concertos tiveram lugar como as Cantatas de Bach com John Eliot Gardiner em Londres, obras de Bach e Handel com a Philhamonia Baroque Orchestra e Nicholas McGegan em São Francisco, uma digressão europeia de Casals El Pessebre com a Berlin Symphony Orchestra Magnificat de Bach no BBC Proms, e Dies Natalis de Finzi com a Orchestra della Svizzera Italiano e Thierry Fischer.
Em recital, merecem especial destaque Die Schöne Müllerin de Schubert, em Munique e Barcelona, um concerto no âmbito da exposição de Burne-Jones no Museu de Orsay, em Paris, o Mozart Festival em Salzburgo, e actuações com o New York Festival of Song.

A temporada de 2006/2007 teve como pontos altos a Harmoniemesse de Haydn com a Cleveland Orchestra, a Missa em Dó menor de Mozart em Uppsala, Suécia, Messiah em Washington DC, Toronto e Nova Escócia, Die Erste Walpurgisnacht de Mendelssohn na Gran Canaria, o Evangelista na Paixão segundo São Mateus em digressão com a Orchestra of the Age of Enlightenment, e recitais no Wigmore Hall e em Espanha com Maria João Pires.
Rufus Müller nasceu em Kent, Inglaterra, e estudou canto no New College em Oxford. Actualmente está a estudar em Nova Iorque com Thomas LoMonaco.

Em 1985 ganhou o 1º Prémio no English Song Award em Brighton, e em 1999 foi premiado na Oratorio Society of New York Singing Competition.

É professor assistente convidado de música no Bard College.


PAVEL GOMZIAKOV


Nasceu na cidade de Tchaikovski, nos montes Urais na Rússia, em 1975.

Iniciou os seus estudos de violoncelo aos 9 anos.

Aos 14, mudou-se para Moscovo, onde estudou na Gnessin School, e, mais tarde, no Conservatório Estatal de Moscovo, com o professor Dmitri Miller.
Em 2000, prosseguiu os estudos com a professora Natalia Schakhovskaya na Escola Superior de Música Reina Sofia, em Madrid.

Mais tarde, graduou-se no “ciclo de aperfeiçoamento” do Conservatório Nacional de Paris, na classe de Philippe Müller.
Como solista e intérprete de música de câmara, Pavel apresentou-se por todo o mundo, colaborando com artistas como Eldar Nebolsin, Zakhar Bronn, Gerard Causse, Jose-Luis Garcia Asencio, Jesus Lopez Cobos, Anthony Ros-Marba, entre muitos outros.
Toca num violoncelo Bernardel-pere de 1865 fabricado em Paris, cortesia da Zilber Association.
Desde a sua actuação com Maria João Pires no Festival Escorial em Espanha, têm-se apresentado muitas vezes em conjunto pela Europa, Extremo Oriente e América do Sul.

No Outono de 2008 será lançado um CD das Sonatas para violoncelo de Chopin, com Pavel e Maria João Pires, pela editora Deutsche Grammophon.


LUDWIG VAN BEETHOVEN


(Bona, 16 de Dezembro 1770 – Viena, 26 de Março 1827)
Beethoven foi um dos compositores mais importantes da história da música ocidental. Revolucionário por natureza, fez evoluir a linguagem musical do classicismo para o romantismo, espelhando assim a conturbada realidade política e social do início do século XIX.

Mais ainda, a imagem que hoje temos do compositor continua a ser o arquétipo da imagem do artista, o que não impede que a música de Beethoven esteja entre as mais celebradas, populares e interpretadas.
Beethoven nasceu em Bona, no dia 16 de Dezembro de 1770.

O pai e, sobretudo, o avô estavam ligados à música e foi do primeiro que obteve as suas primeiras aulas.

Em 1779 torna-se aluno de Christian Gottlob Neefe e, cinco anos mais tarde, seu assistente como organista da corte do Eleitor.

Em 1786, Beethoven visita Viena pela primeira vez, mas é em 1792 que, com o apoio do conde Waldstein, o jovem músico se instala na cidade.

O pretexto era estudar com J. Haydn, o que só acontece esporadicamente, sendo que Beethoven tem também aulas com Schenk, Albrechtsberg e Salieri.

Nesta época, era sobretudo conhecido como pianista e improvisador virtuoso, mas em 1795, com a edição dos Trios com Piano, op. 1, começa também a estabelecer-se como compositor.

Em 1798 descobre que sofre de surdez progressiva e embora só tenha ficado completamente surdo por volta de 1819, este é foi um factor determinante na sua vida e na sua criação.
Entre a publicação do seu primeiro opus e a sua morte, em Março de 1827, Beethoven prosseguiu uma brilhante carreira como pianista (até 1815) e como compositor, tornando-se muito popular em Viena e no estrangeiro, mesmo se as relações com o público nem sempre foram pacíficas.

O funeral do compositor foi um verdadeiro evento nacional e o cortejo foi seguido por vários milhares de pessoas.
Costuma-se dividir a carreira de Beethoven em três fases distintas (ou em quatro, se considerarmos os anos passados em Bona), e embora esta divisão seja discutível, é extremamente útil para perceber a evolução estilística da sua obra.

O primeiro período vai da sua chegada a Viena até 1802, e é durante estes anos que o compositor se estabelece como pianista e desenvolve as suas capacidades como compositor, nomeadamente ao assimilar as técnicas utilizadas pelos seus contemporâneos.
Em 1802 surge o Testamento de Heiligenstadt em que o compositor considera a hipótese de se suicidar – sobretudo por causa dos problemas crescentes de perda de audição –, e é aqui que se inicia o período intermédio.

Durante os mais de dez anos que se seguem, Beethoven compõe várias das suas obras mais importantes e revolucionárias.

Esta década, que se inicia em 1803-1804 com a Sinfonia Eroica, é muitas vezes apelidada de “década heróica”, por causa da natureza particularmente triunfante e gloriosa de algumas obras.
O período final tem um início bem menos definido do que o anterior. A partir de 1812-1813, Beethoven vê-se confrontado com inúmeros problemas pessoais: à perda de audição e à desilusão em relação à situação política na Europa, vêm-se juntar problemas de ordem sentimental, financeira e familiar – em 1815 o seu irmão Caspar Carl morre e o compositor entra numa batalha legal para assegurar a guarda do seu sobrinho Karl.

Consequentemente, e no que diz respeito a obras significativas, estes são uns anos pouco produtivos para Beethoven, sobretudo se considerarmos a década anterior.

Mas, nos últimos dez anos de vida (sobretudo a partir de 1818, ano em que acaba a Sonata para Piano op. 106, Hammerklavier), Beethoven compõe algumas das suas obras mais significativas e influentes.

Além de introspectivas e enigmáticas, como é o caso das últimas sonatas para piano e dos últimos quartetos de cordas, as obras deste último período estilístico apresentam também uma complexidade formal e harmónica inovadora.

Foram sobretudo estas últimas obras que inspiraram os compositores do século XIX e que propulsionaram a música para o romantismo.


Franz Schubert (1797-1828)


Compositor austríaco, nasceu e morreu em Viena. Em 1808 foi admitido como soprano na capela imperial, passando a viver no Konvikt. Em 1812 foi aluno de teoria musical com Salieri.

A sua inspiração criadora foi herdada de Mozart e Haydn, ambos determinantes no seu estilo, tendo também reconhecido na música do seu contemporâneo Beethoven “um ideal inatingível”. Realizou-se plenamente no domínio lírico, especificamente no Lied, género que os seus antecessores ainda não tinham abordado.

Entre a abundante produção de Schubert, as sonatas são injustamente negligenciadas, facto que se deve principalmente ao relativo desconhecimento desta parte do repertório schubertiano.
Schubert representa a personalidade contemplativa, viajante solitário com aspirações panteístas.

A sua música reflecte essa ânsia de fuga e de lirismo, é prolixa, fértil em prolongamentos e digressões, repetitiva.

Na realidade, a mais bela da sua música é feita de reminiscências de temas inesquecíveis. Ao génio melódico, alia-se o génio modulador do compositor, que oscila incessantemente entre tonalidades maiores e menores, alargando o domínio da tonalidade e definindo as fronteiras da atonalidade.

Em Schubert, a escrita pianística toma as cores da intimidade e da espontaneidade; a sua fantasia transcende as regras, para cantar a ternura ou a melancolia risonha.

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