sexta-feira, 2 de maio de 2008

Festival Pina Bausch em Lisboa



A coreógrafa alemã Pina Bausch, que revolucionou o mundo da dança nos anos 70, atribuiu hoje à sorte o reconhecimento de que tem sido alvo ao longo da sua carreira.
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"Não sei como é que aconteceu... tenho tanta sorte, que nem consigo expressar em palavras (...) Acho que é tão belo que a dança obtenha um tal reconhecimento! Sinto-me honrada de muitas maneiras", disse a coreógrafa de 67 anos, em conferência de imprensa, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

A mais famosa das coreógrafas da actualidade encontra-se na capital portuguesa para participar em "Um Festival Pina Bausch", uma iniciativa conjunta do Teatro São Luiz e do CCB, no âmbito da qual serão apresentados, entre 02 e 09 de Maio, três espectáculos seus, bem como filmes sobre a sua obra, estando ainda previstas conversas com o público.
Todas as suas peças têm histórias associadas, comentou.

Por exemplo, em "Nefés", a peça sobre a cidade de Istambul com que o festival abre, sexta-feira e sábado, no grande auditório do CCB, os bailarinos tentaram, quando ela estreou, falar em turco, porque tentam sempre aprender a língua do país em que estão a apresentar o espectáculo.

"A primeira noite foi incrível", frisou, porque um dos bailarinos mostrou ao público uma fotografia da sua família, depois os outros bailarinos também mostraram as suas e, de repente, as pessoas na plateia puxaram das carteiras e começaram a mostrar as fotografias das suas famílias.
"Criou-se ali uma relação, uma comunicação, e foi comovente", observou.

Sobre o critério de escolha dos seus bailarinos, cuja origem, características e até idade divergem dos padrões habituais, disse que procura "sempre bailarinos muito bons".
"Mas estou especialmente interessada na sua personalidade, na sua sensibilidade (...) [Criar uma peça] é uma viagem que fazemos juntos, porque ao início não nos conhecemos realmente", sublinhou, acrescentando que não adianta "falar sobre as coisas, há que fazê-las".
Na sua opinião, os bailarinos da companhia Tanztheater Wuppertal "são todos muito especiais e todos muito diferentes".
Acerca de "Masurca Fogo", a coreografia que lhe foi encomendada para o Festival dos 100 Dias da Expo 98 e que sobe ao palco do CCB a 07, 08 e 09 de Maio, Pina Bausch afirmou que, dez anos depois, houve coisas que mudaram na peça, "algumas pessoas mudaram, uma das senhoras está grávida... mas a peça é sempre muito bem recebida".
"Por causa desta peça, vocês [portugueses] estão muito próximos de nós. Esta peça é parte do nosso corpo, agora. Essa proximidade fica connosco e levamo-la a outros países", explicou.

A propósito de "Café Müller", peça emblemática que será apresentada no São Luiz a 04, 05, 08 e 09 de Maio, que criou em 1978 e de que é uma das intérpretes, a coreógrafa agradeceu a possibilidade de subir ao palco e dançar novamente, porque depois dessa peça, nunca mais o fez.
"Pensava sempre `para o ano que vem, para o ano que vem`, mas depois esse ano nunca veio... por isso, obrigada pela oportunidade de dançar outra vez", concluiu.
Texto Lusa
Fotos CCB

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