Festival Pina Bausch em Lisboa
A coreógrafa alemã Pina Bausch, que revolucionou o mundo da dança nos anos 70, atribuiu hoje à sorte o reconhecimento de que tem sido alvo ao longo da sua carreira.
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"Não sei como é que aconteceu... tenho tanta sorte, que nem consigo expressar em palavras (...) Acho que é tão belo que a dança obtenha um tal reconhecimento! Sinto-me honrada de muitas maneiras", disse a coreógrafa de 67 anos, em conferência de imprensa, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
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A mais famosa das coreógrafas da actualidade encontra-se na capital portuguesa para participar em "Um Festival Pina Bausch", uma iniciativa conjunta do Teatro São Luiz e do CCB, no âmbito da qual serão apresentados, entre 02 e 09 de Maio, três espectáculos seus, bem como filmes sobre a sua obra, estando ainda previstas conversas com o público.
Todas as suas peças têm histórias associadas, comentou.
Por exemplo, em "Nefés", a peça sobre a cidade de Istambul com que o festival abre, sexta-feira e sábado, no grande auditório do CCB, os bailarinos tentaram, quando ela estreou, falar em turco, porque tentam sempre aprender a língua do país em que estão a apresentar o espectáculo.
"Criou-se ali uma relação, uma comunicação, e foi comovente", observou.
Sobre o critério de escolha dos seus bailarinos, cuja origem, características e até idade divergem dos padrões habituais, disse que procura "sempre bailarinos muito bons".
"Mas estou especialmente interessada na sua personalidade, na sua sensibilidade (...) [Criar uma peça] é uma viagem que fazemos juntos, porque ao início não nos conhecemos realmente", sublinhou, acrescentando que não adianta "falar sobre as coisas, há que fazê-las".
Na sua opinião, os bailarinos da companhia Tanztheater Wuppertal "são todos muito especiais e todos muito diferentes".
Acerca de "Masurca Fogo", a coreografia que lhe foi encomendada para o Festival dos 100 Dias da Expo 98 e que sobe ao palco do CCB a 07, 08 e 09 de Maio, Pina Bausch afirmou que, dez anos depois, houve coisas que mudaram na peça, "algumas pessoas mudaram, uma das senhoras está grávida... mas a peça é sempre muito bem recebida".
"Por causa desta peça, vocês [portugueses] estão muito próximos de nós. Esta peça é parte do nosso corpo, agora. Essa proximidade fica connosco e levamo-la a outros países", explicou.
A propósito de "Café Müller", peça emblemática que será apresentada no São Luiz a 04, 05, 08 e 09 de Maio, que criou em 1978 e de que é uma das intérpretes, a coreógrafa agradeceu a possibilidade de subir ao palco e dançar novamente, porque depois dessa peça, nunca mais o fez.
"Pensava sempre `para o ano que vem, para o ano que vem`, mas depois esse ano nunca veio... por isso, obrigada pela oportunidade de dançar outra vez", concluiu.
Texto Lusa
Fotos CCB
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