quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Salvem o Conservatório Nacional de Lisboa




O estado de degradação do salão nobre do Conservatório Nacional de Lisboa levou o Movimento Fórum Cidadania a lançar uma petição na Internet a exigir obras de recuperação do espaço centenário.
O salão nobre da Escola de Música do Conservatório Nacional, palco de audições de alunos e de espectáculos de música, apresenta cadeiras partidas, alcatifas gastas, fios eléctricos visíveis, paredes esburacadas e um balcão lateral suportado por varões de ferro por estar em risco de ruir.

O alerta para o actual estado de degradação do salão nobre foi dado pelo Movimento Fórum Cidadania de Lisboa, com o lançamento de uma petição online (http://cidadanialx.blogspot.com) e uma carta aberta dirigida às ministras da Educação e Cultura a exigir obras de recuperação.
Dirigida às tutelas da Educação e da Cultura, assim como ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, a petição, que conta com cerca de noventa assinaturas, questiona o cancelamento de um concurso público para a realização de obras, que data de 2005.
Segundo os autores da petição, o salão nobre não sofre obras de remodelação desde a década de 40.
Por se tratar de "um equipamento cultural indispensável" para o Conservatório e "um pólo dinamizador" no Bairro Alto, "desde há anos que, insistentemente, se reclama, aos organismos competentes, obras", referem os autores da petição.
A carta aberta é assinada por várias pessoas, entre os quais o olissipógrafo Appio Sottomayor, o economista Fernando Jorge e os arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Pedro Quartin Graça. Com mais de 170 anos, o conservatório está situado no antigo Convento dos Caetanos, no Bairro Alto, e é da responsabilidade da Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL).
O director regional de Educação de Lisboa, José Leitão, explicou hoje à agência Lusa que no início deste ano foi criada uma entidade empresarial dependente do Ministério da Educação, denominada Parque Escolar, que está encarregue da recuperação das escolas secundárias, incluíndo as escolas de música e dança e o Instituto Gregoriano de Lisboa.
"Estas três escolas estão incluídas no plano das que serão intervencionadas e neste momento creio que está a ser preparada uma calendarização" para a realização de obras de intervenção, assinalou José Leitão.
No caso do Conservatório, o responsável indicou que se tratará de "uma reabilitação global" e não apenas no salão nobre.
Em entrevista à Lusa no início deste ano, o presidente do conselho executivo da Escola de Música do Conservatório, António Wagner Diniz, afirmou que as obras gerais de recuperação tanto do salão como do edifício do Conservatório custariam cerca de 1,5 milhões de euros.
"Já fizemos tudo o que nos era possível fazer", afirmou na altura o responsável pela mais antiga escola de ensino oficial de música, referindo ainda que o edifício não está incluído no plano de reabilitação da Baixa-Chiado.
Quanto a uma possível mudança do conservatório para um edifício novo, Wagner Diniz sublinhou que a escola "está a desempenhar um papel importante nesta zona da cidade [Bairro Alto]", por ser uma zona envelhecida. "
Graças a nós há cerca de 1.600 pessoas que semanalmente percorrem essa zona, vêm buscar os filhos (...) e achamos que este edifício, com as devidas obras, pode desempenhar a sua função por mais cem ou duzentos anos", sublinhou o responsável.
A escola de música do conservatório nacional foi fundada em 1835 sob a direcção do compositor Domingos Bomtempo.
O salão nobre, cujos textos são da autoria de José Malhoa, foi inaugurado em 1881 segundo um projecto do arquitecto Eugénio Cotrim.

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