sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Fronteira do Amanhecer estará nas salas de cinema a partir do dia 20


FRONTEIRA DO AMANHECER DE PHILIPPE GARREL

Carole é uma estrela de cinema.
Vive sozinha porque o seu marido a abandonou e foi para Hollywood.
Um fotógrafo vai a casa dela fazer uma reportagem para um jornal. Tornam-se
amantes.
Conseguirá François esquecer este amor louco e enfrentar uma existência
normal?

Com A FRONTEIRA DO AMANHECER, Philippe Garrel expõe-nos à sombria luz da pura paixão.
Laura Smet é fascinante, entre femme fatale e fantasma carnal .
Os cabelos apanhados, para não apanharem a água do banho, uma jovem mulher que recusa que o seu amante tire uma fotografia. «Assim não.». Sorrateiramente não. A nuca não. Que ela seja actriz e ele fotógrafo não muda nada. Que eles se encontrem sobre uma imagem que tem de ser feita e que tenham sido encandeados por um flash amoroso não autoriza a sobrexposiçao.
O amor vem do íntimo, o que está por fora não tem direito: a vergonha pertence-lhe.

François e Carole amam-se num apartamento com as persianas fechadas, que é do marido de Carole (que está fora, por muito tempo), em quartos de hotel impessoais, nos parques ao abrigo dos olhares.
O círculo do cenário de Garrel não mudou muito em quarenta anos. A fronteira está ali: os lugares que são o seu domínio privado, onde não há lugar para três.
Não há nada além do espectador, escondido na sombra, para os espiar e ouvir – e a casa de banho é de um branco brilhante esta noite quando subitamente Carole confessa a François que «por vezes faz disparates».
Disparates que a colocam em profundos comas. Carole, ansiosa e suicida. Até colocar uma questão terrível: «amar-me-ias se eu fosse louca?». François fica, talvez, com medo e Carole é internada. O amor, brutalmente, torna-se letra morta. O corpo de Carole atira-se por terra
– álcool, mal de amores e medicação – até nunca mais.
François reaprende a viver. Uma outra jovem mulher, Eve, de outros medos misturados com outros desejos ( «vais amar-me quando eu ficar gorda?», diz ela grávida dele), mas no momento em que o conforto adulto se instala, Carole volta para o assombrar. As suas visitas podem ter uma explicação totalmente freudiana, quando o filme continua a pô-las em cena de forma romântica e negra.
Um filme de pendência mórbida onde ter esperança é "quase" proibido. Tudo é nebuloso e enevoado até os próprios sentimentos. Quando se afirmam tornam-se destruidores e destroem quem os sente.
FRANÇOIS- LOUIS GARREL
CAROLE- LAURA SMET
EVE -CLÉMENTINE POIDATZ
Realização PHILIPPE GARREL
Argumento PHILIPPE GARREL, MARC CHOLODENKO, ARLETTE LANGMANN
Fotografia WILLIAM LUBTCHANSKY

Sem comentários: