Festa do Avante 2008
FESTA DO AVANTE 2008
Depois de uma abertura muito chuvosa que obrigou ao cancelamento de alguns espectáculos nomeadamente a noite de ópera que contava com a participação da Orquestra Sinfónica Ginásio Ópera e de artistas do canto lírico nacionais e estrangeiros, a Festa do Avante já com o sol a brilhar, continuou para satisfação dos milhares de visitantes presentes na Atalaia.
A Festa do Avante é um acontecimento eminentemente político que marca, anualmente o início da actividade política do Partido Comunista Português.
No entanto e paralelamente nesta Festa concentram-se inúmeros eventos de carácter predominantemente cultural que vão desde a Feira do Livro e do Disco, aos Debates no Forum sobre diversos assuntos da actualidade nacional e internacional, às peças no Avanteatro, aos concertso no palco 1º de Maio e aos mega concertos no palco 25 de Abril.
Para outros existe o Espaço Ciência onde podem tomar contacto com as mais diversas tecnologias da Informação e da Comunicação.
E para os que gostam do contacto com outras culturas há o Espaço Internacional com stands de Partidos congéneres mostrando a sua gastronomia, a sua música ,enfim a sua cultura.
Mas a atracção principal da Festa do Avante são os concertos que decorrem nos palcos 1º de Maio e 25 de Abril.
E ontem pelo 1º de Maio passaram entre outros os Navegante,Krissy Mathews, Pedro Jóia e a fechar Camané, que ouviu uma ovação grande e sentida.
No palco 25 de Abril vimos actuar Coal Porters, Vieux Farka Touré, Júlio Pereira, e a finalizar Da Weasel.
Bons concertos que agradaram sucessivamente ás várias faixas etárias presentes.
De salientar no Avanteatro a exibição de " O Tinteiro ", pelo Intervalo Grupo de Teatro .
A história de Crock, um empregado de escritório que gosta de celebrar a Primavera, trazendo flores para o local de trabalho, e que choca constantemente com o poder absoluto de chefes repressivos, parece ter acertado em cheio na alma de um povo que vivia sob o regime salazarista, no Portugal dos anos 60.
Ainda hoje Armando Caldas não sabe como o texto passou na censura. «Sempre nos fizemos essa pergunta. Penso que nunca acreditaram que a peça e o grupo se aguentassem. Estavam confiantes que O Tinteiro não estaria mais do que um mês em cena». O engano não podia ter sido maior. Estiveram uma temporada – de Setembro de 1961 a Julho de 1962. É um problema de exploração do homem pelo homem.
É toda a estrutura que se monta ali naquele escritório, desde a bufaria até à subserviência, onde existem uns testas de ferro que denunciam os que amam a liberdade, os que gostam que a justiça seja mais ampla. O Tinteiro, como o Portugal das lutas liberais e da revolta da Maria da Fonte, na narrativa de Cardoso Pires, são imagens de uma mesma realidade que nos é dada a ver através de óculos diferentes.
Uma peça que foi apresentada em primeiro representação pelo Teatro Moderno de Lisboa que funcionava no então Cinema Império e que foi de curta duração. No entanto esta peça representada em 1961 deu brado e confusão mas os muitos jovens que a ela assistiram não mais esqueceram esse evento.
Fez bem a Direcção da Festa em levá-la à cena 47 anos depois. Nunca é demais relembrar certos factos.
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