sábado, 29 de março de 2008

Festival das Companhias leva Moliére a Braga

“Ynari” é a peça teatral, especialmente concebida para o público infantil, que o Teatro das Beiras apresenta hoje pelas 15h00 no Theatro Circo, em contexto da segunda edição do Festival das Companhias.
Com encenação de Isabel Bilou e interpretação de António Saraiva e Teresa Baguinho, “Ynari” consubstancia-se numa adaptação de um conto do escritor angolano Ondjaki que tem no centro da acção a personagem Ynari, «uma menina que tem o enorme desejo de conhecer o pequeno mundo que a rodeia: a floresta, o rio, as aldeias vizinhas…».
Contudo, a pequena Ynari desconhece os poderes mágicos que possui em cada uma das suas cinco tranças, mas, um dia, perto do rio da aldeia, conhece um homenzinho muito pequeno que lhe revela a existência da guerra e, ajudada pela magia que possui, vai provar que as crianças podem participar na mudança das mentalidades que sustentam as guerras.
Ouvindo os conselhos dos mais velhos e dando largas à sua imaginação, Ynari descobre que é possível criar ou destruir palavras que dêem outros sentidos à vida. Assim, redescobre que a palavra “amizade”, tão antiga como o mundo, pode ter um renovado sentido quando carregada de uma nova magia.
A encerrar o conjunto de debates que preencheram a programação deste II Festival das Companhias, “A gestão dos equipamentos” é a temática que, ainda hoje (às 15h00), é colocada no Salão Nobre.

Também pelo Teatro das Beiras, às 21h30, é a vez de o clássico “Moliére”, de Goldoni, subir ao palco da Sala Principal.

Apresentando diversos detalhes da vida de Moliére, esta comédia biográfica, na qual Goldoni mistura temas do “Tartufo” com os amores de Moliére e Bejart, é uma homenagem a um dos seus mestres declarados e, em simultâneo, um ataque a hipócritas e maldizentes, com os quais tanto sofria o próprio Goldoni.
Interpretada, na circunstância, por António Saraiva, Paulo Miranda, Fernando Landeira e Teresa Baguinho, entre outros, esta obra manifesta a profunda admiração de Goldoni pelo autor francês, trazendo à cena as suas virtudes e desencantos e revelando o seu olhar arguto sobre o mundo em mudança, que é também o reino do engano, onde «todos são comediantes, já que o mundo é uma comédia».

Fundado em 1974 com o objectivo de produzir espectáculos teatrais com regularidade, o Teatro das Beiras já produziu, desde o início do seu percurso, mais de sessenta espectáculos de autores tão reconhecidos como Gil Vicente, Goldoni, Brecht, Aristófanes, Moliére ou Pirandelo, com os quais realizou mais de duas mil representações em festivais de teatro por todo o país.




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