terça-feira, 4 de novembro de 2008

Alina Vaz e Alberto Vilar novamente juntos


"Viagens ao interior do teatro" regressa ao palco

para "formar pela arte"


O projecto "Viagens ao interior do teatro" sobe à cena no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa, com o mesmo objectivo que há 20 anos congrega um grupo de actores: "formar pela arte".
O grupo de actores propõe um espectáculo didáctico destinado ao público juvenil, dividido em duas partes: a primeira sobre "o fazer teatro", e a segunda apresentando "Auto da barca do Inferno", de Gil Vicente.
"Começámos há 20 anos, com o intuito de aliciar os jovens para o teatro, dando Gil Vicente, que consta dos currículos escolares.

Quando começámos, todos diziam que éramos loucos, mas a prática veio provar o contrário e temos tido sempre casa cheia, isto é cerca de 200 espectadores por sessão, uma vez por semana", conta a actriz Alina Vaz, precursora deste projecto.
Além de Alina Vaz, o elenco é constituído por Alberto Villar, Francisco Braz, Sérgio Silva, Teresa Côrte-Real e Lina Rodrigues.
Às terças-feiras de manhã, no palco do Centro Cultural Franciscano, ao largo da Luz, em Lisboa, os alunos assistem a uma sessão em que, na primeira parte, são "desvendados os mistérios" do teatro, nomeadamente como os actores estudam as personagens e como é feita a encenação, e na segunda parte assistem ao "Auto da Barca do Inferno".
"Na primeira parte interagimos com o público, explicando como se monta um espectáculo. Cada actor explica uma parte, desde a leitura da peça à marcação, passando pelas luzes, caracterização, encenação, etc. É de facto uma viagem pelos meandros teatrais", descreveu Alina Vaz.
"Nós não procuramos formar actores - frisou - , mas sim formar espectadores que saibam amanhã apreciar o teatro. Brecht considerou que, para além de uma escola de actores, é também necessário uma escola de espectadores".
Para os professores, segundo a actriz, a vinda ao teatro é uma forma de os alunos verem aplicados os conhecimentos que obtiveram nas aulas teóricas.
Os números de espectadores destas representações que já passaram pelos teatros São Luiz e Maria Matos rondam os cerca de 10.000 por ano, indicou.
O actor Alberto Villar, um dos fundadores do grupo denominado Associação Cultural de Arte e Espectáculo, afirmou que, "recentemente, alunos de teatro da Universidade Nova de Lisboa optaram por este curso precisamente porque o seu gosto pelo teatro começou uma vez que nos foram ver ao Maria Matos".
"O investimento é em termos de formação dos indivíduos, uma formação pelo gosto e o aprender a apreciar. Cria-se um movimento estético e ao mesmo tempo uma empatia entre nós e os jovens que, se calhar, nunca entraram num teatro. É também uma questão de formação cívica", enfatizou.
O projecto não recebe qualquer subsídio estatal ou autárquico, pagando cada aluno o seu bilhete.

Hardmusica/ Lusa

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