sábado, 14 de junho de 2008

Fernado Pessoa com estátua na sua terra

Almada Negreiros: Retrato do Poeta Fernando Pessoa, 1954

Escultura presta homenagem em frente à casa onde nasceu o poeta

Desde de ontem, em Lisboa, uma nova estátua de homenagem ao poeta da cidade, Fernando António Nogueira Pessoa, inaugurada no âmbito das comemorações dos 120 anos do seu nascimento, que não têm extensão nacional.

A estátua impõe-se no meio do Largo de S. Carlos, mesmo em frente à casa onde nasceu, em 1888, e é uma das muitas homenagens que a cidade de Lisboa presta ao escritor.

Na opinião do presidente da Câmara de Lisboa, a cidade tem sabido prestar a Fernado Pessoa a homenagem que o poeta merece e tem sabido fazê-lo das mais variadas maneiras.
«Como é sabido, o município tem mantido desde há vários anos a Casa Fernando Pessoa que hoje tem uma actividade muito estimulante, quer na preservação do espólio, quer na digitalização de toda a sua documentação, como na investigação. (...) Mas na verdade, a melhor demonstração de que Pessoa se vai entranhando nas pessoas e as pessoas se vão apropriando dos seus poetas é ouvir as Marchas na cidade de Lisboa e na quantidade de marchas que se referiam a Pessoa como sendo um dos grandes poetas da cidade» , defendeu António Costa no final da inauguração da escultura, da autoria do belga Jean-Michel Folon.

Para a directora da Casa Fernando Pessoa, é, no entanto, de lamentar que as comemorações do aniversário do poeta não tenham dimensão nacional.
«Bem sei que o ministro da Cultura entrou há pouco tempo, eu também só entrei em Fevereiro na Casa Fernando Pessoa, mas já se sabia do aniversário e não vejo, a não ser que apareça depois do aniversário dele, nada pensado» , criticou.
Para Inês Pedrosa, os 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa são uma comemoração que exigia uma programação articulada entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação.
«Há coisas que se poderiam fazer a nível de edição e ao nível de promoção da leitura, etc., e que dependem de uma vontade política superior e infelizmente eu não a tenho visto» , lamentou Inês Pedrosa, recordando que a Casa Fernando Pessoa subsiste «com muitas dificuldades financeiras» e mercê da «boa vontade» dos funcionários «que trabalham horas extraordinárias sem fim e sem pedir nada».

A inauguração da escultura ‘Hommage à Pessoa’ foi marcada pela actuação do conjunto Ensemble Galhardia que recitou poemas de Pessoa e apresentou um programa de canções e instrumentais alusivos à obra do poeta.
A escultura do belga Jean-Michel Folon foi adquirida pela Câmara Municipal de Lisboa na sequência de uma exposição que teve lugar no Castelo de S. Jorge em 2001.


Para melhor se exprimir, Pessoa criou heterónimos, versões do que seriam outros "Fernandos Pessoas", mas bastante diferentes, com personalidades completas e vincadas, evoluíndo e amadurecendo ao longo do tempo.
Álvaro de Campos, o engenheiro naval desiludido com a vida, Ricardo Reis, o médico monárquico que recusou a República, Alberto Caeiro, o camponês sem estudos, simplista e que recusava a metafísica e Bernardo Soares, o semi-heterónimo, na medida em que não diferia muito do escritor real, foram os heterónimos que Pessoa criou (e posteriormente, viria a "matar").


Fernando Pessoa Viria a morrer em 30 de Novembro de 1935, na "companhia" dos seus heterónimos e sem ver reconhecida a grandeza que o tempo lhe viria a conceder.

Sem comentários: