Marcelo Rebelo de Sousa em " Correntes de Escrita"
Marcelo Rebelo de Sousa
na Conferência de Abertura
de " Correntes d' Escritas "
A conferência de abertura do 9º Correntes d´Escritas mais do que encheu o Auditório Municipal, esta tarde.
Das escadas ao hall , não havia um único espaço livre, mas era de esperar que tal acontecesse, uma vez que o convidado era quem, na Póvoa, recriou uma parte das suas tão populares “Escolhas de Marcelo”.
Com a participação da jornalista Maria Flor Pedroso, também ela já uma assídua visitante e participante neste encontro de escritores de expressão ibérica, e que conduziu a conversa com o professor, Marcelo Rebelo de Sousa concentrou-se nos livros, que sempre compõem a primeira parte do seu programa televisivo. E, como o tema da sua conferência ao Correntes d´Escritas era precisamente “A importância dos livros”, nada melhor do que fazer com que a conversa girasse em torno deles e da sugestão de 13 novos títulos – os mesmos, como revelou Marcelo Rebelo de Sousa, que serão sugeridos no programa do próximo domingo, na RTP 1.
Mas porque é que o comentador político, desde que iniciou a sua actividade em programas de rádio e televisão, reservou sempre um espaço, por pequeno que fosse, à sugestão de livros? A esta pergunta de Maria Flor Pedroso, Rebelo de Sousa respondeu com a importância da leitura na formação das pessoas, dando como exemplo o seu próprio passado, motivado para a leitura pelos pais – porque, como disse, “os pais que não estão motivados para a leitura, não podem influenciar os filhos” – por um sistema de ensino totalmente diferente do actual e por professores que foram determinantes – “imaginem o que é ter como professor um Rómulo de Carvalho”, referiu o professor. Depois há o gosto pelos livros, enquanto objecto: “interesso-me pelos livros, pelo seu formato, pelo aspecto gráfico, pelo cheiro do papel; um livro é, de facto, insubstituível”,afirmou, concluindo que o resultado é o seu gosto quase compulsivo pela compra de livros antigos.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o livro e a leitura são, pois, de extrema importância e é necessário estimular a leitura, o que, quanto a ele poderia e deveria ser feito pela televisão: “a televisão ocupa um espaço de enorme importância em Portugal, mais do que a Internet ou do que qualquer outro meio de comunicação social”. Bastaria, então, na sua opinião, que a televisão desse espaço à divulgação do livro para colaborar nesse esforço de promoção da leitura: “como não há programas sobre livros em horário nobre em nenhum dos canais nacionais, seria suficiente que depois de um serviço noticioso, fosse ao almoço ou ao jantar, uma pequena rubrica com a sugestão de dois ou três títulos”, adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.
É, pois, para colmatar esta lacuna que o comentador não dispensa a sugestão de livros nos seus programas, sugestões que, mesmo assim, não são isentas de críticas, como ele próprio explicou. É que, recebendo uma média de 50 a 300 livros por semana, como pode reduzir e seleccionar o número de títulos a sugerir? O processo não é fácil e o comentador optou por partilhar com o público presente no Auditório a forma como orienta, então, as suas escolhas literárias. Para começar, só a literatura lusófona é considerada, os livros de direito são afastados, evitando também falar de livros académicos em excesso, “o que é difícil”, considerou. Quanto às edições locais, também não são citadas, o que, como reconheceu, talvez não seja justo, mas seria impossível, dada a grande quantidade de livros editados a nível local, proceder à sua inclusão nas suas escolhas. A ficção e a poesia são dois grandes problemas: “a ficção” – explicou Rebelo de Sousa – “não se pode ler na diagonal, o que representa um problema em termos de tempo disponível; quanto à poesia, não sei como explicar, mas não me sinto à vontade para a recomendar; é uma lacuna minha, reconheço, que terei de tentar contornar”. Por fim, há a necessidade de equilibrar as editoras, o que também nem sempre é fácil.
Com a participação da jornalista Maria Flor Pedroso, também ela já uma assídua visitante e participante neste encontro de escritores de expressão ibérica, e que conduziu a conversa com o professor, Marcelo Rebelo de Sousa concentrou-se nos livros, que sempre compõem a primeira parte do seu programa televisivo. E, como o tema da sua conferência ao Correntes d´Escritas era precisamente “A importância dos livros”, nada melhor do que fazer com que a conversa girasse em torno deles e da sugestão de 13 novos títulos – os mesmos, como revelou Marcelo Rebelo de Sousa, que serão sugeridos no programa do próximo domingo, na RTP 1.
Mas porque é que o comentador político, desde que iniciou a sua actividade em programas de rádio e televisão, reservou sempre um espaço, por pequeno que fosse, à sugestão de livros? A esta pergunta de Maria Flor Pedroso, Rebelo de Sousa respondeu com a importância da leitura na formação das pessoas, dando como exemplo o seu próprio passado, motivado para a leitura pelos pais – porque, como disse, “os pais que não estão motivados para a leitura, não podem influenciar os filhos” – por um sistema de ensino totalmente diferente do actual e por professores que foram determinantes – “imaginem o que é ter como professor um Rómulo de Carvalho”, referiu o professor. Depois há o gosto pelos livros, enquanto objecto: “interesso-me pelos livros, pelo seu formato, pelo aspecto gráfico, pelo cheiro do papel; um livro é, de facto, insubstituível”,afirmou, concluindo que o resultado é o seu gosto quase compulsivo pela compra de livros antigos.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o livro e a leitura são, pois, de extrema importância e é necessário estimular a leitura, o que, quanto a ele poderia e deveria ser feito pela televisão: “a televisão ocupa um espaço de enorme importância em Portugal, mais do que a Internet ou do que qualquer outro meio de comunicação social”. Bastaria, então, na sua opinião, que a televisão desse espaço à divulgação do livro para colaborar nesse esforço de promoção da leitura: “como não há programas sobre livros em horário nobre em nenhum dos canais nacionais, seria suficiente que depois de um serviço noticioso, fosse ao almoço ou ao jantar, uma pequena rubrica com a sugestão de dois ou três títulos”, adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.
É, pois, para colmatar esta lacuna que o comentador não dispensa a sugestão de livros nos seus programas, sugestões que, mesmo assim, não são isentas de críticas, como ele próprio explicou. É que, recebendo uma média de 50 a 300 livros por semana, como pode reduzir e seleccionar o número de títulos a sugerir? O processo não é fácil e o comentador optou por partilhar com o público presente no Auditório a forma como orienta, então, as suas escolhas literárias. Para começar, só a literatura lusófona é considerada, os livros de direito são afastados, evitando também falar de livros académicos em excesso, “o que é difícil”, considerou. Quanto às edições locais, também não são citadas, o que, como reconheceu, talvez não seja justo, mas seria impossível, dada a grande quantidade de livros editados a nível local, proceder à sua inclusão nas suas escolhas. A ficção e a poesia são dois grandes problemas: “a ficção” – explicou Rebelo de Sousa – “não se pode ler na diagonal, o que representa um problema em termos de tempo disponível; quanto à poesia, não sei como explicar, mas não me sinto à vontade para a recomendar; é uma lacuna minha, reconheço, que terei de tentar contornar”. Por fim, há a necessidade de equilibrar as editoras, o que também nem sempre é fácil.
Por fim, explicou Marcelo Rebelo de Sousa, “tento sugerir uma obra de ficção, uma de literatura infantil, uma ligada à política, uma ligada à História ou uma biografia e depois, os outros variam, como também varia, muito em cima da hora o tempo que temos disponível em cada programa”.
É, portanto, um dilema escolher e sugerir livros, mas essencial continuar a fazê-lo e, para o Correntes d´Escritas, Rebelo de Sousa trouxe também 13 obras, com o privilégio de poder sobre cada um delas tecer algumas considerações, fruto de estar num encontro de escritores, em que tudo gira em torno dos livros e em que o tempo ganha uma outra dimensão.
Para o Correntes e, consequentemente, para o seu programa televisivo do próximo domingo, Marcelo Rebelo de Sousa escolheu então: A Luz da Madrugada, de Fernando Pinto do Amaral (“poesia para me redimir”, afirmou com o seu sempre presente sentido de humor); Marchas, Danças, Canções, de Fernando Lopes Graça; Catarina da Áustria rainha de Portugal, de Ana Isabel Boesco; 1808, do jornalista brasileiro Laurentino Gomes; Braço Tatuado – retalhos da guerra colonial, de Cristóvão Aguiar; Caetano e o Ocaso do Império, de Amélia Neves de Souto (mais um livro sobre o passado colonial português e África, temas que lhe são tão caros); Luuanda, de Luandino Vieira; Crónicas de um Antigo Estudante de Coimbra, de Jorge Rabaça Correia Cordeiro; Livro-guia de Alentejo, de Alfredo Saramago ; Despertares para a Ciência, novos ciclos de conferências, de vários autores; Grão Vasco, de Dalila Rodrigues; a revista Monumentos; O Grande Livro das Lengalengas, de Viale Moutinho e Artistas retratam escritores que retratam artistas, obra criada exclusivamente para a inauguração da livraria Byblos, em Lisboa, com prefácio de José-Augusto França.
É, portanto, um dilema escolher e sugerir livros, mas essencial continuar a fazê-lo e, para o Correntes d´Escritas, Rebelo de Sousa trouxe também 13 obras, com o privilégio de poder sobre cada um delas tecer algumas considerações, fruto de estar num encontro de escritores, em que tudo gira em torno dos livros e em que o tempo ganha uma outra dimensão.
Para o Correntes e, consequentemente, para o seu programa televisivo do próximo domingo, Marcelo Rebelo de Sousa escolheu então: A Luz da Madrugada, de Fernando Pinto do Amaral (“poesia para me redimir”, afirmou com o seu sempre presente sentido de humor); Marchas, Danças, Canções, de Fernando Lopes Graça; Catarina da Áustria rainha de Portugal, de Ana Isabel Boesco; 1808, do jornalista brasileiro Laurentino Gomes; Braço Tatuado – retalhos da guerra colonial, de Cristóvão Aguiar; Caetano e o Ocaso do Império, de Amélia Neves de Souto (mais um livro sobre o passado colonial português e África, temas que lhe são tão caros); Luuanda, de Luandino Vieira; Crónicas de um Antigo Estudante de Coimbra, de Jorge Rabaça Correia Cordeiro; Livro-guia de Alentejo, de Alfredo Saramago ; Despertares para a Ciência, novos ciclos de conferências, de vários autores; Grão Vasco, de Dalila Rodrigues; a revista Monumentos; O Grande Livro das Lengalengas, de Viale Moutinho e Artistas retratam escritores que retratam artistas, obra criada exclusivamente para a inauguração da livraria Byblos, em Lisboa, com prefácio de José-Augusto França.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se ainda com alguma preocupação ao surgimento, em Portugal, de grandes grupos editoriais, pelo que isso poderá significar na exclusão de autores e no desaparecimento dos pequenos livreiros e editores. A Internet e o surgimento de esquemas alternativos à distribuição e à edição podem, no entanto, ser uma forma de contornar estes problemas, o que poderá significar a sobrevivência daqueles que ficarem arredados dos novos grupos editoriais, que absorveram várias editoras.
Para a parte final ficou uma muito participada conversa com o público. É que pode ser difícil colocar perguntas interessantes a uma pessoa como Rebelo de Sousa, mas também não deixa de ser estimulante, para além de que o comentador domina, como poucos, a arte da comunicação.
O Correntes d´Escritas voltou, pois, a seleccionar um excelente convidado e um não menos excelente tema para abrir a série de mesas redondas que daqui até sábado vão animar os dias da Póvoa de Varzim.
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