quinta-feira, 17 de maio de 2007

Foram arrancados corações no FATAL

Com a sala, completamente, a trasbordar foi apresentada mais uma peça do Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa (FATAL), Arranca Corações de Boris Vian.

Susana Vieira encenou e André Ferreira, Catarina Vasconcelos, Eunice Costa, Fernando Marques, João Manso, Pedro Moura, Rui Neto, Sandra Oliveira, Vanda Almeida, Xana Shulman e Youri Ivanovsky, que fazem parte do Grupo de Teatro do Institito Superior Técnico, interpretaram a peça mais aplaudida, até hoje do FATAL.

Um ambiente frio, gélido, um laboratório, uma cozinha sem cozinheiro, ali onde eles esperam, onde os seus corações latejam com força, esperando ser arrancados num segundo. Eles lutam defendendo o seu coração, tentando impedir que o seu peito seja atravessado pelo arranca-corações. Ela estripa de cada coração as suas paixões, os seus desejos. A carne fresca dos corações roubados ainda latejante de paixões perdidas e desejos inumanos está na frigideira.
O arranca-corações voltou a roubar um coração fresco...
Um engenheiro tenta proteger o futuro dos corações humanos indefesos, estão a perder qualidade. Uma mulher grávida aponta uma espingarda a quem se aproxima dela, defende o seu coração com unhas e dentes, grita e o seu grito surdo chega até ao fundo da cabeça. "Canta para mim! Só mais uma vez, canta para mim, canta para mim!"
Sentimos o som constante do seu coração a bombear sangue.
Uma peça de grande qualidade, uma interpretação primorosa e fantástica, onde os actores se despem de preconceitos e mostram o seu corpo numa encenação, extremamente, alternativa e experimental.

A composição musical, a cargo de Henrique Santos, encaixa na perfeição em cada momento, em cada actuação, em cada interpretação.
Por sua vez o Espaço Cénico e o Desenho de Luz, da responsabilidade de Susana Vidal, dão o toque final de excelência, nesta produção que merece ser vista por mais pessoas noutras salas.

Senhores directores de salas de espectáculos e senhores produtores, tenham em atenção este Grupo de Teatro Universitário, que já arrecadou alguns, prestigiados, troféus.

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