sexta-feira, 11 de maio de 2007

A emigração Portuguêsa em França no Instituto Franco Português

A Emigração Portuguesa em França

Antropologia e História

Projecções e debates

Segundas-feiras 14, 21 e 28 de Maio 2007


INSTITUT FRANCO-PORTUGAIS

Av. Luís Bívar, 91 - Lisboa


Com projecção de documentários, fotografias e debates, o Instituto Franco-Português dedica 3 dias da sua programação à Emigração Portuguesa em França.

Presença de vários convidados que participaram nos trabalhos apresentados ou que se têm dedicado ao estudo do tema: Pierre Primetens, realizador e coordenador do projecto de realização Immigration portugaise enFrance,mémoire des lieux, bem como alguns jovens que participaram neste projecto, Irene Santos, etnóloga, Claudie Lebissonnais, coordenadora de produção, Fernando Paulouro Neves, jornalista e director do Jornal do Fundão, Marie-Christine Volovitch-Tavarès,historiadora, Carlos Casteleira, fotógrafo e José Vieira, realizador.


Segunda-feira, 14 de Maio de 2007, 19.00h

Immigration portugaise en France,

mémoire des lieux


Em 2005, Arcadi, estabelecimento público parisiense de cooperação cultural, pediu ao cineasta Pierre Primetens e à etnóloga Irène dos Santos para dirigir um atelier de cinema sobre a memória da imigração portuguesa.

Em três etapas e com três grupos de participantes com 16 a 25 anos de idade, residentes lá e aqui, este atelier visa abranger a realidade da imigração portuguesa em França, a sua história e a sua herança, colectivas e íntimas.

A primeira parte, “Aujourd’hui”, foi filmada em Paris e procura, através de uma montagem de seis auto-retratos, responder à seguinte pergunta: o que é ser um jovem oriundo da imigração portuguesa hoje em França?

A segunda parte, “Hier”, realizada em Champigny-sur-Marne, local emblemático da imigração portuguesa nos subúrbios parisienses, explora a questão do passado, da marca e da transmissão intergeracional através de outros seis auto-retratos, todos baseados num inquérito individual realizado no seio das famílias.

A terceira parte, “Là-bas”, filmada em Viana do Castelo, pretende, através das realizações de jovens franceses de Portugal, responder às seguintes perguntas: Qual é hoje a relação dos imigrantes com o seus país de origem? Como são vistos em Portugal? Será possível regressarem à sua terra?

Co-produção Arcadi, Centro de cultura urbana Confluences, produtora La Parole errante, Câmara de Champigny-sur–Marne, com o apoio da associação Ao Norte, da Fundação Gulbenkian, do FASILD, do Serviço de cooperação e acção cultural da Embaixada de França em Portugal, do Consulado Geral de França no Porto e do Institut Franco-portugais.

19h: Aujourd’hui (Ser descendente de imigrantes portugueses, 6 auto-retratos) 27’

20h15: Hier (Viver com o seu passado, 6 auto-retratos) 36’

22h: Là-bas (Regressar, 6 auto-retratos e um epílogo) 49’

As projecções serão acompanhadas por presentações e debates com

Pierre Primetens (realizador), Irène dos Santos (etnóloga), Claudie Lebissonnais (coordenadora de produção), e alguns jovens realizadores que participaram no atelier.

Pierre Primetens tem 33 anos. Estuda artes plásticas e cinema e realiza o seu primeiro ensaio documentário Un voyage au Portugal, em 2001. Segue-se depois uma média-metragem Des vacances à l’Ile Maurice. Em paralelo, anima ateliers de realização com crianças e adolescentes. Está actualmente a acabar um novo filme Contre moi, em que junta ficção e documentário.

Irène dos Santos é etnóloga. Está actualmente a finalizar uma tese de antropologia social na École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris). A sua pesquisa incide sobre a transmissão intergeracional em contexto migratório, e na dupla pertença dos jovens franco-portugueses. É autora de vários artigos publicados em revistas científicas francesas e estrangeiras (Diaspora, Revue de Synthèse, Recherches en Anthropologie au Portugal, etc.). É ela própria filha de um casal de migrantes radicados em França: a mãe é holandesa e o pai português.

Segunda-feira, 21 de Maio de 2007

O tema da emigração é fonte de inspiração para filmes de todos os géneros. Sejam eles sociais, históricos ou políticos, são quase sempre emblemáticos de uma cultura, uma comunidade ou uma época. Inspirados nas migrações que atravessam o tempo e que constituem as grandes diásporas, ou em fenómenos mais pontuais como as descolonizações, as revoluções, a pobreza, as catástrofes naturais, muitos cineastas já abordaram este tema: Charlie Chaplin (O Emigrante, EUA, 1917), Elia Kazan (América, América, EUA,1963), Robert M. Young (Alambrista!, EUA, 1977), Christophe Ruggia (Le gone du Chaâba, França, 1998), Laïla Marrakchi (L’Horizon perdu, Marrocos, 2000), Michael Winterbottom (In this world, Grã-Bretanha, 2002), Robert Enrico (Au nom de tous les miens, França, 1983), para citar apenas alguns. Nesta sessão, irão ser exibidos dois grandes filmes de ficção, realizados com intervalo de 30 anos:

19h: Ganhar a vida, LM, ficção, de João Canijo, drama, 2001, 115 min.

Com Rita Blanco, Adriano Luz, Teresa Madruga, Alda Gomes, Olivier Leite, Luís Rego

Competição oficial “Un certain regard”, Festival de Cannes, 2001

Numa noite de Inverno, num bairro dos arredores de Paris, Álvaro, um adolescente, morre. Terá sido vítima de erro policial, num confronto entre jovens e forças da autoridade que acabou mal. Cidália, a mãe de Álvaro, decide então travar um combate: quebrar a lei do silêncio na sua comunidade. A dos portugueses radicados em França, uma irmandade bastante discreta, que não está habituada a que falem nela.

22h: O Salto, LM, ficção, de Christian de Chalonge, drama, 1967, 88 min.

Não conseguindo suportar mais a miséria que grassa no seu país, António, um marceneiro português, decide, à semelhança de muitos dos seus compatriotas, tentar a sua sorte no estrangeiro. Vivamente incentivado pela carta que recebeu de Paris do seu amigo Carlos, decide deixar Portugal, em plena guerra colonial, e ir trabalhar para França. Um filme emblemático e político, realizado antes do 25 de Abril.

Com a presença de Fernando Paulouro Neves, jornalista, Director do Jornal do Fundão, convidado de honra e animador da noite.

Christian Chalonge mostrou-se um realizador audacioso desde o seu primeiro filme « O Salto » (1967), no qual aborda o tema da imigração portuguesa (Prémio Jean Vigo 1968).

“L’Alliance” (1970), seleccionado para o Festival de Veneza, nas fronteiras da ficção científica, é também um sucesso, assim como o é, num registo de crítica virulenta, “L’Argent des autres” (1979) com Catherine Deneuve, Jean-Louis Trintignant, Michel Serrault, tendo obtido o Prémio Louis Delluc e os Césars para melhor filme e melhor realizador. Christian de Chalonge rodou depois “Malevil” (1980), “Les Quarantièmes rugissants” (1982), “Docteur Petiot” (1989), “Le Voleur d’enfants” (1991) e “Le Bel été 1914 » (1996). No Outono de 1997, estreia « Le Comédien » a sua nona longa-metragem, segundo uma peça de Sacha Guitry, com o seu actor fétiche Michel Serrault, Charles Aznavour e Maria de Medeiros.

Segunda feira 28 mai 2007 – 19h00



Sessão animada por

Marie-Christine Volovitch-Tavarès

Ex-aluna da Ecole normale supérieure de Fontenay, com agregação e doutoramento em História.

Especialista em história da emigração portuguesa em França, tem publicado vários artigos e participado em colóquios sobre o tem,a quer em França quer em Portugal.

Membro do Comité de História do Museu da CNHI ( Cité Nationale de l'Histoire de l'Immigration, Paris, abertura em Julho de 2007). Autora de « Portugais à Champigny, le temps des baraques », éd. Autrement, Paris,1995.

19h. : Ser e Estar

Imagens da comunidade portuguesa em França. Projecção de fotografias de Carlos Casteleira, comentadas pelo artista.

Carlos Casteleira

Após uma infância e adolescência no Jura, Carlos Casteleira vive em Toulouse e Paris. As experiências no mundo do trabalho conduzem-no em 1986 a Aix-en-Provence onde se dedica à fotografia. Interrogando as histórias da imigração bem como a sua. Explora com a fotografia os meios portugueses e cabo-verdianos da Provença. Observa as memórias individuais e colectivas, empreendendo viagens a Cabo Verde, Brasil e Moçambique. Ensina fotografia na Escola Superior de Arte de Aix-en-Provence. A promoção de trocas culturais entre a França e os países lusófonos constitue outro pólo da sua actividade.

21h: A Fotografia rasgada Documentário de José Vieira, 2001, 52'.

No início dos anos 60, milhares de portugueses chegam clandestinamente a França. É o “Salto”, o salto para o desconhecido, a emigração clandestina para fugir ao Portugal de Salazar. Actos de resistência e desobediência, onde alguns deixaram a vida. Por vezes, a polícia disparava sobre eles como sobre prisioneiros em fuga. Odisseias esfumadas nas memórias e recolhidas neste documento único.

22h.30 : O Pais aonde nunca se regressa, Documentário de José Vieira, 2006, 52’.

Partir, devenir, revenir, voilà le rêve de tout immigrant. Mais avec le temps, ce rêve se dilue dans le nouveau cadre de vie. Lorsque le jour du retour arrive, si il arrive un jour, une seconde rupture se crée, celle de la réadaptation au pays d’origine, différent, transformé, et qui n’est plus le même que celui qu’on a quitté.

José Vieira

José Vieira nasceu em Portugal. Ainda criança chegou a França nos anos 60. Nunca mais voltou a viver em Portugal e sabe que jamais o fará. O seu pai regressou há quase 25 anos. Desde 1985, José Vieira realizou uma trintena de documentários, nomeadamente para France 2, France 3 e Arte. Dedicou-se muito ao estudo da história dos emigrantes portugueses e em particular à história da sua família. Editou “Gens du Salto” uma caixa de DVDs reunindo 7 filmes que traçam a história do « Salto », a história de aldeias que se esvaziaram no segredo e no medo.

Projecções seguidas de debates, com Marie-Christine Volovitch-Tavarès, Carlos Casteleira e José Vieira.

Sem comentários: