sexta-feira, 13 de junho de 2008

Livro de Mia Couto apresentado na Póvoa do Varzim


Venenos de Deus, Remédios do Diabo
é o título do romance de Mia Couto
apresentado no Diana Bar.


Por considerar que um livro não se explica, não se apresenta e o pior para fazer isso é o próprio escritor, Mia Couto limitou-se a falar do lugar onde decorre a história do livro, Vila Cacimba, um território que é difícil que Deus o veja.
“A única maneira da Vila se fazer ver é mentir porque está encoberta. Temos que mentirmos para sermos” afirmou.

O escritor moçambicano, que afirmou que “quando estou a escrever não vivo em lugar nenhum”, reconheceu que “é mais difícil publicar e mais fácil escrever com o decorrer dos anos” chegando mesmo a revelar que encontrou um estilo para si.

“Identifiquei mas depois quis questionar a classificação que adoptei para mim porque quero surpreender-me a mim mesmo” continuou o escritor confessando que “tive tanto medo de escrever este livro como o primeiro” e em tom de brincadeira corrigiu “não tive tanto medo quando escrevi o primeiro”.

Mia Couto afirmou que agora inventa palavras de uma maneira mais contida, mais natural, assumindo que “fui percorrido por uma adolescência na escrita, onde queremos fazer bonito”.

O papel do escritor é escrever, é contar histórias e dizer que as soluções estão no facto das pessoas se encontrarem a si próprias, na capacidade de cada um se inventar.

Mia Couto continuou alertando para a incapacidade e inabilidade em que caímos, “há utopias que devem morrer”, sugeriu.“Escrevo sobre o meu mundo pensando ingenuamente que as pessoas se identificam com o que escrevo. Escrevo sobre gente que existe dentro de mim”, concluiu Mia Couto.

À semelhança do que acontece com todas as suas publicações, Venenos de Deus, Remédios do Diabo é um livro muito rico, apesar da simplicidade característica da sua escrita, considerou Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura que definiu Mia Couto como “um artífice da língua portuguesa queimada pelo sol africano”.

Escritor muito estimado pelo público poveiro com presença assídua no evento literário de maior impacto na nossa cidade – Correntes d’Escritas –, Mia Couto é considerado um dos nomes mais importantes da nova geração de escritores africanos que escrevem em português e, como sempre acontece, atraiu mais de uma centena de leitores apaixonados ao emblemático Diana Bar.

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