PEDRO CALAPEZ no TAGV
TEATRO ACADÉMICO DE GIL VICENTE
COIMBRA
14 de Novembro às 18h00 no Café-Teatro
Num país com escassa tradição no domínio da pintura, Pedro Calapez (Lisboa, 1953) é um caso raro de perseverança e de proficiência. De facto, desde há mais de vinte anos, o seu percurso tem vindo a ser marcado por uma consistência visível, quer a nível do métier específico da pintura, quer a nível da invenção conceptual.
Estabelecido num contexto muito particular, o começo dos anos 80, época que conheceu a eclosão do Pós-Modernismo e o retorno à pintura e à escultura enquanto disciplinas tradicionais – que, rompendo o espartilho dos conceptualismos, permitiam, segundo os seus teóricos, um regresso à livre expressividade e a inclusão de um alargado campo de referências históricas –, o trabalho de Pedro Calapez desenvolveu-se, porém, à margem dos ritmos desenfreados da década, construindo-se em torno de um diálogo culto com a pintura antiga, que passou em grande medida pela aprendizagem de um extenso vocabulário de diferentes maneiras de fazer, de olhar e de dar a ver. Um dos pontos culminantes desse período histórico terá sido, em Portugal, a exposição Arquipélago, na SNBA, em 1985, com obras de Rosa Carvalho, Ana Léon, Pedro Cabrita Reis, Rui Sanches e do próprio Pedro Calapez.
Podemos, correndo o risco de esquematizar em demasia, discernir duas épocas no trabalho de Pedro Calapez: a primeira, até cerca de 1995 (Muro Contra Muro, Galeria Luís Serpa), marcada pela proeminência do desenho enquanto estrutura e pela importância matricial da arquitectura, põe face a face o corpo da pintura e o corpo do espectador; a segunda, que poderíamos situar a partir da exposição Memória Involuntária (Museu do Chiado, 1996), caracterizada pela crucial importância dos valores cromáticos, por uma vasta paleta de registos manuais e pela subtil indução daquilo a que poderíamos chamar uma experiência musical, de ordem sinestésica (conjuntos de várias pinturas de dimensão reduzida e de diferentes espessuras, que funcionam como uma única pintura), apela em primeira instância à reconstituição do sentido pela memória e aos complexos mecanismos da emoção perceptiva.Porém, se existe um traço que liga estas duas fases, é a reflexão sobre o espaço. Ela está presente, desde cedo, nos trabalhos em que dialoga com outros artistas, Piranesi sobretudo, construindo o espaço concreto da obra, por analogia com o ilusório espaço renascentista ou pós-renascentista, ou na forma como, partindo de referências corporais, vai definindo uma trama de modos de percepção, posicionando o espectador no interior da obra, mais do que perante ela, fazendo, para tal, apelo a linguagens endógenas ou exógenas ao campo específico da pintura (a linguagem da BD ou a natureza das imagens geradas por computador, por exemplo).Desta forma, em última instância, parece ser sobre a (im)possibilidade de definição das fronteiras do domínio perceptivo que demarcam a natureza específica de cada época que se vem desenvolvendo o trabalho de Pedro Calapez. Um dos artistas portugueses com considerável circulação internacional, Pedro Calapez realizou um conjunto de importantes exposições individuais fora do nosso país, entre as quais, recentemente, se poderiam destacar Campo de Sombras (Fundação Pilar e Juan Miró, Maiorca, 1997), Studiolo (Interval, Witten, 1998) e Madre Agua (MEIAC, Badajoz, e CAAC, Sevilha, 2002). Em 2001, foi-lhe atribuído o “Prémio EDP de Pintura”. NUNO FARIA
Organização Instituto de História da Arte da U.C.
Informações
Teatro Académico de Gil Vicente
teatro@tagv.uc.pt
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Telefone +351 239 855 636
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