terça-feira, 10 de julho de 2007

Schubert no Centro Comercial de Belém


“SCHUBERTÍADA”

13 de Julho 2007 21H00
Pequeno Auditório
Duração aproximada: 2h com intervalo
Schostakovich-Ensemble (DSCH)
Filipe Pinto-Ribeiro – piano
Tatiana Samouil – violino
Justus Grimm – violoncelo


Programa

I

Franz SCHUBERT (1797-1828)


Sonata para violino e piano em Lá Maior, D. 574
I. Allegro moderato
II. Scherzo: Presto
III. Andantino
IV. Allegro vivace
Franz SCHUBERT (1797-1828)
Sonata “Arpeggione” para violoncelo e piano em Lá menor, D. 821
I. Allegro moderato
II. Adagio
III. Allegretto

II


Franz SCHUBERT (1797-1828)


Trio para piano, violino e violoncelo n.º 2 em Mi bemol Maior, D. 929
I. Allegro
II. Andante com moto
III. Scherzo: Allegro moderato
IV. Allegro moderato
Notas ao Programa
Sonata para violino e piano em Lá Maior, D. 574


Este duo, escrito em 1817, adopta uma estrutura formal já experimentada nas sonatinas para violino e piano, escritas no ano anterior.

O que a distingue das sonatinas é uma maior elaboração e uma maior eloquência e equilíbrio no discurso entre os dois instrumentos. Esta peça permaneceu anónima até 1851, data em que foi baptizada como “Duo” e publicada por Diabelli.
Sonata “Arpeggione” para violoncelo e piano em Lá menor, D. 821
Esta peça, que conserva ainda hoje grande popularidade, foi fruto de um perfeito acaso.

Foi escrita com o objectivo de promover as qualidades do arpeggione, um instrumento derivado da viola da gamba, comparável ao violoncelo (pela forma) e da guitarra (pelas seis cordas). Também designado por guitarra-violoncelo, ou ainda por guitarra de arco, este instrumento, criado em 1823 pelo luthier vienense Johann Georg Staufer, teve uma existência efémera.

Terá sido provavelmente Staufer a encomendar a peça a Schubert, em Novembro de 1824. Vincenz Schuster, virtuoso impulsionador do arpeggione, estreou a peça em sua casa, com o próprio Schubert ao piano.

A primeira edição, que contava ainda com uma transcrição para violino e violoncelo, surgiu apenas em 1871.

Entretanto foram aparecendo transcrições para viola e guitarra, versões orquestrais da parte de piano, entre outras.

Hoje, a peça é geralmente tocada numa versão para violoncelo e piano. Composta por três andamentos, tem um carácter tranquilo, charmoso e improvisado.
Trio n.º 2, em Mi bemol Maior, D. 929
Segundo o manuscrito original pertencente à família Wittgenstein, este trio foi escrito em Viena, em Novembro de 1827.

A sua primeira execução pública decorreu no mês seguinte, na imponente sala vienense Musikverein. Uma segunda execução, organizada pelo próprio compositor, teve lugar na mesma sala em Março de 1828. À semelhança de outras obras deste período, a estruturação formal deste trio foi cuidadosamente trabalhada, estando subjacente a preocupação de assegurar uma unidade temática entre os quatro andamentos.

A partitura foi editada pela Editora Probst, em Leipzig, a qual pagou ao compositor apenas 30 florins, um quarto do valor comercial esperado por uma obra desta envergadura. Schubert viria a morrer ainda antes de ter oportunidade de rever as provas de impressão da partitura.


SCHOSTAKOVICH-ENSEMBLE (DSCH)


“A música de câmara exige do compositor a mais perfeita das técnicas e uma grande profundidade de pensamento. Compor obras de música de câmara é significativamente mais difícil do que compor obras orquestrais…
A pobreza de pensamento na música de câmara é simplesmente insuportável.”
Dmitri Schostakovich

O Schostakovich-Ensemble (DSCH) é um agrupamento de música de câmara criado no ano do centenário do nascimento de Dmitri Schostakovich (2006) com o propósito de divulgar a sua mensagem artística através da interpretação da sua obra de música de câmara e da obra de outros compositores, independentemente do espaço temporal que ocupam na História da Música.
Apresentou-se em concerto em várias capitais europeias como Lisboa, Estocolmo, Tallinn e Moscovo, obtendo o reconhecimento unânime da crítica especializada.
Desde a sua fundação, o Schostakovich-Ensemble (DSCH) contou com a participação dos violinistas Tatiana Samouil, Ludwig Dürichen e José Despujols, dos violetistas Natalia Tchitch e Mateusz Stasto, dos violoncelistas Pavel Gomzkiakov, Vicente Rosas Chuaqui e Justus Grimm, dos pianistas Rosa Maria Barrantes e Filipe Pinto-Ribeiro e dos cantores Zlata Rubinova e Yuri Kissin. O seu repertório é composto pela obra de música de câmara de Dmitri Schostakovich, Franz Schubert, Wolfgang Amadeus Mozart, Maurice Ravel, Johannes Brahms, Fernando Lopes-Graça, Robert Schumann, Ludwig van Beethoven, Sofia Gubaidulina, entre outros.
O Schostakovich-Ensemble (DSCH) tem a direcção artística de Filipe Pinto-Ribeiro.
Qual o significado do criptograma DSCH no nome Schostakovich-Ensemble?
O criptograma DSCH é o famoso motivo musical ré-mi bemol-dó-si utilizado por Schostakovich em várias obras. Trata-se de uma assinatura musical oculta que foi criada a partir das primeiras letras do seu nome e apelido em caracteres latinos que, na língua alemã, correspondem a notas musicais: Dmitri SCHostakovich = D-ré, S (lê-se “e s”) -mi bemol, C-dó e H-si.
Ao interpretar ou ouvir a sua música, pressente-se o enigma irresistível que encerra o seu credo artístico de autenticidade e humanismo. As obras de música de câmara de Schostakovich exigem aos intérpretes um apurado realismo sonoro e profundidade espiritual: este é o objectivo do Schostakovich-Ensemble (DSCH).


TATIANA SAMOUIL – violino


Nasceu em São Petersburgo, numa família de músicos. Aos nove anos estreou-se como solista com a Orquestra Nacional da Moldávia, sob a direcção de seu pai, Alexander Samouil.
Diplomou-se com menção especial do júri no Conservatório Tchaikovski de Moscovo, na classe de Maia Glezarova. Concluiu o mestrado no Conservatório Real de Bruxelas com Igor Oistrakh, onde recebeu o Prémio Especial Maurice Lefrank. Estudou ainda com José Luis Garcia na Escola Superior de Música Rainha Sofia em Madrid.
Foi distinguida com o 1.º Prémio no Concurso Tenuto, o Grand-Prix do Concurso Henri Vieuxtemps, a medalha de ouro no Concurso Mundial de Violino Michael Hill, a medalha de bronze no Concurso Tchaikovski de Moscovo e é ainda laureada do Concurso Jean Sibelius e do Concurso Rainha Elisabeth de Bruxelas.
Tocou como solista com a Orquestra Nacional da Rússia, Orquestra Nacional da Bélgica, Orquestra Sinfónica de São Petersburgo, Orquestra Sinfónica da Holanda, Orquestra Sinfónica do Teatro Colón de Buenos Aires, Orquestra Sinfónica do Teatro La Monnaie, Orquestra da Rádio da Finlândia, Filarmónica de Nijni Novgorod, Filarmónica de Auckland, Orquestra Nacional de Câmara de Toulouse, Deutsches Kammerorchester de Berlim, sob a direcção, entre outros, de G. Varga, B. Engeset, M. Harth-Bedoya, Alexander Rabhari, K. Ono, H. Beissel, A. Anissimov e L. Gorelik.
Tem uma actividade intensa no domínio da música de câmara tocando, entre outros, com Gérard Caussé, Bruno Pasquier, Michaela Martin, Frans Helmersson, Katia e Marielle Labèque, Sonia Wieder-Atherton e Augustin Dumay.
É docente na Chapelle Musicale Reine Elisabeth e no Instituto Superior de Música de Namur. É concertino da Orquestra Sinfónica do Teatro La Monnaie de Bruxelas.


JUSTUS GRIMM – violoncelo


Nascido em Hamburgo, Justus Grimm recebeu aos cinco anos a sua primeira lição de violoncelo de seu pai.
Mais tarde, estudou em Saarbrücken com Ulrich Voss e em Colónia/Estocolmo com Claus Kanngiesser e Frans Helmerson. Participou em masterclasses com Steven Isserlis, Heinrich Schiff, Boris Pergamenschikov e William Pleeth.
Justus Grimm recebeu o primeiro prémio como violoncelista na Escola Superior de Música de Colónia e foi premiado no Concurso de Escolas Superiores de Música na Alemanha.
Em 1999, com o pianista Florian Wiek, ganhou o primeiro prémio no Concurso Nacional “Deutscher Musikrat”, e obteve ainda o primeiro prémio e medalha de ouro no Concurso Internacional “Maria Canals” em Barcelona. Desde então, apresentam-se regularmente em vários festivais pela Europa (Ludwigsburger Festspiele, Festival van Vlaanderen, Grieg Festival na Noruega, Festival Zermatt na Suíça, Festival Mitte Europa).
Desde 1999, é o primeiro Violoncelo Solo da Ópera Nacional de la Monnaie, em Bruxelas.
Justus Grimm teve a sua estreia como solista em 1993 com a Orquestra Filarmónica de Hamburgo. Posteriormente, tem-se apresentado com a Orquestra Filarmónica de Bona, Staatsorchester Rheinische Philharmonie, Orquestra Sinfónica de la Monnaie, Orquestra Filarmónica de Brandenburgo, Orchestra Royal de Wallonie, Orquestra de Câmara da União Europeia, English Chamber Orchestra, em salas de concerto como a Berliner Konzerthaus, Musikhalle Hamburg, Beethovenhalle Bonn, a Cologne Philharmonie e o Palais des Beaux Arts em Bruxelas, em parceria com os músicos Heribert Beissel, Gerard Caussé, Augustin Dumay, Abdel Rahman El Bacha, Kazushi Ono ou Antonio Pappano.
Para além de numerosas apresentações em rádio e televisão (WDR, NDR, SWR, DLF, RTBF, VRT, Musique France…), Justus Grimm gravou um CD com obras de Beethoven, Brahms e Schostakovich para a etiqueta Ars Musici. Para a mesma etiqueta, gravou recentemente um CD com o Trio Wiek, incluindo obras de Weber e Mendelssohn. Desde 2004, Justus Grimm é professor de violoncelo no IMEP, em Namur.


FILIPE PINTO-RIBEIRO – piano


Nasceu no Porto. É doutorado com a máxima classificação pelo Conservatório Tchaikovski de Moscovo, e considerado um dos músicos portugueses mais relevantes da actualidade.
Enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, estudou no Conservatório Tchaikovski de Moscovo sob a orientação de Liudmila Roschina – chefe de cátedra de piano – tendo concluído, com a classificação “Excelente” a todas as disciplinas, o Doutoramento em Interpretação Pianística.
Em Portugal, estudou com Helena de Sá e Costa e graduou-se com Pedro Burmester na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, no Porto.
Recebeu a influência de diversos mestres e participou com frequência em masterclasses internacionais. Foi apreciado e aconselhado por alguns dos maiores nomes do panorama pianístico mundial, incluindo Elisso Virsaladze e Dmitri Bashkirov.
É professor no Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares, em Almada, e na Universidade Católica Portuguesa, no Porto. Tem orientado frequentemente masterclasses de piano.
O seu CD de estreia, interpretando obras de Modest Mussorgsky, Alexander Scriabin, Dmitri Schostakovich, Claude Debussy e Maurice Ravel, está em segunda edição (Numérica 1118). O CD Berlin Sessions (Numérica 1105), gravado pelo pianista na capital alemã, contendo sonatas de Domenico Scarlatti, Carlos Seixas, Ludwig van Beethoven, Richard Wagner e Serguei Prokofiev, obteve excelente recepção por parte do público e da crítica musical.
Gravou um CD em duo com a pianista Rosa Maria Barrantes incluindo obras de Gabriel Fauré, Eric Satie, Claude Debussy, Francis Poulenc e Maurice Ravel (Numérica 1119).
Desenvolve uma intensa actividade solística e camerística, abrangendo um vasto repertório que se estende do barroco até aos nossos dias.
Fez a estreia em Portugal de obras como os 24 Prelúdios e Fugas, Opus 87 de Dmitri Schostakovich, a chaconne de Sofia Gubaidulina, o Concerto para piano e orquestra, Opus 33 de Antonín Dvorák ou a versão para piano de As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz de Joseph Haydn.
Apresenta-se frequentemente a solo com diversas orquestras, como a Orquestra Filarmónica da Arménia, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Nacional do Porto, sob a direcção, entre outros, dos maestros Marc Tardue, Roman Brogli-Sacher e John Nelson.
É director artístico do Schostakovich-Ensemble (DSCH).
Pianista laureado, tem actuado em algumas das principais cidades da Europa, Ásia e América, vendo o seu pianismo reconhecido como ímpar pela crítica especializada.
Franz Schubert (1797-1828)
Nasceu em Viena. Compositor austríaco, foi buscar a sua inspiração criadora aos seus antecessores imediatos, Mozart e Haydn, que determinaram o seu estilo, reconhecendo na música do seu contemporâneo Beethoven “um ideal inatingível”. Realizou-se plenamente no domínio lírico, especificamente no Lied, género que os seus antecessores ainda não tinham abordado. Entre a abundante produção de Schubert, as sonatas são injustamente negligenciadas, facto que se deve principalmente ao desconhecimento desta parte do repertório schubertiano.
Representa a personalidade contemplativa, viajante solitário com aspirações panteístas. A sua música reflecte essa ânsia de fuga e de lirismo, é prolixa, fértil em prolongamentos e digressões, repetitiva.

Na realidade, a mais bela da sua música é feita de reminiscências de temas inesquecíveis. Ao génio melódico, alia-se o génio modulador do compositor, que oscila incessantemente entre tonalidades maiores e menores, alargando o domínio da tonalidade e definindo as fronteiras da atonalidade.

Em Schubert, a escrita pianística toma as cores da intimidade e da espontaneidade; a sua fantasia transcende as regras, para cantar a ternura ou a melancolia risonha.

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